Diversidade e inclusão em instituições espíritas: o amor como princípio

Mednesp – São Paulo | 2025 – Servir para Curar-se

 

Realizado de 19 a 21 de junho, em São Paulo, o Mednesp 2025 fez história e reafirmou seu título de maior congresso sobre Saúde e Espiritualidade do planeta. Com o tema central “Servir para curar-se”, o evento mostrou que o ideal médico-espírita segue firme em seu propósito de integrar os conhecimentos da medicina e da ciência com os princípios da Doutrina Espírita, buscando sempre uma compreensão mais profunda do ser humano e da sua saúde.

 

Além da presença de grandes nomes da medicina e da ciência integrativas, o Mednesp foi além e, corajosamente, abriu espaço para reflexões sobre temas fundamentais para o Movimento Espírita na atualidade. Questões sensíveis que precisam ser exaustivamente debatidas. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade que exclui – por falas e atitudes – aqueles que diferem em raça, gênero, orientação sexual, origem étnica, idade, entre outros aspectos.

 

Focado na necessidade urgente da prática do acolhimento e da promoção de uma coexistência pacífica e amorosa, um dos painéis abordou o tema “Diversidade e inclusão em instituições espíritas – o amor como princípio”. Nele, o médico, terapeuta sistêmico e escritor Andrei Moreira se uniu ao cantor e compositor Moacyr Camargo e ao artista, jornalista, palestrante, drag queen e dirigente de uma casa espírita Ikaro Kadoshi, para debater questões relacionadas ao racismo estrutural e à diversidade sexual, por meio de depoimentos pessoais e considerações profundas sobre acolhimento e dignidade.

 

Racismo estrutural e espiritualidade

Moacyr Camargo e Andrei Moreira destacaram a importância de reconhecer e combater o racismo estrutural presente não apenas na sociedade, mas também no Movimento Espírita. Moreira foi incisivo ao lembrar que “não basta que a gente não seja racista, é preciso ser antirracista”. Ele destacou que, apesar dos esforços já existentes, há muito por avançar, sobretudo no acolhimento da população negra, frequentemente afastada dos grandes eventos espíritas devido às limitações sociais e históricas que restringem seu acesso.

 

Camargo complementou a reflexão trazendo o conceito de “fluxo do pensamento superior”, destacando a importância da conexão com a consciência do Cristo para superar preconceitos e promover uma convivência mais elevada. Ele afirmou: “Quem mais ama, vê o céu, não é verdade? Quem menos ama, fica distante do céu”.

 

Acolhimento e diversidade sexual nas instituições espíritas

Andrei Moreira, autor dos livros Homossexualidade sob a ótica do Espírito imortal e Transsexualidades sob a ótica do Espírito imortal, trouxe uma visão desmistificadora sobre diversidade sexual, ressaltando como “o discurso predominante no Movimento Espírita relativo à diversidade sexual tem sido um discurso discriminatório e preconceituoso”.

 

Moreira compartilhou experiências dolorosas relatadas por frequentadores das casas espíritas, destacando o impacto profundo que palavras discriminatórias têm na autoestima e espiritualidade das pessoas: “Quem fala não percebe a gravidade do que está falando, mas quem é marcado na pele, quem é marcado na alma, não esquece as mínimas palavras que ferem, que machucam e que indignificam”. Moreira reforçou ainda que “o código moral do centro espírita é o Evangelho de Jesus”, que sempre buscou os marginalizados e excluídos, propondo, assim, um caminho claro de acolhimento e respeito às diferenças.

 

A prática da diversidade e os desafios familiares

Ikaro Kadoshi trouxe seu testemunho pessoal com grande força, abordando os desafios enfrentados dentro e fora das instituições religiosas. Artista drag queen e dirigente espírita, Kadoshi descreveu sua trajetória marcada por preconceitos desde a infância, exemplificando a importância do acolhimento amoroso na construção de uma identidade espiritual saudável.

 

Seu relato sobre os desafios familiares ao revelar sua sexualidade ressaltou que o amor de sua mãe foi fundamental para enfrentar preconceitos externos. Segundo Kadoshi, essa aceitação transformou-se em força para a vida inteira, contrastando com outras experiências familiares traumáticas que envolveram tentativas de “cura” e violências psicológicas e físicas.

 

Kadoshi propôs ainda uma importante reflexão sobre a responsabilidade individual e coletiva na desconstrução de preconceitos cotidianos: “a minha vingança para este mundo que me trata desse jeito é amar todo mundo que fez o contrário”.

 

Energia sexual como manifestação divina

Os participantes ressaltaram a importância de entender a energia sexual como força divina e criadora. Citando Emmanuel, Moreira lembrou que “a energia sexual é utilizada para todas as funções de criação do Espírito imortal”. Ele ressaltou que compreender essa energia sob uma perspectiva espiritual amplia o entendimento da diversidade sexual e afetiva como natural na experiência humana.

 

Em convite à transformação por meio do amor

Esse painel do Mednesp 2025 foi mais do que uma troca de informações, pois representou um convite profundo e urgente à transformação pessoal e institucional por meio do amor, da compaixão e do respeito. Os palestrantes incentivaram todos a refletir sobre preconceitos internalizados e práticas institucionais que ainda mantêm a exclusão de minorias, lembrando que acolher é um ato essencialmente cristão.

 

Com base nos ensinamentos espíritas e evangélicos, fica evidente a importância de promover ambientes cada vez mais inclusivos, transformando as instituições espíritas em verdadeiros espaços de acolhimento, respeito e amor ao próximo.

Fonte: Diversidade e inclusão em instituições espíritas: o amor como princípio – FOLHA ESPÍRITA

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O papel do Espiritismo na Saúde Mental e no Bem-Estar

 

Lívia Couto

A verdadeira saúde começa no espírito. Se o espírito está bem, o corpo segue. (Allan Kardec)

 

A busca por saúde mental e bem-estar é um dos grandes desafios da Humanidade contemporânea. O Espiritismo, com sua visão espiritualista e integradora do ser humano, oferece ensinamentos valiosos que contribuem para o equilíbrio emocional, mental e espiritual. Ao reconhecer o ser humano como um ser multidimensional — corpo, perispírito e Espírito —, a Doutrina Espírita nos convida a compreender que a verdadeira saúde envolve harmonia entre essas dimensões.

 

De acordo com Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (2022), a origem de muitos dos sofrimentos humanos está nas nossas próprias imperfeições morais, especialmente nos excessos de egoísmo e orgulho. Na questão 919, onde se pergunta: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?, a resposta é: “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo” (KARDEC, 2022, p. 329). Esta resposta destaca a importância do autoconhecimento como uma ferramenta essencial para a transformação interior, promovendo o equilíbrio emocional e espiritual.

 

Joanna de Ângelis, no livro O Homem Integral, reforçou que a saúde mental depende da integração harmoniosa entre corpo, mente e Espírito. Ela explicou que muitas aflições emocionais têm raízes em experiências passadas, registradas no perispírito, e que podem ser tratadas através da reforma íntima, da prece e do trabalho no bem.

 

Nesse sentido, a reforma íntima, princípio central da Doutrina Espírita, é um processo de autotransformação que visa corrigir vícios, cultivar virtudes e alinhar nossos pensamentos e ações com os ensinamentos de Jesus. Este esforço contínuo não apenas promove o crescimento espiritual, mas também fortalece a mente contra os impactos negativos das adversidades da vida.

 

Emmanuel, no livro Pensamento e Vida (2004), nos faz refletir que o pensamento é a base de todas as manifestações do Espírito. Assim, pensamentos equilibrados e elevados são essenciais para o bem-estar mental. Práticas como a meditação, a prece e o estudo das obras espíritas ajudam a disciplinar a mente, promovendo serenidade e paz interior.

 

Além dos esforços individuais, o Espiritismo oferece recursos coletivos que auxiliam na saúde mental, como o passe, a água fluidificada e o diálogo fraterno. Essas práticas, comuns nos Centros Espíritas, promovem alívio espiritual, reconforto emocional e reequilíbrio energético. Sendo assim, também fortalecem a conexão com a Espiritualidade, criando um ambiente de acolhimento e esperança. O passe, por exemplo, atua como um recurso de transmissão de energias benéficas, auxiliando no alívio de tensões e no reequilíbrio dos centros vitais. A água fluidificada, por sua vez, carrega vibrações positivas que colaboram na harmonização do corpo e da mente. Já o diálogo fraterno proporciona um espaço para desabafar, refletir e receber orientações baseadas nos princípios espíritas, contribuindo para o fortalecimento emocional e espiritual.

 

Assim, o Espiritismo combina esforços individuais e coletivos para promover a saúde mental e o bem-estar, destacando a importância da união e do amor ao próximo como pilares fundamentais no caminho da cura e da evolução. Nesse contexto, a prática da prece desempenha um papel essencial, pois, realizada com sinceridade e fé, é capaz de atrair o auxílio dos Bons Espíritos. Esse apoio espiritual fortalece o indivíduo diante das dificuldades, contribuindo significativamente para sua recuperação emocional. Dessa maneira, os recursos espirituais, como a prece, complementam os tratamentos médicos e psicológicos, proporcionando uma abordagem mais ampla e integrativa ao processo de cura e equilíbrio.

 

Outro ponto fundamental no Espiritismo é como a prática da caridade pode contribuir significativamente para a promoção da saúde mental e espiritual. De acordo com os ensinamentos de Joanna de Ângelis (2002), a caridade é apresentada como um Remédio Divino, capaz de aliviar e curar as doenças da alma, promovendo equilíbrio interior e fortalecimento emocional. Essa prática, ao incentivar a empatia e o amor ao próximo, auxilia na superação de conflitos internos e no desenvolvimento de uma vida mais harmoniosa e conectada com os valores espirituais.

 

O ato de ajudar o próximo nos conecta a Energias Superiores, dissipa sentimentos de angústia e solidão, e fortalece nossa resiliência emocional. Trabalhos voluntários em benefício da coletividade são, portanto, uma forma prática de exercitar a caridade e alcançar equilíbrio interno. Essa conexão com o próximo, ao canalizar energias positivas, gera um ciclo de harmonia que beneficia tanto quem recebe a ajuda quanto quem a oferece. No Espiritismo, esse processo é visto como um dos caminhos mais eficazes para equilibrar as emoções e fortalecer a saúde mental. A prática da caridade, ao afastar o foco das próprias dificuldades e promover ações altruístas, ajuda a relativizar problemas pessoais, reduzindo o egoísmo e cultivando sentimentos de gratidão e propósito.

 

Além disso, o envolvimento em atividades voltadas ao bem coletivo permite que o indivíduo vivencie a fraternidade e a solidariedade, valores centrais para o bem-estar espiritual. Segundo a Doutrina Espírita, essas atitudes auxiliam no reequilíbrio energético e na sintonia com vibrações elevadas, que são fundamentais para a manutenção de uma mente saudável.

 

O Espiritismo nos ensina que a saúde mental e o bem-estar não são meramente resultados de condições externas, mas reflexos do estado íntimo do Espírito. Por meio da reforma íntima, do autoconhecimento e da prática do bem, é possível alcançar uma vida mais equilibrada e harmoniosa, mesmo diante dos desafios da existência. Nesse sentido, a Doutrina Espírita enfatiza que o autoconhecimento permite identificar e superar tendências negativas, como o orgulho e o egoísmo, que muitas vezes são as causas de desequilíbrios emocionais. A reforma íntima, quando aliada à prática do bem, fortalece a conexão com Energias Superiores, trazendo paz interior e resiliência frente às adversidades.

 

Além disso, o Espiritismo propõe a integração entre os cuidados espirituais e os tratamentos médicos e psicológicos, reconhecendo que a saúde é um estado multidimensional que envolve corpo, mente e espírito. Práticas como a prece, o passe e o diálogo fraterno atuam como ferramentas complementares nesse processo, ajudando a restabelecer o equilíbrio energético e emocional.

 

Assim, ao buscar a transformação interior e cultivar atitudes altruístas, o indivíduo não apenas promove sua própria saúde mental, mas também contribui para um ambiente mais harmonioso ao seu redor, reforçando o papel do amor e da solidariedade como fundamentos para o bem-estar coletivo.

 

Como nos convida Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). A Doutrina Espírita, ao iluminar o caminho com os ensinamentos do Cristo, torna-se uma bússola segura para quem busca não apenas a saúde do corpo, mas a verdadeira paz da alma.

 

Fonte: Letra Espírita

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Referências:

– BÍBLIA. Novo Testamento. Tradução João Ferreira de Almeida. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br. Acesso em: 20 nov. 2024.

– FRANCO, Divaldo Pereira. Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL, 2002.

– FRANCO, Divaldo Pereira. O Homem Integral. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.  Salvador: LEAL, 2004.

– KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes, RJ: Editora Letra Espírita. 2022.

– KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Campos dos Goytacazes: Rj: Editora Letra Espírita, 2023.

– XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

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A SIMPLICIDADE DA VIDA EM SUAS DIVERSAS FASES

 

Os conselhos de um homem de 100 anos sobre como encontrar significado em todas as fases da vida

 

História de Annabelle Timsit

 

Podemos aprender muito com pessoas que chegaram aos 100 anos de idade. Depois de pedir a centenários de todo o mundo que refletissem sobre o que é necessário para ter uma vida saudável e feliz, os leitores do Washington Post fizeram suas próprias perguntas – em muitos casos, buscando conselhos para a fase da vida em que se encontram.

 

Os leitores perguntaram: Quem o ajudou quando você era mais jovem? Você recomenda se casar? Como posso me preparar melhor para a segunda metade da minha vida?

 

Fizemos essas e outras perguntas a Jack Weber, 100 anos. O casamento de 57 anos do veterano da Marinha e dentista aposentado com Betty, sua namorada de faculdade, hoje falecida, lhe deu 5 filhos, 11 netos e 13 bisnetos. A seguir, os destaques da conversa com Weber sobre como encontrar significado em diferentes fases da vida, com suas observações editadas por motivos de clareza e extensão.

 

Jack Weber discursando em uma convenção do Lions International para o seu 100º aniversário em 2024. Foto: Courtesy of the Weber family/The Washington Post

Jack Weber discursando em uma convenção do Lions International para o seu 100º aniversário em 2024. Foto: Courtesy of the Weber family/The Washington Post

 

Saboreie as coisas simples

 

Quando eu tinha uns 9 anos de idade, minha mãe, Estelle, me levava para um lago que ficava congelado no inverno e me ensinava a patinar no gelo. Nós éramos muito próximos. Meu pai ia trabalhar, chegava em casa, acendia um charuto, se sentava na poltrona dele e dormia. Minha mãe era atleta e me ensinou a amar o ar livre, a amar os esportes. Virei um excelente patinador no gelo, mas não creio que teria começado se não fosse por ela.

 

Ela também me ensinou a jogar tênis. Era muito incomum uma mulher daquela idade praticar esportes. Eu chegava da escola e começava a fazer a lição de casa e ela dizia: “Jack, largue os livros. O sol está brilhando. Vá brincar lá fora. Quando o sol se pôr, você entra e faz a lição”. Era assim que ela vivia a vida. E virou meu jeito de viver a vida também.

 

Ela costumava dizer: “Se você me der um pedaço de fruta fresca e o sol brilhando nos meus olhos, vou ficar feliz como nunca”. A outra parte era: “Dê uma boa risada e isso vai ser a melhor parte do seu dia”. Ela foi uma mulher extraordinária, viveu até os 99 anos.

 

Encontre interesses em comum com seu companheiro ou companheira

 

Fui voluntário na Marinha depois de Pearl Harbor. Eles disseram: “Não vamos mandar você para o mar. Precisamos de homens, mas queremos que você continue na faculdade e depois possa servir como oficial”. Conheci Betty na Faculdade de Oberlin, em Ohio, numa aula de biologia em que tivemos de dissecar um sapo. Uma jovem veio até mim e perguntou se eu poderia ser sua dupla de laboratório. Foi o começo do nosso romance. Nós nos apaixonamos e começamos a namorar. Ela se formou e se tornou professora de educação física.

 

Ela era atleta. Eu também sou atleta, então praticávamos esportes juntos. Jogávamos tênis e, nos últimos anos, quando eu saía para jogar golfe, ela ficava sozinha em casa e dizia: “Isso não está bom. Vou aprender a jogar golfe”. E aprendeu. Ela era muito boa.

 

Compartilhamos muitas dessas coisas juntos. Todo domingo nós jogávamos golfe com outros casais no nosso clube de campo. Jogávamos nove buracos no domingo à tarde, depois íamos ao bar, tomávamos drinques e jantávamos. Ela gostava muito dessa parte do esporte. Adorava golfe, mas também adorava a camaradagem que o acompanhava. Foram os interesses e valores compartilhados que deixaram o casamento tão agradável. Eu não tinha que brigar com ela: “Quero fazer isso e você não quer”. Tínhamos muito em comum.

 

Betty e Jack Weber comemoram o início do mandato de Jack como governador de distrito da seção de Nova York do Lions Clubs International, um clube de serviço voluntário, em 1969. Foto: LCI/Courtesy of the Weber family/The Washington Post

Betty e Jack Weber comemoram o início do mandato de Jack como governador de distrito da seção de Nova York do Lions Clubs International, um clube de serviço voluntário, em 1969. Foto: LCI/Courtesy of the Weber family/The Washington Post

 

Diga sim a novas pessoas e experiências

 

Nos anos da guerra, era muito difícil conseguir um automóvel. Mas um belo dia meu pai me ligou quando eu estava na faculdade de odontologia [em Cleveland] e disse: “Consegui comprar um carro para você”. Fomos a Nova York, pegamos o carro e eu estava planejando levá-lo para a faculdade, mas naquele ano caiu uma nevasca no estado de Nova York: quase 70 centímetros de neve em 24 horas. Não tinha como levar o carro para casa.

 

Isso foi no fim do ano. E meu amigo me disse: “Jack, você está preso aqui em Nova York. Estou indo a uma festa de Natal com uns amigos. Você gostaria de vir junto?” Eu disse que sim. Então, Betty e eu fomos a essa festa. Outros quatro casais estavam lá. Eu não os conhecia. Mas nos tornamos uma gangue de cinco amigos. Nós nos chamávamos de GOFF: Gang of Five Friends (Gangue dos Cinco Amigos). E ficamos muito próximos. Íamos aos bar mitzvahs dos filhos uns dos outros, aos casamentos. E viajávamos muito juntos. Um deles era agente de viagens. Ele cuidava dos preparativos. Infelizmente, sou o último vivo desses cinco amigos. Todos eles se foram.

 

Hoje em dia vejo os jovens andando pelas ruas com o [celular] nas mãos. E me pergunto se eles não estão gastando a melhor parte da vida diante desse computadorzinho. Meu conselho é: abra o coração, abra os olhos. Existe um mundo inteiro ao seu redor.

 

Na relação com os filhos, não deixe de lado as pequenas coisas

 

Tenho arrependimentos, sim. Quando era mais jovem, as crianças estavam em casa e eu deveria ter passado mais tempo com elas. Eu saía muito. Acho que Betty precisava de ajuda. Ela nunca disse: “Não vá”. Mas eu deveria ter equilibrado mais as coisas. Ela criou os filhos sozinha. Sim, eu estava lá para as emergências. Estava lá financeiramente. Sempre estava presente nas formaturas e festas de aniversário. Mas não estava lá para as pequenas coisas. Então, grande parte do crédito vai para ela. Talvez eu devesse ter estado presente para ler uma história para eles na hora de dormir.

 

Nos anos 50, os homens tinham uma relação diferente com a vida familiar. Geralmente, você só trabalhava, ganhava a vida, voltava para casa, jantava e ia para a cama. Hoje vejo que os maridos das minhas netas passam muito mais tempo com as crianças. Eles até trocam fraldas! Eu nunca troquei uma fralda na vida.

 

Vestido para o clima frio, Jack Weber pratica sua tacada de golfe em seu quintal na década de 1970. Foto: Courtesy of the Weber family/The Washington Post

Vestido para o clima frio, Jack Weber pratica sua tacada de golfe em seu quintal na década de 1970. Foto: Courtesy of the Weber family/The Washington Post

 

Faça coisas para outras pessoas

 

Em 1953, eu disse ao meu advogado que gostaria de conhecer mais pessoas em Hicksville, Nova York, porque eu era um completo desconhecido lá. Ele disse: “Vou apresentar você a 55 dos melhores homens de negócios da cidade”. Eles eram membros da seção de Hicksville do Lions Club International [um clube, na época, só para homens]. Eu me associei naquele ano. Eles estavam distribuindo cestas de Ação de Graças. Na primeira campainha que tocamos, uma jovem atendeu, com duas crianças pequenas puxando o seu avental. Lágrimas rolaram de seus olhos quando lhe entregamos a cesta. Eu disse: “Voltarei no Natal com outra cesta para a senhora”. Ao sair da casa dela e ir para o meu carro, soube que o Lions Clube seria meu veículo para fazer coisas para outras pessoas.

 

Descobri que ajudar as outras pessoas é algo difícil de se fazer sozinho. Participe de uma boa organização que faça esse tipo de coisa. Aprendi isso com um homem em 1954. Ele foi fundador do Lions Club International. Um dos conselhos que ele me deu foi: “Você não vai chegar a lugar nenhum na vida se não começar a fazer coisas para as outras pessoas”. E este tem sido meu mantra durante todos esses anos. Tenho muita sorte pelo que a vida me deu e quero compartilhar isso com as outras pessoas.

 

À medida que você envelhece: aja como se fosse jovem

 

Não deixe que a velhice entre na sua cabeça. Não pense como um velho, pense como um jovem. Porque é isso que vai manter você jovem. As pessoas andam por aí dizendo: “Isso dói, aquilo dói”. Isso não é bom. Eu tenho dores. Tenho algumas dores. Mas ninguém nunca me ouve falar sobre elas.

 

Acabei de fazer o teste de visão para motorista e a moça que fez o teste disse: “O senhor está apto por mais seis meses. Volte daqui a seis meses e vamos repetir o exame”. Então, ainda estou dirigindo meu carro.

 

Ontem eu estava no campo de golfe. O sol estava brilhando. Joguei com pessoas maravilhosas. Estou curtindo a vida. Se eu chegar ao ponto – e isso provavelmente vai acontecer – em que não puder mais jogar golfe e fique mais confinado em casa, essa atitude pode mudar. Espero que não aconteça. Não tento olhar a vida com muita antecedência. Vivo todo dia, um dia de cada vez. Aproveito esse dia. Mantenho um sorriso no rosto. E não deixo a velhice entrar na minha cabeça.

 

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Fonte: www.msn.com/pt-br

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O Sermão do Monte e a Doutrina Espírita: Comparações e Conexões

Janaína Magalhães

As bem-aventuranças narradas por Jesus são mensagens de consolo e fé aos que sofrem na Terra. A expressão bem-aventurado significa muito feliz e, no contexto em que Jesus disse, remete à Vida Espiritual e não material. Ou seja, a felicidade não é deste mundo, como Ele mesmo disse.

 

Nas bem-aventuranças “o Mestre descreve os passos que todo homem precisa seguir para alcançar o Reino de Deus e que somente ocorre quando aceitamos e praticamos as Suas Leis”. (CARVALHO, 2024, p.67)

 

 “Cada bem-aventurança apresenta duas partes. Na primeira, traz uma condição, o passo inicial a ser dado, que pode ser uma atitude, uma escolha ou mesmo uma realidade a ser assumida. Na segunda, apresenta um resultado, a consequência para quem cumpre a orientação dada”. (CARVALHO, 2024, p.68)

 

Evangelho de Mateus 5:3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

 

Por pobres de espírito podemos entender os que são simples de coração e humildes em sua essência. “A humildade representa um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra Ele” (KARDEC, 2023, p. 100). Daí a importância de agirmos com amor e sem prepotência que leva ao orgulho. Que possamos olhar para o outro como um igual, que tem suas limitações e defeitos como nós mesmos e que por isso precisamos ter compaixão para com essas imperfeições como gostaríamos que também fizessem os outros conosco.

 

Evangelho de Mateus 5:4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.

 

Aqui devemos entender o significado dos que choram e de como cada um se comporta diante das dores pelas quais todos passam. Existe o bem e o mal sofrer, ou seja, aqueles que sofrem com resignação e entendimento diante dos Desígnios Divinos e aqueles que são revoltados e se vitimizam diante do sofrimento.

 

“Felizes os que choram são somente os que veem nas lágrimas oportunidades de redenção e de resgate de seus erros. Seu choro é sinônimo de catarse e não de desespero. Lutam e usam a inteligência com sabedoria para vencerem as dificuldades, pois reconhecem que Deus é justo e, portanto, justo é seu sofrimento”. (CARVALHO, 2024, p.78)

 

Conforme o Espiritismo preconiza, as dores são resgates por meio de provas ou expiações necessárias ao reajuste do Espírito e quanto mais ele se resigna e se mostra submisso e obediente à vontade do Pai, mais rapidamente ele evolui e passa a outro nível evolutivo.

 

Evangelho de Mateus 5:5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.

 

“Nessa bem-aventurança, Jesus exalta a mansidão, a delicadeza, a mansuetude, a afabilidade e a paciência. São comportamentos ainda bem distantes do homem terreno, envolto, constantemente, na violência que decorre do seu próprio orgulho e do seu próprio egoísmo”. (CARVALHO, 2024, p.80)

 

Jesus foi exemplo de mansuetude do início ao fim de sua passagem pela Terra. Mesmo perseguido, traído, abandonado pelos próprios seguidores, martirizado, Ele nunca se exaltou ou usou da violência para com ninguém, o que demonstra sua superioridade moral e a importância de seguirmos Seu exemplo para conseguirmos evoluir e herdarmos a Terra.

 

“Herdar a Terra tem relação direta com a evolução do planeta para um mundo mais feliz. Quando o orbe deixar de ser um mundo de provas e expiações, tornando-se um mundo regenerado, os Espíritos que aqui viverão serão os que apresentarem grau evolutivo condizente com a nova condição do globo”. (CARVALHO, 2024, p.82)

 

Evangelho de Mateus 5:6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.

 

“Para melhor entendermos a bem-aventurança faz-se necessário lembrarmos as condições que viviam os hebreus à época de Jesus, que vinham de vários períodos de escravização pelo Egito, pelos Caldeus, liderados pelos Persas, pelos macedônios e, por fim, pelos romanos”. (CARVALHO, 2024, p.83)

 

Esse povo oprimido esperava ansiosamente a vinda do Messias que os libertaria da escravidão. Atualmente, os que têm fome e sede de justiça, são os que sofrem de alguma injustiça aos olhos dos homens pois que não existe injustiça no que se refere às Leis Divinas. São os que estão sendo submetidos à Lei de Causa e Efeito, pois que erraram no passado e voltam para colher os frutos amargos das sementes de dor que plantaram. Entendendo a reencarnação percebemos como faz sentido até o que é considerado como injustiça aos olhos do incrédulo. Nada é por acaso, tudo tem uma razão de ser e a fartura (abundância) se dará quando com misericórdia agimos perante o nosso irmão ainda faltoso.

 

Evangelho de Mateus 5:7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.

 

“Segundo o dicionário a palavra misericórdia significa sentimento de pesar e de caridade diante da infelicidade do outro. É ter piedade e compaixão pelo próximo, diante da miséria material ou espiritual”. (CARVALHO, 2024, p.87)

 

Diante dessa bem-aventurança, Jesus nos remete à caridade e sua importância para uma vida pautada no bem-estar de todos e na igualdade social. O que semeamos, colhemos. O Espiritismo nos traz a máxima: “Fora da caridade, não há salvação”, devendo entender aqui a caridade como um ato de misericórdia para com o próximo, mesmo não seja tão próximo, ou aquele a quem chamamos inimigo. Quando entendemos que todos sofrem à sua maneira e que cada um está passando o seu cadinho de provação, experimentamos um olhar mais misericordioso com relação às faltas alheias e assim também o outro para conosco.

 

Evangelho de Mateus 5:8 Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.

 

Kardec ensina que “a pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Tornar-se puro e sem maldade é ser capaz de perceber, de sentir e de agir no bem, penetrando a grandeza dos propósitos do Criador”. (KARDEC, 2023, p.110).

 

Esse é o destino de todos nós. À medida que avançamos na escala evolutiva, vamos nos aperfeiçoando intelectual e moralmente e nos tornando cada vez mais puros de coração. Daí que, quando alcançamos a chancela de Espíritos Puros não necessitaremos mais reencarnar obrigatoriamente e assim nos veremos mais próximos de Deus, “em comunhão com Ele”.

 

Evangelho de Mateus 5:9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.

 

“Pacífico é a pessoa amiga da paz. O pacificador, além de amigo da paz, é aquele que busca e trabalha pela paz, em atitude ativa”. (CARVALHO, 2024, p.93)

 

Não adianta apenas sermos passivos para sermos pacíficos. Devemos também agir para que a paz se instale não somente em nosso reduto doméstico, mas em todo o mundo. É importante que saibamos deixar nosso egoísmo e egocentrismo de lado e comecemos a olhar para o outro de maneira mais humana e consciente buscando o bem-estar coletivo. Aproveitemos as oportunidades, mínimas que sejam, para podermos ajudar nosso irmão, seja com uma palavra, um sorriso, ou mesmo com o auxílio material tão escasso para muitos.

 

“Somos pacificadores em várias ocasiões: quando estamos pregando e exemplificando o evangelho; quando ensinamos as verdades de Deus, nosso Pai de amor; quando oramos pelos que ainda não acreditam em Jesus; quando não revidamos uma agressão nas redes sociais; quando não rotulamos ninguém; ou, ainda, quando perdoamos nossos irmãos”. (CARVALHO, 2024, p.95)

 

Evangelho de Mateus 5:10 Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.

 

“Quem vive e busca a Justiça de Deus, pautada na vivência do amor, da humildade e da caridade, nem sempre receberá a compreensão do mundo, pois este ainda vive obscurecido pela inferioridade moral. (CARVALHO, 2024, p.96-97)

 

Assim como nos exemplificou Jesus, o discípulo fiel mantém-se firme e insiste na exemplificação do Evangelho, ainda que sob o peso de sacrifícios e incompreensões. Essa é uma bem-aventurança de testemunho.

 

Diante das perseguições, raramente conseguimos nos manter firmes em nosso propósito de seguir o exemplo do Mestre. Muitas vezes, fraquejamos, por medo, inseguranças, orgulho diante das injúrias e calúnias que por vezes sofremos na estrada da vida. Querer agradar a todos é um erro imenso, pois nem Jesus o conseguiu. Em nossa mania de perfeccionismo nos posicionamos como vítimas e nos deixamos esmorecer diante das ofensas e incompreensões vindas do outro. Daí a necessidade de continuarmos firmes, mesmo com todas as tribulações do caminho, dando nosso testemunho de fé e perseverança a Deus.

 

Evangelho de Mateus 5:11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, falarem todo mal contra vós por minha causa.

Evangelho de Mateus 5:12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

 

“É uma alegria participarmos das aflições do Cristo. Sofrermos injúrias e perseguições por causa dele é mérito de poucos, pois esses podem ser considerados os verdadeiros discípulos de Jesus”. (CARVALHO, 2024, p.99)

 

Essas perseguições são muito comuns e podemos nos referir a pessoas encarnadas e às desencarnadas também. Como sabemos, com base na Doutrina Espírita, os seres que prejudicamos no passado ficam, muitas vezes, presos a nós por causa da sintonia vibratória e isso faz com que eles nos persigam mesmo depois de desencarnados. São os ditos Espíritos Obsessores, que não devemos nos esquecer foram nossas vítimas no passado e vem cobrar ajuste de contas. Importante se faz que haja o perdão de uma ou ambas as partes para se desfazer esse vínculo pernicioso e prejudicial e assim conseguirmos estabelecer uma esfera de paz, harmonia e amor verdadeiro.

 

Fonte: Letra Espírita

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Referências:

 

CARVALHO, Evelyn Freire de. Palavras de Jesus – Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita, 2024.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo – Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita, 2023.

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Para que nos foi dado o Brasil

 

Todos os que temos a certeza de que não é a primeira vez que nos encontramos neste bendito planeta, guardamos igualmente a convicção de que motivos muito fortes nos levam a estarmos em solo brasileiro.

 

Cada nação tem seus próprios objetivos a alcançar e abriga os Espíritos em vestes humanas que devem contribuir para isso.

 

Ao mesmo tempo, empreender o próprio progresso.

 

Os que nascemos no Brasil ou o adotamos como pátria, em algum momento das nossas vidas, devemos ter em mente que o fato de aqui nos encontrarmos tem por objetivo o progresso, a marcha para a ventura, por meio das conquistas dos saberes de ordem intelectual e moral.

 

É o local mais adequado para as provas que tenhamos que enfrentar, o tempo mais apropriado para nos encontrarmos aqui, o momento certo.

 

Não é o acaso que aqui nos localizou. Enquanto nós mesmos crescemos, alcançando patamares mais elevados na evolução, convém analisarmos nossas responsabilidades.

 

Alguns de nós aqui nos situamos com missões mais específicas para com a nação.

 

Os que nos encontramos no âmbito da instrução, temos o dever de instruir as massas nas ciências, nas profissões, no entendimento dos textos lidos.

 

Importante que aprendam a se expressar com correção e elegância, a falar com segurança porque o progresso espiritual de um povo se pode identificar através do seu falar.

 

Os que trazemos o compromisso nos campos da arte, reflitamos a respeito do que escrevemos, do que dizemos, do que encenamos. Tudo forja, nas mentes alheias, imagens e anseios, provoca posturas diante da vida.

 

Portanto, que todas as nossas produções sejam no sentido de edificar, não nos permitindo expressões de destruição, de rebeldia ou desordem.

 

Os que tenhamos o compromisso com a área espiritual, falemos de Deus, da alma, da vida futura, sem pieguismos, sem mitologias.

 

Afinal, a mais elevada crença é aquela que não teme a razão e que não é desmentida pelos movimentos do progresso.

 

Nosso amado país nos merece todo empenho para seu crescimento. Pensemos menos em nós e mais na construção coletiva.

 

E nos indaguemos: que posso fazer por meu Brasil?

 

Se somos pais ou mães, eduquemos nossos filhos no respeito, na honra, exemplificando que o valor de um homem está na sua qualidade moral.

 

Se estamos guindados a altos cargos, utilizemos dessas nossas posições de relevância para benefício do povo em geral. Não nos preocupemos se nossos pares não o fazem.

 

Com nosso exemplo, poderemos arrastar outros a nos seguir, enquanto os que nada fazem ou somente se aproveitam de seus cargos, acabarão por se envergonhar.

 

O mal somente será alijado da nossa nação, quando o exemplo dos bons prevalecer, quando constituirmos a soma maior da população.

 

Sejamos os primeiros a demonstrar nosso verdadeiro amor a este torrão. Tenhamos orgulho de ser brasileiros, desejando que nos projetemos no mundo como a verdadeira Pátria do Evangelho, o Coração do Mundo.

 

Portemos as cores verde e amarela no coração, na mente e extravasemos o azul do amor e o branco da paz por nossas mãos.

 

Produzamos no bem! Demonstremos o amor à terra que nos é dada para nosso progresso e crescimento.

 

Redação do Blog Espiritismo Na Rede, com base no cap. 15,item O complexo trabalho de ilustração da família no Brasil, do livro Nos passos da vida terrestre, pelo Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

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Efeitos da música na evolução do ser

 

 

Há influência musical no equilíbrio humano?

A variedade de sons alcançados pelas notas musicais na integração entre instrumentos e vozes humanas exerce grande influência na emoção e no desenvolvimento das criaturas humanas. Claro que com variedades, pois determinada melodia poderá trazer lembranças agradáveis a alguém, provocar melancolia e até entusiasmo em outras, enquanto nada provoque em muitas pessoas.

O tema é interessante e mereceu uma única pergunta de Kardec em O Livro dos Espíritos: a de número 251. Mas há observações valiosas em Obras Póstumas e na Revista Espírita.

Sem preocupar-nos com a história da música, biografia de grandes mestres ou outras informações de caráter cultural ou histórico, procuremos analisar o tema, à luz da Doutrina Espírita, sobre lembranças e emoções que a música provoque na sensibilidade humana. Afinal o que diz a Doutrina Espírita?

Em Obras Póstumas, no capítulo A Música Celeste, numa reunião familiar, a filha indaga ao pai se haveria música no Plano Espiritual. Sob ação mediúnica, ela escreve resposta do Espírito: O som de nossos instrumentos, a nossa mais bela voz, não podem dar a mais fraca ideia da música celeste e sua suave harmonia.

Logo mais o Espírito São Luiz ensina: A filha, desligando-se parcialmente, foi admitida nas regiões celestes onde pode perceber as impressões da harmonia celeste e expressou “Que música! Que música!”

E Kardec indaga o compositor Rossini* (Espírito) sobre o estado atual da música e sobre as modificações que lhe poderiam trazer a influência das crenças espíritas e a resposta do Espírito inicia-se com abordagem sobre harmonia. Segundo o dicionário, a palavra harmonia significa sucessão de sons agradáveis ao ouvido. Arte de formar e dispor os acordes musicais. Concórdia, paz e amizade entre pessoas. Ordem, coerência. O Espírito Rossini, todavia, em outras palavras, define harmonia como: resultante de um arranjo musical; como um sentido íntimo da alma e que é percebida em razão do desenvolvimento desse sentido íntimo da alma.

E oferece-nos esta pérola de pensamento: “(…) O Espírito produz os sons que quer. (…) Aquele que compreende muito, que tem nele a harmonia já conquistada, age sobre o fluido universal e reproduz o que o Espírito concebe, sente e quer (…)”.

Numa comparação, usando inclusive o pensamento de Rossini, podemos dizer que o éter vibra a ação da vontade do Espírito. A harmonia que traz em si se concretiza como a exalar o perfume, com lentidão ou rapidez, como no som harmonioso que se espalha. O Espírito que já conquistou a harmonia é como aquele que tem a aquisição intelectual. O Espírito sábio que ensina a ciência sente-se feliz por ensinar os que não sabem. O Espírito que faz o éter ressoar com os acordes da harmonia que já traz em si, sente-se feliz de ver satisfeitos os que o ouvem. E do mesmo Espírito, encontramos essa definição magistral: A música é o médium da harmonia.

Ela é, pois, essencialmente, moralizadora, uma vez que leva harmonia às almas, que por sua vez as eleva e as engrandece. Deduz-se, pois, que a música exerce uma feliz influência sobre a alma e a alma que a concebe exerce também uma influência sobre a música.

A alma virtuosa que tem a paixão do bem, do belo, que adquiriu a harmonia, produzirá obras primas capazes de penetrar as almas mais blindadas, fechadas em si mesmas, e comovê-las. Já o compositor terra-a-terra como poderá representar a virtude que ele despreza, o belo que ignora ou o grande que ele não compreende? Suas composições serão o reflexo de seus gestos sensuais, de sua leviandade. Serão obscenas, licenciosas, sensuais e causarão mais danos que melhorar os ouvintes.

É aí que o pensamento de Rossini, adaptando-o com texto de nossa autoria, aparece em toda sua grandeza: O Espiritismo, moralizando os homens, exercerá, pois, grande influência sobre a música. Por sua vez, ouvintes moralizados, apreciarão músicas elevadas, deixarão de lado a música frívola que se apodera das massas.

Na Revista Espírita, de maio de 1858, entretanto, Kardec entrevista o compositor Mozart (1756-1791), que foi famoso menino prodígio (aos 4 anos já tocava de cor e aos 5 já compôs), e que declarou “Quando estou em boas disposições e inteiramente só, durante o meu passeio, os pensamentos musicais me vêm com abundância. Ignoro donde procedem esses pensamentos e como me chegam; nisso não tenho a mínima vontade, a menor intervenção”. Habitante de Júpiter, revelou: “Onde habito, há melodia em toda parte: no murmúrio das águas, no ciciar das folhas, no canto dos ventos; as flores rumorejam e cantam; tudo produz sons melodiosos. Sê bom, alcança este planeta pelas tuas virtudes”. E fornece essa pérola para esse tema: A música religiosa ajuda a elevação da alma. O pensamento compõe e os ouvintes desfrutam. Claro que a história humana registrou a presença de grandes gênios da música em nosso planeta. Seria impossível relacioná-los todos num simples artigo, abordar suas conquistas e feitos, a genialidade que nos ofereceram. Optamos por Mozart, pois que presente na Revista Espírita.

E na mesma publicação, de maio de 1861, o Espírito Lamennais (brilhante escritor, figura influente e controvertida na história da igreja francesa e ordenado padre aos 34 anos) afirma: a música é a arte que vai mais direta ao coração.

Já na edição de janeiro de 1869, o mesmo Rossini afirma: para ser músico, não basta mais alinhar as notas sobre uma pauta, de maneira a conservar a justeza das relações musicais: assim só se produz ruídos agradáveis; mas é o sentimento que nasce sob a pena do verdadeiro artista. É ele que canta, que chora, que ri. Mas para dar alma à música, para fazê-la chorar, rir, uivar, é preciso em si mesmo ter sentido estes diferentes sentimentos de dores, de alegrias, de cólera.

E Kardec, com toda sua lucidez, também na Revista Espírita, exemplar de setembro de 1864, nos traz essa importante revelação: A música comove as fibras entorpecidas da sensibilidade e as predispõe a receber as impressões morais. A música amolece a alma – é poderosa auxiliar de moralização.

Nesta altura, como poderíamos esquecer os grandes nomes da música nacional e internacional? Vozes inesquecíveis, melodias extraordinárias, compositores, autores, intérpretes, conjuntos, maestros, letras e apresentações que marcaram época e conquistaram memórias em todos os tempos, em composições inesquecíveis e belíssimas.

Neste ponto, podemos buscar a questão 251 de O Livro dos Espíritos: Os Espíritos são sensíveis à música? E a resposta: Queres falar da vossa música? O que ela é diante da música celeste? Desta harmonia que nada sobre a Terra pode vos dar uma ideia? Uma é para a outra o que o canto do selvagem é para a suave melodia. Entretanto, os Espíritos vulgares podem experimentar um certo prazer em ouvir a vossa música, porque não são ainda capazes de compreender outra mais sublime. A música tem para os Espíritos encantos infinitos, em razão de suas qualidades sensitivas muito desenvolvidas. Refiro-me à música celeste, que é tudo o que a imaginação espiritual pode conceber de mais belo e de mais suave.

Tudo isso para pensarmos no esforço da espiritualidade em despertar nossa sensibilidade. Seja através da música religiosa – em corais, conjuntos ou valores individuais’ –, de qualquer denominação, seja pelas canções que marcam as crianças para sempre ou pelas melodias dos grandes gênios musicais de nossa história… Ou mesmo, e por que não, nas músicas contemporâneas e fruto do regionalismo, em todo o planeta?

É que a música é também um dos instrumentos de despertamento da sensibilidade humana. Existem vários, como a dor através da expiação; as provas através dos obstáculos; a fé como virtude, entre tantos outros. E entre eles, a música, para elevar nosso padrão vibratório e nos convidar a pensar na grandeza de Deus.
Ponderemos que estamos num mundo de provas e expiações, onde ainda há império do mal. E se, num plano de provas e expiações, já temos os sons magníficos da natureza, a voz humana que sensibiliza nos esforços e combinações vocais, e a presença das belas músicas que nos ajudam a viver com mais harmonia, podemos imaginar o que nos aguarda para o futuro?

Selecionemos, pois, as belas conquistas que já possuímos no campo desta arte maravilhosa que é a música, para elevarmos o padrão espiritual de nossos ambientes. Deixemo-nos comover pela mensagem que trazem; reflitamos nas motivações que ensejaram a concepção dessas peças que verdadeiramente nos comovem pela beleza e sublimidade. E, obviamente, prestemos também mais atenção no canto dos pássaros; no latido dos cães e sons característicos de outros animais; nos sons naturais de trovoadas, chuvas e ventos e mesmo na variedade das vozes humanas, para percebermos o quanto o som influencia nossa harmonia ou desarmonia interior. É, como em tudo, uma questão de seleção e afinidades. Aprendamos, pois, a selecionar…

*Gioacchino Antonio Rossini – Compositor italiano – 29-11-1792 – 13-11-1868

Nota do autor: As transcrições efetuadas nesta matéria foram de edições do IDE – Instituto de Difusão Espírita, com tradução de Salvador Gentille.

Matéria publicada originariamente na REVISTA INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO, edição de dezembro de 2004.

Por: Orson Peter Carrara

Fonte: Portal do Espírito

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A consciência de Cristo

Por Claudio Fajardo de Castro

Imagens de Consciência de cristo sem royalties | Depositphotos

 

Em nossos estudos evangélicos, ao examinarmos minuciosamente cada palavra dos textos, que consideramos valiosos ensinamentos deixados por Jesus, o Mestre Superior, frequentemente nos perguntam: “Será que Jesus pensou em tudo isso quando proferiu essas palavras há dois mil anos?”

 

Acreditamos que sim. É difícil para nós avaliar a capacidade de Jesus devido à nossa limitação em compreender a “Ciência do Espírito”.

 

Para entender a diferença entre a Consciência de Cristo e a nossa, precisamos usar comparações que, mesmo não sendo totalmente precisas, nos ajudam a compreender dentro de nossas limitações atuais.

 

Na geometria, temos as figuras de linha, superfície e volume. A linha contém os pontos que a formam, assim como a superfície é formada por linhas. O maior contém e absorve o menor. Assim, a superfície, por conter a linha, conhece suas particularidades; podemos dizer que a superfície começou como uma linha. O contrário não é verdade; a linha não contém a superfície e não tem domínio sobre ela.

 

Usando o mesmo raciocínio para analisar o volume, vemos que ele contém as duas figuras anteriores. Portanto, por absorvê-las, podemos dizer que, em sentido não literal, é como se soubesse os detalhes da superfície e da linha.

 

Projetando esse entendimento para o plano da consciência, podemos afirmar que, enquanto a consciência do Princípio Inteligente nos reinos inferiores da Criação está na fase de linha, ponto e outras anteriores, a consciência do homem em seu estado evolutivo atual está na dimensão da superfície.

 

Assim, entendemos nossa maior liberdade de movimento e compreensão, mas sempre numa faixa delimitadora que é o relativo. Liberdade e compreensão que aumentam à medida que a evolução nos conduz a uma ampliação dessa consciência, aproximando-se da dimensão volumétrica, a qual é a próxima etapa.

 

Ainda não podemos, devido à nossa limitação atual, dizer onde se situa a Consciência de Cristo, pois acreditamos que ela está além da fase de volume e até mesmo de uma quarta dimensão, que seria a próxima dentro do andamento natural da evolução.

 

Em outras palavras, adotando a exposição de “Sua Voz” em A Grande Síntese, que mostra que o Universo evolui por etapas sucessivas classificadas como matéria, energia e espírito: a primeira abrange os estágios iniciais de formação do mundo físico, o surgimento dos seres vivos e sua especialização até o aparecimento dos primatas; a segunda é caracterizada pelo surgimento do ser humano com sua individualidade; e a terceira, a fase do espírito, da superconsciência, onde, liberto das limitações das fases anteriores, o ser pode compreender a Verdade em sua completude.

 

Este é o estado que devemos buscar, segundo a orientação de Jesus quando nos ensina: “…e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (1).”

 

Dessa forma, podemos entender como Jesus, já naquela época – pois Ele, há bilhões de anos, quando da formação do nosso Orbe, já era Cristo – podia ter plena consciência de que Seus ensinamentos venceriam o tempo e chegariam até nós ampliados pela nossa maior capacidade de compreensão.

 

Vejamos o que disse o Codificador do Espiritismo sobre os ensinamentos deixados por Jesus:

 

“Completar o seu ensino deve ser entendido como explicar e desenvolver, não como adicionar novas verdades, pois tudo já está presente em estado de gérmen, faltando apenas a chave para compreender o sentido das palavras.” (2)

 

Assim, acreditamos que, dentro de nossa visão simples e despretensiosa, a questão está respondida.

 

Outra pergunta que nos fazem é: “Como analisar o Evangelho palavra por palavra se não temos certeza de que foram exatamente essas as expressões usadas por Jesus?”

 

Quem pergunta isso se refere às grandes diferenças entre as traduções evangélicas e às alterações feitas nos textos ao longo do tempo.

 

Para esses, temos a resposta do nosso querido mentor Emmanuel, segundo a psicografia de Francisco Cândido Xavier:

 

“…importa observar que os Evangelhos são o roteiro das almas, e é com a visão espiritual que devem ser lidos; pois, constituindo a cátedra de Jesus, o discípulo que deles se aproximar com a intenção sincera de aprender encontra, sob todos os símbolos da letra, a palavra persuasiva e doce, simples e enérgica, da inspiração do seu Mestre imortal. (3)”

 

Além disso, podemos lembrar Kardec, que nos mostra no capítulo I de O Evangelho Segundo o Espiritismo que a mensagem de Cristo é a segunda revelação da Lei de Deus. Se, conforme os ensinamentos dos Espíritos Superiores, a terceira revelação – o Espiritismo – foi supervisionada pelo Espírito de Verdade, por que a segunda não teria sido da mesma forma?

 

Dessa forma, afirmamos, com certeza fundamentada na fé raciocinada, que a redação dos Evangelhos foi seguramente supervisionada não só pelos Espíritos Superiores, mas também pelo próprio Cristo. E que, se houve alterações no texto original, todas foram, por assim dizer, autorizadas pela espiritualidade superior, para que a mensagem não se perdesse ao longo do tempo.

 

Em outras palavras, podemos dizer que todas as palavras contidas no Evangelho, se não são historicamente precisas, foram didaticamente escolhidas para que o espírito humano, à medida que evoluísse, pudesse extrair delas, conforme as palavras de Emmanuel, a palavra persuasiva e doce, simples e enérgica, da inspiração do seu Mestre imortal (4).

 

Portanto, aproximemo-nos do Evangelho com olhos atentos, estudemos suas entrelinhas com a Boa Vontade de aprender, e com a sensibilidade que já possuímos, e com o amparo da espiritualidade que nos auxilia a todo instante, chegaremos bem próximos do sentimento expresso pelo Meigo Rabi, que há tempos nos aguarda para sermos guiados por Ele como Pastor e Redentor de nossas almas.

 

Notas:

[1] João, 8:32

[2] A Gênese, capítulo I, item 28

[3] O Consolador, questão 321

[4] Obra citada.

 

Fonte: A consciência de Cristo – Portal do Espírito

BIBLIOGRAFIA:

ALMEIDA, João Ferreira. A Bíblia, 74a Impressão. Rio de Janeiro, Imprensa Bíblica Brasileira, 1991

BRASIL, Vilma Americano / Vários autores espirituais. Evangelho e Ciência, 2ª ed., SP, Edicel, 1986.

KARDEC, Allan. A Gênese. 26a ed, RJ, FEB, 1984

— O Evangelho Segundo o Espiritismo. 104a ed., Rio de Janeiro, FEB, 1991

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A Reencarnação e seus Impactos na Vida Espiritual e Moral

Carlos Alexandre

A reencarnação, um dos pilares fundamentais da Doutrina Espírita, propõe que a alma, após a morte do corpo físico, retorna a um novo corpo em sucessivas existências. Esse ciclo contínuo tem como objetivo promover a evolução espiritual, oferecendo à alma oportunidades de aprendizado, aperfeiçoamento e superação de falhas anteriores. Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, estruturou essa ideia de maneira sistemática, apresentando-a como uma lei natural que rege o progresso da Humanidade.

 

Segundo o Espiritismo, a reencarnação é um processo pelo qual o Espírito passa por várias experiências de vida, em diferentes corpos e contextos, para desenvolver virtudes e reparar erros. Kardec explica que a reencarnação é um Mecanismo Divino de justiça e misericórdia, permitindo ao Espírito corrigir suas falhas, aprender lições e evoluir moralmente. Em suas palavras, “a reencarnação é um meio de purificação e aperfeiçoamento” (KARDEC, 2022, p. 102).

 

Cada existência é única e traz desafios específicos, que funcionam como oportunidades para a alma crescer. Assim, a reencarnação transforma os eventos da vida — inclusive os mais difíceis — em etapas importantes de um processo contínuo de aperfeiçoamento.

 

A reencarnação modifica profundamente a visão que temos de nós mesmos e de nosso papel no Universo. Entre seus principais efeitos, destacam-se:

 

  1. Crescimento espiritual: Cada existência oferece ao Espírito experiências que promovem o desenvolvimento de virtudes como paciência, coragem, humildade e amor ao próximo.
  1. Empatia e compreensão: Ao viver diferentes situações de vida, o Espírito se torna mais capaz de entender e respeitar as dores e os desafios alheios.
  1. Autoconhecimento: Cada encarnação revela novos aspectos do Ser, ajudando no entendimento de nossa verdadeira essência.
  1. Conexão com o Divino: A percepção de que somos todos parte de um Plano Maior fortalece a fé e a busca por harmonia com as Leis Divinas.

 

A crença na reencarnação tem um impacto profundo na nossa compreensão de escolhas, responsabilidades e consequências. Ela revela uma Justiça Divina mais ampla, onde cada ação desencadeia consequências que se desdobram ao longo de múltiplas existências, governadas pela Lei de Causa e Efeito. Assim, cada decisão tomada hoje não apenas influencia nosso futuro imediato, mas também semeia as condições para nossas vidas futuras, reforçando a importância de escolhas conscientes e responsáveis (KARDEC, 2023, p. 60).

 

A responsabilidade se torna mais ampla, abrangendo não apenas esta vida, mas também as futuras. A Lei de Causa e Efeito garante que ações boas ou más gerem resultados positivos ou negativos em vidas futuras. Isso reforça a importância do autocontrole, ética e moral, guiando escolhas mais responsáveis.

 

Cada vida oferece lições valiosas para crescimento espiritual, permitindo superar erros passados e evoluir espiritualmente. A reencarnação garante equilíbrio e Justiça Universal, destacando a interconexão entre todas as almas. Kardec, em O Livro dos Espíritos, destaca a importância da reencarnação para o aperfeiçoamento espiritual (KARDEC, 2022, p. 103).

 

A reencarnação inspira mudanças positivas, como maior consciência das escolhas, desenvolvimento ético e responsabilidade pessoal. Ela também reforça a importância do cuidado com o planeta e a solidariedade, pois todas as ações têm consequências futuras.

 

A compreensão do ciclo de reencarnação gera uma transformação profunda em nossa abordagem à vida. Ao assumirmos a responsabilidade pelo nosso crescimento espiritual, cultivamos hábitos saudáveis, praticamos o perdão autêntico e nos dedicamos ao bem-estar coletivo. Isso nos leva a valorizar cada momento, promover empatia e compaixão, buscar autoconhecimento e autocontrole e nos dedicarmos ao bem-estar coletivo e social.

 

Apesar de seus benefícios filosóficos e morais, a reencarnação enfrenta desafios no campo científico e social. A ausência de provas materiais definitivas, as interpretações divergentes e os conflitos com crenças de outras religiões são alguns dos obstáculos que dificultam sua aceitação universal. Ainda assim, para milhões de pessoas, ela oferece respostas para questões existenciais e conforto diante das adversidades.

 

Compreender a reencarnação como uma Lei Universal nos convida a assumir maior responsabilidade por nossas ações, buscar a evolução contínua e confiar na Bondade e Sabedoria Divina que rege o Universo. A cada nova existência, temos a chance de reescrever nossa história, corrigir equívocos e trilhar um caminho de maior amor, justiça e espiritualidade. (KARDEC, 2023, p. 58).

 

Fonte: Letra Espírita

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Referências:

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 1ª Edição. – Campos dos Goytacazes/RJ, 2023. Letra Espírita.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 1ª Edição. – Campos dos Goytacazes/RJ, 2022. Letra Espírita.

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Trabalhando os Trabalhadores

Joana Abranches

 

O trabalho em equipe na Casa Espírita

 

Uma das coisas mais complexas no cotidiano de uma Casa Espírita é administrar as diferenças comportamentais entre os trabalhadores. Aqui e ali, por um motivo ou por outro, pipocam os atritos e melindres, muitas vezes encobertos pelo silêncio em nome da “caridade”, mas evidentes nos olhares atravessados, nos recadinhos indiretos e não raras vezes no afastamento inexplicável daquele companheiro que parecia tão entusiasmado… Quando chega a este ponto é que a guerra de persona, idéias e vibrações já atingiu o seu ponto máximo.

 

Não desanimemos. Onde há gente há problemas. Graças a Deus!… Porque onde há gente há também muito trabalho a ser feito e muita oportunidade de crescimento espiritual em contato com o outro. A grande questão é como trabalhar as tais diferenças de forma que, apesar delas, haja uma convivência realmente fraterna e saudável sem prejuízo do trabalho.

 

Todos somos diferentes e isso obedece a um propósito Divino. A natureza é assim. Se os iguais se atraem, os diferentes se complementam. Aquilo que para mim é prazeroso e fácil de realizar, já não é para o outro e vice-versa. É preciso apenas saber identificar, respeitar e integrar essas diferenças, abandonando aquele equivocado conceito de uniformidade que robotiza, que exige consenso em nome de uma harmonia questionável e disponibilidade integral em nome da dedicação; que deixa implícita a exigência de todos rezarmos na mesma cartilha e de estarmos aptos e disponíveis todo o tempo a todo o tipo de tarefa na Casa Espírita se quisermos figurar no rol dos “trabalhadores da última hora”, dos “escolhidos”. Pronto. Já temos aí o estereótipo criado e “sacramentado”. Quem não se enquadrar está fora.

 

Este é o ponto. Os problemas nos Grupos Espíritas acontecem não por causa das diferenças, mas pela nossa inabilidade em trabalhar com elas enquanto trabalhadores e lideranças.

 

Lembremos que a diversidade das flores e ramagens é que confere a beleza e harmonia que nos encanta num jardim, mas por trás de tudo está o trabalho do paisagista, que traçou canteiros e reuniu espécies, combinando cores, formas e, sobretudo, considerando os níveis de resistência e fragilidade para dispor a localização de cada planta. O mesmo se dá na Instituição Espírita. Companheiros com características diversas de personalidade, amadurecimento e aptidão podem estabelecer uma perfeita harmonia em sua diversidade. Mas o “paisagismo” cabe aos dirigentes.

 

Quem não conhece no seu grupo, por exemplo, alguém que se encaixe no perfil trabalhador “Faz-tudo”? Isso mesmo. Ele parece ter mil e uma utilidades. Dinâmico, disponível, ágil, este companheiro pode ser extremamente útil na execução de atividades práticas. Mas não o chame para reuniões de planejamento porque ou não vai comparecer ou vai cochilar. Para ele é um martírio ficar parado.

 

Já tem aquele que é o “viajante de plantão”; é aquele companheiro idealista, que sonha, faz projetos para o futuro e de vez em quando chega com uma idéia fantástica que ele jura que foi uma inspiração do mundo espiritual (e não importa de onde venha se for viável e positiva). Excelente para atuar no planejamento, estruturação e reestruturação das atividades, com ele em cena não há acomodação que resista. Está sempre propondo, ousando, criando, buscando alternativas inovadoras para a solução de velhos problemas de uma forma que “ninguém tinha pensado nisso antes…” Mas na hora de desmontar uma mesa… são parafusos pra todo lado e marteladas no dedo.

 

Ah, e que grupo não tem o “certinho”? Extremamente racional e organizado, tudo ele anota, quantifica, formaliza. Para ele tudo tem que estar “preto no branco”. Quem melhor para atuar na área administrativa? Afinal, registrar, fazer contas, controlar e distribuir recursos na medida certa é com ele mesmo.

 

Por outro lado, temos o “artista”, aquele que não abre mão do lúdico e está sempre a inserir música, teatro e outras manifestações de arte em todas as atividades. Graças ao seu espírito sensível e talentoso as reuniões comemorativas vão estar salpicadas daquela chama de emoção e entusiasmo tão necessária para reabastecer os ânimos e impulsionar pra frente. Ideal para desenvolver trabalhos que envolvam crianças e jovens, este companheiro sacode a mesmice, dá aquele toque de motivação e estimula como ninguém a integração fraterna.

 

Não poderíamos esquecer ainda do “paizão” ou “mãezona” do grupo. Afetivos, sensíveis, conciliadores, os companheiros com este perfil têm o poder de unir, reunir, apaziguar, conferir um sentido real de família à equipe. Sua habilidade em promover o diálogo e quebrar resistências quando há conflitos é imensa porque falam diretamente ao coração dos demais. Queridos e respeitados pelo amor e equilíbrio que irradiam, esses irmãos são fundamentais para a manutenção da paz na Instituição. São elementos que, entre outros, podem dar uma contribuição importantíssima nas reuniões de Atendimento Fraterno, pois possuem um elevado grau de afetividade que os dispõe naturalmente a acolher e abraçar os que sofrem.

 

Temos ainda o introspectivo, o extrovertido, o estudioso, o afoito, o ponderado, o questionador, o acomodado, o “modernoso”, o conservador e por aí vai. E quem de nós se aventuraria a discorrer sobre a maior ou menor importância deste ou daquele trabalhador, conforme os perfis aqui relacionados?

 

Na verdade, todos se completam. Todos são insubstituíveis e indispensáveis em suas peculiaridades porque – enquanto não conseguimos ser perfeitos – este é um excelente exercício de aperfeiçoamento, já que é imprescindível aparar as arestas para nos encaixar nesse desafiador quebra cabeças que é formar uma equipe onde somos chamados a trabalhar para nada mais nada menos do que Jesus.

 

Quando interiorizamos isto buscamos o entendimento. E quando buscamos o entendimento – olhem só que coisa maravilhosa! – as peças se encaixam. Enquanto uns sonham outros ponderam, enquanto uns planejam outros concretizam, enquanto uns organizam outros adornam, enquanto uns são música outros são livro, enquanto uns são silêncio outros são sonoridade. E assim vamos nós. Trabalhando com as diferenças e assegurando a continuidade da obra. Enquanto isso estamos crescendo, amadurecendo, aprendendo a fazer concessões, a ser voto vencido, a discordar sem “rosnar” e tantos outros exercícios de reforma íntima.

 

O grande e real problema é este radicalismo autoritário ainda tão impregnado nas lideranças, que inadvertidamente impõem o enquadramento de seres diferentes em um padrão de comportamento rígido e único. Todo mundo tem que pensar igual, tem que ter a mesma disponibilidade, senão é sinal de que não se esforçou o suficiente. Alguém aí tem um “esforçômetro”?

 

Sim, porque para medir o quanto cada companheiro está se esforçando para dar a sua contribuição, mesmo que aparentemente pequena, precisaríamos de um.

 

O segredo é nos valer das diferenças para potencializar o trabalho. Ninguém espere mar de rosas. Impossível não haver conflito onde existe diversidade, imperfeição e forças espirituais contrárias prontas para acionar o estopim do orgulho e da vaidade tão presentes ainda em todos nós. Aqui é aquele companheiro veterano que rejeita as novas idéias dos recém-chegados porque só ele é o detentor absoluto da experiência; ali é outro que chega querendo mudar tudo, desconsiderando aqueles que ali já estavam muito antes da sua chegada construindo o que ele encontrou; acolá é aquele que quer colocar o mundo dentro da casa espírita; mais além é aquele outro que quer tirar a casa espírita do mundo… e um sem fim de situações corriqueiras no cotidiano espírita.

 

Cabe às lideranças estabelecer um processo de observação e pacificação. Há que se administrar os conflitos para que as relações não sejam abaladas, pois o relacionamento interpessoal é a coluna vertebral da Casa Espírita; se ele está abalado, não se caminha ou se caminha para o caos. E não adianta julgar. Não adianta vir com aquele discurso que o fulano é espírita e deveria agir assim ou assado, porque todos nós sentimos na pele a dificuldade de sermos na prática tudo o que, teoricamente, sabemos que precisamos ser. Como já dizia o meu velho e sábio avô “muitas pessoas entraram para o Espiritismo, mas o Espiritismo ainda não entrou nelas” … e por falar nisso… Será que o Espiritismo, de verdade, já “entrou” em nós de forma tal que nos confira autoridade para avaliar os demais companheiros como bons ou maus espíritas? Há que se ter a humildade de admitir que todos estamos engatinhando em relação à transformação moral que nos fará o verdadeiro espírita que ainda não somos. Só assim trocaremos o dedo em riste por mãos unidas no mesmo esforço.

 

Um eficaz antídoto contra os atritos é promover a avaliação periódica das atividades do grupo. Mas avaliar não é colocar os companheiros no paredão. Avaliar é reunir todos os trabalhadores sistematicamente, num clima familiar, onde todos são ouvidos de forma democrática e imparcial; é levar a equipe a se debruçar sobre o que está sendo feito, discutir sobre as dificuldades e possibilidades, mantendo, aperfeiçoando ou corrigindo a rota onde for necessário.

 

Mas é também urgente repensar as decisões de cima pra baixo. Não raro, a diretoria decide e os demais trabalhadores executam, sem que de alguma forma tenham sido ouvidos enquanto elementos fundamentais para a execução das tarefas. Questionar nem pensar, sob pena de serem incluídos imediatamente no tratamento de desobsessão diante da afirmativa paternalista que ”o nosso irmão está precisando muito de preces…” esta é a pena impiedosa de descredibilização “caridosamente” imputada àqueles que ousam “subverter” a ordem vigente.

 

E diante disto a gente se pergunta: Quando é que nós espíritas vamos conseguir estabelecer a diferença entre hierarquia e autoritarismo? Quando é que vamos parar de medir o valor dos companheiros pelos cargos que ocupam ou pelos títulos que ostentam? Quando é que vamos parar, enquanto dirigentes, de usar os trabalhadores enquanto mão de obra passiva para projetos que não são de todos, mas de alguns? Quando é que vamos parar de tomar questionamentos legítimos como ofensas pessoais e influência de obsessores? Já passou da hora de abandonar tais heranças reacionárias de existências passadas e avançar para a postura simples, respeitosa e justa que minimamente se espera de uma liderança espírita.

 

A saída é um diálogo constante, fraterno e o mais transparente possível, recorrendo a uma conversa amorosa, não só nas reuniões regulares de avaliação, que é o momento certo de refletir sobre o que não anda bem, mas buscando este diálogo no cotidiano da Instituição – em nível individual ou coletivo – sempre que os problemas surgirem. Omissão por medo de provocar ruptura é um equívoco. Se não criamos coragem de pegar o boi pelos chifres, intervindo junto aos conflitos e divergências quando necessário, estaremos perigosamente contribuindo para que se avolumem. Esconder os problemas não nos liberta deles, pelo contrário, faz com que ganhem força. E de repente lá estão eles, nas conversas de corredor, nos afastamentos repentinos ou nos debates acalorados em momentos impróprios, determinando de forma totalmente negativa a dinâmica das relações e, consequentemente, da Instituição.

 

Poeira acumulada debaixo do tapete leva a uma alergia tal que aos poucos vai tornando impossível a permanência no ambiente, ou seja, se fecharmos os olhos às dificuldades, quando os abrirmos poderemos tristemente constatar o esvaziamento da Casa, de forma literal ou pior: O desencanto, a ausência da fraternidade legítima, a presença pela “obrigatoriedade” de cumprir o compromisso e não pela alegria de estar junto, que é a base de tudo.

 

A responsabilidade é grande. Se não quisermos ser “cegos a guiar cegos”, precisamos compreender que conhecimento doutrinário, por si só, não habilita ninguém a estar à frente de Instituições Espíritas. É preciso também muita autocrítica e um mínimo de humildade. Quando convidados a assumir a liderança de nossos grupos, antes devemos nos perguntar se temos perfil para tal, se temos equilíbrio suficiente para atuar como mediadores, aglutinadores, pacificadores, como líderes e não chefes ou donos de coisa alguma, porque senão, ao menor estranhamento vamos ser os primeiros a pegar a nossa malinha e sair por aí atrás do utópico grupo ideal, deixando para trás companheiros divididos e desnorteados.

 

As chances de êxito são infinitamente maiores quando nos dispomos a exercitar esse tal amor, que não é algo tão longínquo quanto podemos supor; que começa se expressando simplesmente pela valorização dos pontos positivos dos companheiros, em detrimento dos negativos que possam ter; que se faz presente no exercício da tolerância, não porque somos bonzinhos e amamos todos os companheiros de forma igual – porque isto não acontece nesse estágio em que nos encontramos – mas porque temos consciência de que todos estamos no mesmo barco em termos de deficiências espirituais e que cada um precisa da tolerância do outro.

 

Se não buscarmos nutrir pelos companheiros esse amor possível, vamos continuar brincando de espírita bonzinho e, no fundo, só nos aturando, assim como qualquer profissional no seu ambiente de trabalho. Mas se existir afeto, a gente cede aqui, cede ali ou não cede, porque existem coisas que não dá para transigir, mas diz o que tem que dizer de uma forma sincera, porém amorosa, fraterna e, lembrando Jesus, vamos conversando com o nosso irmão em reservado “e se ele vos entender”, diz o mestre, “então tereis ganho o vosso irmão”.

 

Difícil?… Mas quem foi que disse que é fácil evoluir… e que se evolui sem conviver?!?

 

Pensemos nisto.

Joana Abranches – Assistente Social e Presidente da Sociedade Espírita Amor Fraterno – Vitória/ES

Fonte: Espiritualidade e Sociedade

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Mediunidade – Questões relevantes

Questões preparadas pelo Grupo Espírita Bezerra de Menezes

Todos somos médiuns?

Todos somos portadores da mediunidade natural que é o canal psíquico pelo qual recebemos as influências boas ou ruins que estimulam as experiências do Espírito na vida terrena. Porém, nem todos somos médiuns, conforme denominou Allan Kardec.

Então o que é um médium?

Segundo Allan Kardec, médium é todo aquele que sente a presença ostensiva dos Espíritos, seria aquele que serviria de ponte entre o mundo visível e o invisível. A prática da mediunidade é o intercâmbio entre o mundo físico e o mundo espiritual. A faculdade mediúnica liga-se a uma disposição orgânica, porém o uso que se faz.

Como sabemos se somos médiuns? E se formos, o que devemos fazer?

Allan Kardec diz que todos somos mais ou menos médiuns, pois todos possuem a mediunidade natural, canal psíquico através do qual somos estimulados ao crescimento. Entretanto, médiuns propriamente ditos são aqueles que recebem manifestações ostensivas dos Espíritos. A única forma de sabermos se temos ou não mediunidade ostensiva é nos colocando como servidores sinceros da causa de Jesus. Ou seja, deveremos primeiro fazer parte da equipe de trabalhadores de uma casa espírita e lá, através dos estudos sérios e da disciplina interior, procurarmos entender antes as nuanças do contato com os Espíritos. Allan Kardec diz em O Livro dos Médiuns, que não se deve nunca iniciar um trabalho de intercâmbio espiritual sem estudar a mediunidade. Existem algumas pessoas que sentem influências dos Espíritos, em diversos graus de intensidade, e acham que, por isso, estão prontas para trabalhar nesse campo. Geralmente não aceitam a idéia de que precisam se instruir mais e mais. Vão às casas espíritas somente para trabalhar com mediunidade e se não a aceitam naquela, buscam outra, e assim permanecem por toda a vida.

Isto pode acarretar algum problema para as pessoas?

Sim, pode. Desde perturbações leves, até obsessões graves, o que infelizmente não é pouco freqüente, pela forma com que a mediunidade é tratada no Brasil. Todos somos suscetíveis às más influências devido às imperfeições próprias dos Espíritos que habitam os planetas de provas e expiações. Em muito maior escala são os médiuns que, se não cuidam do estudo e do preparo moral, funcionam como verdadeiras antenas e situam-se como focos freqüentes de perturbações espirituais. Se os médiuns não tiverem os cuidados necessários com a sua edificação e se colocarem a serviço do intercâmbio sem o devido preparo, poderão cair presas de Espíritos pouco adiantados de que está cheia a atmosfera.

Podemos nos comunicar com outros Espíritos?

Sim. Todos somos Espíritos vivendo em planos diferentes da vida e estamos mergulhados na atmosfera fluídica que nos rodeia e serve de elemento de contato. Portanto, podemos nos comunicar com o mundo espiritual freqüentemente, seja através da mediunidade ostensiva consciente, dos fenômenos inconscientes, das preces ou intuições que recebemos constantemente do mundo espiritual.

Existe a incorporação de Espíritos?

No sentido semântico do termo não existe incorporação, pois nenhum Espírito conseguiria tomar o corpo de outra pessoa, assumindo o lugar da sua Alma. O que ocorre é que o médium e o Espírito se comunicam de perispírito a perispírito, ou seja mente a mente, dando a impressão de que o médium está incorporado. Na mediunidade equilibrada, o médium tem um maior controle de sua faculdade e o fenômeno mediúnico acontece mais a nível mental. Nos processos obsessivos graves (doenças mórbidas causadas por Espíritos inferiores), onde a mediunidade está perturbada, podem ocorrer crises nervosas. Observadores de pouco conhecimento podem achar que um Espírito mau apoderou-se do corpo do enfermo. Foi esse fenômeno que deu origem às práticas de exorcismo.

Tenho bastante dificuldade para definir a diferença entre Clarividência, Vidência, Audiência, Clariaudiência, Dupla vista.

A vidência e a clarividência são essencialmente anímicas. Trata-se da visão que o próprio Espírito encarnado tem do mundo invisível. Não há interferência de Espíritos e por isso não deveria (segundo Allan Kardec), ser considerada mediunidade. Mas, para fins de classificação, ele é tida como sendo uma mediunidade. Mesmo nos casos em que um Espírito amigo mostra um quadro projetado no ambiente astral, ainda assim, é o médium quem vê. Há ajuda na formação do quadro, mas não na visão propriamente dita. Vidência é a faculdade superficial. Clarividência, a mesma faculdade, mas com alcance mais profundo, podendo estender-se no espaço e (em alguns casos) no tempo. A dupla-vista é a clarividência, acompanhada da projeção do Espírito no mundo astral. Trata-se do chamado “desdobramento”. Entendemos a mediunidade de audiência como aquela em que a voz aparece na intimidade do ser. A clariaudiência é diferente, por tratar-se de uma voz clara, exterior.

O que é ideoplastia?

Ideoplastia é um fenômeno de transfiguração que pode acontecer durante as manifestações dos Espíritos. Quando a influência do desencarnado é muito intensa junto do campo psicossomático do médium ele poderá assumir algumas feições do comunicante.

Já que não existe a incorporação, como médiuns dão passividade a Espíritos menos esclarecidos, tomando formas físicas diferentes, falando com voz alterada. Isto seria charlatanismo?

O processo de incorporação tal qual essa palavra exprime não existe, pois ninguém pode “entrar” no corpo de outro. Mas o Espírito pode, e é isso o que normalmente faz, agir no campo mental através de sintonia (e por afinidade fluídica), assumindo a personalidade e a vontade do indivíduo. Nos casos de subjugação, por exemplo, o domínio é tão intenso que dá a impressão que o Espírito toma posse do corpo da pessoa. Na prática da mediunidade, quanto maior o esclarecimento do médium menor o domínio que o Espírito terá sobre ele. Se tem pouco esclarecimento sobre essa faculdade, certamente deixará que Espíritos pouco adiantados a usem da forma que bem entenderem. No que diz respeito a mudança de fisionomia, Allan Kardec instrui que trata-se do fenômeno da transfiguração, coisa mais comum nas manifestações dos Espíritos inferiores, podendo, sem dúvida acontecer também com os superiores.

Qual o conceito e as características de médiuns curadores e médiuns pneumatógrafos?

Os médiuns curadores são aqueles que têm o dom de curar com a imposição das mãos (em alguns casos com o olhar ou com fenômenos provocados à distância), secundados pelos Espíritos que trabalham na área de cura das enfermidades físicas. Allan Kardec diz que são pessoas que possuem um fluido humano especial, que potencializado pelos fluidos do mundo dos Espíritos, podem modificar a estrutura da matéria, promovendo as curas.
Os médiuns pneumatógrafos são aqueles que têm aptidão para obter a escrita direta dos Espíritos em papel guardado em gavetas ou recipientes fechados. Ou seja, o médium doa de seu fluido especial para que os Espíritos escrevam diretamente sobre o papel. É muito rara e limita-se aos casos de comprovação da existência das potências ocultas e sua influência no mundo material.

Gostaria de saber se existe algum método para aprofundar o dom da mediunidade, se existe algum meio de “exercitar” a mediunidade.

O melhor meio para exercitar a mediunidade é ingressando nas fileiras de trabalhadores de uma casa espírita idônea, que prime pelos estudos em todos os sentidos. Sem o estudo sério, disciplinado e consequentemente a necessidade da reforma interior, a possibilidade de cair sob a influência dos Espíritos enganadores é muito grande. O exercício da mediunidade deve ser feito dentro de um sentimento de dedicação, abnegação e sinceridade, a fim de que possa-se merecer a atenção dos bons Espíritos. Desconfie sempre de quem “descobre” sua mediunidade à primeira vista. A mediunidade é estudo e prática.

Em que estado permanece o Espírito do médium quando este recebe uma entidade desencarnada? Seu Espírito continua em seu corpo ou fica à sua volta? A Codificação fala algo sobre este assunto?

O processo de influenciação do médium pelo Espírito se dá todo no campo mental. O médium é consciente de seu trabalho e quanto mais desenvolvido nas lides mediúnicas, mais consciente de sua capacidade permanece. Tudo se dá no sentido da afinidade fluídica, estimulando a mente do médium a transmitir as sensações do mundo invisível à sua volta. A influência será mais ou menos intensa, conforme o grau intensidade da faculdade. Mesmos nos casos de mediunidade sonambúlica, o médium jamais abandona seu corpo físico.

Devemos acreditar em tudo o que os Espíritos dizem?

Os Espíritos desencarnados são almas de homens que já viveram na Terra. Portanto podem ser portadores dos defeitos e qualidades que tinham quando encarnados. Podemos acreditar nas palavras dos homens bons, mas não devemos dar crédito aos conselhos daqueles de má índole. Da mesma forma deveremos proceder com o mundo dos Espíritos. Devemos analisar cada comunicação dada pelos Espíritos, qualquer que seja o nome que assinem. Os bons trazem mensagens edificantes e com algum fim útil e querem sempre o bem da humanidade. Os atrasados ou maus podem nos enganar com palavras belas e melífluas, podendo tomar emprestado nomes de pessoas conhecidas ou Espíritos iluminados para nos impressionar. Desses devemos nos precaver, conforme nos ensina Allan Kardec em O Livro dos Médiuns.

Alguém pode ser obrigado a desenvolver sua mediunidade?

Ninguém é obrigado a desenvolver a mediunidade. É errada a idéia de que a mediunidade é a causa de sofrimentos e desajustes das pessoas. Geralmente, sofre-se por ignorância e por falta de cuidados com a vida no plano material. Aqueles que quiserem dedicar-se à tarefa mediúnica deverão trabalhar para vencer suas imperfeições, além de ter que estudar a Doutrina Espírita com seriedade e disciplina. Um médium que não toma esses cuidados, poderá permanecer sob a influência dos Espíritos maus. Quem for médium e não quiser praticar sua mediunidade, deverá pelo menos esforçar-se para sua melhoria moral, procurando libertar-se dos vícios mais grosseiros (cigarro, bebida e drogas).

As cirurgias espirituais são realmente feitas por Espíritos? Nesse caso, como pode um Espírito elevado ser antiético, exercendo ilegalmente a medicina?

Sim, as cirurgias espirituais são feitas por Espíritos de médicos que atuam no corpo perispiritual, utilizando de técnicas ligadas à ciência médica, usando fluidos humanos e espirituais, nada fazendo nesse campo que fira as leis humanas. Um Espírito elevado jamais transgride qualquer lei. As curas realizadas em nome do Espiritismo praticado com seriedade, são feitas utilizando apenas a fluidoterapia. As cirurgias mediúnicas feitas com instrumentos cortantes, podem ser feitas por Espíritos superiores, mas não são consideradas trabalhos espíritas. Em alguns casos de cirurgias de corte, como os de José Pedro de Freitas (Arigó) e Edson Queiroz, existia uma missão a ser cumprida e visava chamar a atenção da comunidade científica para a realidade da vida espiritual. E parece que conseguiu, porém sem maiores conseqüências pelo próprio atraso do homem para a compreensão das coisas do Espírito. Pelo lado prático, no entanto, as cirurgias mediúnicas com instrumentos cortantes não devem ser praticadas em centros espíritas orientados pela doutrina de Allan Kardec, justamente por ferir a legislação vigente e não tratar-se de uma prática que possa ser exercitada por qualquer pessoa. As curas no Espiritismo são feitas exclusivamente com a imposição de mãos.

Gostaria de saber, se é possível uma pessoa que está estudando kardecismo não poder ajudar por não ter dons mediúnicos. E no caso, o que as pessoas devem fazer para saber se têm dons ou não?

Qualquer pessoa pode ajudar no centro espírita, desde que disponha de boa vontade e preparo moral e doutrinário adequados. Isso se consegue com estudo e boa dose de seriedade, dedicação, abnegação e disciplina. Não é necessário ter dons mediúnicos para servir. Existem inúmeras frentes de trabalho nas casas espíritas onde se pode desempenhar tarefas que não dependem da mediunidade. Para se saber dos possíveis dons mediúnicos, Allan Kardec nos diz que devemos testar as pessoas. Não existe uma fórmula e nem podemos adivinhar quem tem ou não. Os melhores servidores nesta área são aqueles formados dentro das casas espíritas que tratam o estudo da Doutrina Espírita com seriedade. Aqui entra a grande responsabilidade do dirigente que teoricamente deveria estar apto a conduzir as pessoas de forma equilibrada ao desenvolvimento e exercício desta nobre tarefa. Os médiuns ostensivos, que já demonstram algum dom desde cedo, devem ser submetidos igualmente ao estudo disciplinado e à orientação de alguém experiente dentro do centro espírita que possa dar-lhe direcionamento seguro de sua faculdade. Caso contrário, poderá desequilibrar-se.

É certo o procedimento que alguns centros espíritas têm de colocar pessoas, que estão indo pela primeira vez à casa, em trabalhos mediúnicos?

Allan Kardec diz que não se deve lidar com a mediunidade sem conhecê-la. O bom senso e a razão nos falam a mesma coisa. Em todos os departamentos da vida o homem busca aperfeiçoar-se para servir melhor. Sem conhecer o seu ofício não poderá desempenhar a tarefa a que se propõe com conhecimento de causa. Portanto, colocar pessoas para lidar com Espíritos sem se preparar para isso é o mesmo que realizar experiências químicas sem conhecer as leis da química, diz o Codificador. Seria uma insensatez. Os medianeiros devem ser preparados com muita cautela para servir nesse campo. Primeiro devem estar inseridos nos trabalhos habituais da casa, servindo com dedicação e seriedade, transformando-se em trabalhadores. Devem ser instruídos nas aulas sobre a Doutrina Espírita e depois, então, poderão ser experimentados no ministério da mediunidade. A pessoa que chega à casa espírita pela primeira vez com a intenção de servir apenas no campo da mediunidade, não entendeu ainda o papel do Espiritismo em sua vida, muito menos a oportunidade que está tendo de servir com equilíbrio no campo do Bem. Necessita de instrução nesse ponto. Se for sincero o seu desejo de servir, permanecerá no aprendizado. Se não, procurará outra casa que lhe dê o que deseja.

Há algum impedimento de mulheres grávidas participarem de reuniões mediúnicas?

Não é aconselhável. O processo reencarnatório do Espírito é uma experiência delicada que envolve muitos aspectos energéticos e psíquicos. Um deles é o estado psicológico da mãe que, sem sombra de dúvidas, se altera por alguns meses, enquanto aguarda a chegada do Espírito que lhe foi encaminhado como filho. Ela necessita de tranqüilidade, descanso e não deve se submeter a atividades que lhe exijam grandes perdas de energias de qualquer natureza. Sabe-se que, nas atividades de intercâmbio espiritual, há toda uma movimentação de fluidos energizados, podendo haver gastos que poderá ser prejudicial para a mulher em estado de gravidez. Além disso, há o aspecto do reencarnante. É sabido pela ciência oficial da extrema importância do equilíbrio e interação mãe-filho desde o ventre. Por conta disso é prudente que se isente a mulher grávida das tarefas da mediunidade. O melhor que ela poderá fazer será cuidar de ter seu bebê em paz. Ao fazê-lo, estará praticando a caridade maior, que é a de dar vida a um novo ser. Quando puder, retornará às suas atividades mediúnicas normalmente.

Pode o Espírito encarnado promover fenômenos físicos, tipo materialização ou transporte de objetos, sem o concurso dos Espíritos do mundo invisível?

O fenômeno de transporte, materialização, transcomunicação ou qualquer outro de efeitos físicos, necessita do concurso dos Espíritos desencarnados, pois segundo Allan Kardec, em o Livro dos Médiuns, capítulo IV, é necessária a união do fluido animalizado perispiritual (do médium) com o fluido universal do Espírito para que aconteçam esses os fenômenos. Não pode ser isolado, ou seja sem o concurso de ambas as partes. Alguns manipuladores desses fenômenos não acreditam em Espíritos, porém, mesmo assim, estão sempre secundados por eles.

Fonte: Portal da Casa Espírita Nova Era – Blumenau – Santa Catarina – SC

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