O Álcool e o jargão: “SOB A ÓTICA ESPÍRITA”
Luiz Paiva
Algo que está se tornando muito comum nos dias de hoje, nos mais variados artigos publicados em diversos meios de comunicação, é o jargão: “sob a ótica espírita”, e daí surgem muitos pensamentos que geram mais dúvidas do que certezas nas mais diversas áreas do Espiritismo e sobre as drogas não é diferente.
O Espiritismo não proíbe nada ao homem, mas, melhor esclarecido pelas leis naturais e prestando atenção às orientações do nosso Mestre, Nosso Senhor Jesus Cristo, vamos perceber que o Espiritismo é um guia seguro para esclarecer as coisas que entesouram e enobrecem o coração humano, assim como aquelas que o empobrecem…
O verdadeiro segredo em nosso entendimento certamente estará no equilíbrio e no bom senso com relação ao uso que se faz das coisas. O alimento é essencial para o nosso corpo, mas em excesso faz mal, pois ao invés de manter a saúde, causa as mais variadas doenças.
A questão dos males provocados pela bebida alcoólica e quaisquer outras drogas, em nossa opinião, além das questões físicas e sociais, está na violação do cérebro humano que necessita estar sóbrio e livre de quaisquer influências artificiais, porque é para o homem um intermediário entre o corpo físico e a mente e, por isso, quando embaralhado por substâncias tóxicas, quaisquer que sejam elas e em qualquer quantidade e grau de toxidade, deixa de cumprir seus objetivos mais nobres sendo rebaixado às áreas mais inferiores das vibrações mentais, identificando-se com espíritos de baixo nível de teor vibratório por sua natureza ainda inferior e que se encontram em estado laborativo no seu progresso próprio, assim como nós em nossas correspondentes gradações morais.
Como esclarece a questão 459 do Livro dos Espíritos, a influência dos Espíritos em nossos pensamentos nas nossas experiências diárias é muito maior do que possamos imaginar, inclusive, com muita frequência são eles que nos dirigem e, sabendo disso, podemos perguntar: que tipo de espíritos estarão a nos rondar? E a resposta é fácil: são aqueles que se identificam com os nossos interesses. Trata-se aqui, pois, de uma questão de pura afinidade que podemos facilmente entender através das leis da química e da física.
Além desse respeito que nos vemos na obrigação de ter com esse órgão tão importante do corpo físico, o cérebro, em razão de seu contato direto com a mente e com as decisões do Espírito que o habita temporariamente, vemos no exemplo que passamos aos mais jovens, especialmente às crianças quando utilizamos quaisquer tipos de drogas e palavreados de baixo calão moral, os maiores prejuízos à nossa sociedade atual, porque, pasmem! Estes maus exemplos são comuns e rotineiros e o que nos espanta mais são o grande número de “espíritas” que os defendem com absoluta naturalidade. Em alguns casos, em eventos que se promovem com a alegação “pecaminosa” de que os fins justificam os meios.
Não deixamos de nos lembrar da nossa infância e das influências negativas que colaboraram para que nos tornássemos escravos dos vícios por várias décadas, finalizando esses vícios a partir de um estudo sério da Doutrina Espírita, a qual, pregamos principalmente para nós mesmos, não deixando nunca de divulgar, uma vez que nada de mal pode trazer a qualquer cidadão, somente o bem, pois trata-se de um aprofundamento das lições divinas da Boa Nova que nos foi trazida pelo Cristo.
O Espírita mais convicto que busca de fato vencer suas próprias más inclinações, o que identifica o verdadeiro Espírita, segundo Kardec, provavelmente tenha na humildade a sua qualidade mais importante, porque sabe que sem ela nada poderá fazer para vencer a si mesmo, o que convenhamos, não é nada fácil para ninguém que vive num plano de provas e expiações como o nosso que está ainda bem distante dos planos regeneratórios, contrariando muitas opiniões de ilustres e inteligentes cidadãos espíritas, que interpretam os postulados espíritas segundo suas próprias visões e convicções muitas vezes ilusórias e equivocadas. Pior ainda, quando fazem referência aos espíritos encarnados mais nobres que há entre nós, como aqueles que já partiram a algum tempo, dizendo coisas como se estivessem falando em seus nomes, estabelecendo datas e fazendo previsões na maioria das vezes completamente descabidas, pois que só fazem alarido e causam preocupações desnecessárias aos mais incautos e desavisados que não estudam o Espiritismo e se o fazem, estão ainda mais na fase inicial do encantamento e da curiosidade.
Há, também, o encantamento com os divulgadores e palestrantes que falam de coisas com as quais concordamos plenamente e acabamos assumindo posturas que nem mesmo são nossas, perdendo a oportunidade mais importante que é o desenvolvimento de nossas próprias ideias a partir de nossa consciência que é exatamente o que os Espíritos de Luz nos aconselham sabiamente a fazer.
Ainda sobre o álcool, se com a mente sóbria já servimos muitas vezes mal e porcamente ao Mestre, imagina com ela embaralhada pelo álcool e ainda exposta aos irmãos desencarnados inferiores que se aproveitam desses nossos descuidos…
Nosso organismo foi projetado para viver bem conforme a alimentação que consome dentro dos limites do necessário e nem um “pouquinho” além disso, assim como nem menos do que o necessário. Mas, uma coisa é certa, nosso organismo não foi projetado para processar o álcool, assim como o excesso de quaisquer outros alimentos, como chocolate, por exemplo, mas quem de nós não vive travando uma luta interior em razão dessas questões de como alimentar bem o corpo e também a mente … E essa última acho que sabemos todos o quanto é difícil…
Foi o homem que inventou a gastronomia para saborear os prazeres e delícias que nem sempre representam alimentos ideais… animais são sacrificados para saciar os prazeres humanos, mas não significa que a carne ainda não seja uma fonte importante de proteínas, as quais, nestes tempos em que vivemos não podemos ainda abrir mão de fazer uso por causa de alguns fanáticos que analisam as coisas de forma radical, muito embora todos tenham direito de terem suas próprias opiniões e o livre arbítrio para agirem da sua própria maneira, pois todos somos responsáveis pelas consequências das nossas decisões, tanto as que nos atingem diretamente como pelos demais que são por elas influenciados.
Sobre o álcool, especialmente, a questão mais importante para nós está no exemplo que pode incentivar as crianças, e isso, simplesmente porque nos lembramos muito bem do nosso tempo de criança e as influências dos adultos que foram fundamentais para as nossas piores escolhas desta existência ligadas ao álcool, fumo e drogas injetáveis.
Não estamos aventando esta possibilidade, mas sim, da forma mais simples possível AFIRMANDO isso, pois aconteceu conosco e não conhecemos nenhum ser humano na terra que possa nos provar o contrário… mesmo que gostássemos muito de encontrar alguém com autoridade moral pra isso, o que nos seria de grande valia e consolo, embora não apagasse nossos erros, até agora não foi possível…mas, quem sabe… por enquanto cremos cegamente, conquanto nem tão cegos assim, em Nosso Senhor Jesus Cristo e com Ele nos esforçamos para ser um, para podermos ser um com o nosso próximo também.
Pensemos com o Mestre para podermos ser úteis aos nossos irmãos de jornada, com os quais temos grandes responsabilidades a cumprir.