Cuidar do corpo e do espírito

Américo Domingos Nunes Filho

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A Medicina enfatiza a consideração dos cuidados a serem observados para se ter uma vida saudável, informando o que fazer para proteger o corpo e de se proteger contra os fatores de risco que influenciam o coração e o sistema circulatório, facilitando o aparecimento das doenças cardíacas e dos acidentes vásculo-cerebrais.

É imprescindível evitar o sedentarismo, o excesso de peso, a ingestão de gorduras perniciosas. O indivíduo que não se cuida adequadamente, com desfavorável estilo de vida, dominado pelos vícios e excessos de toda ordem, terá o seu corpo somático acometido de intensos desgastes, com comprometimento dos órgãos essenciais, acarretando a falta de retenção do fluido vital (Questões 68 e 70 de “OLE”) e, com a morte do corpo, o lento e difícil desprendimento da alma, processo conhecido como suicídio indireto.

Há alguns dias, encontrava-me, na fila de compra do setor de frios de um supermercado, quando a pessoa, na minha frente, bem obesa, solicita ao atendente, que lhe servisse de presunto com capa de gordura. De imediato, meditei na importância da elaboração desses artigos, objetivando a instrução dos indivíduos que ignoram a alimentação saudável e se constituem em candidatos à morte prematura, vivenciando intenso sofrimento além-túmulo.

É indispensável a consulta médica periódica, quando será feito o exame físico, sendo auferida a medida da pressão arterial, anotados o peso e a estatura, auscultados o coração e os pulmões, palpadas as áreas importantes do corpo e solicitados os exames laboratoriais de praxe, principalmente o exame de sangue, em especial o hemograma, a dosagem da glicose, uréia, creatinina e o lipidograma total, quando se constatarão os níveis do colesterol total, do LDL (prejudicial à saúde), do HDL (bom colesterol) e dos triglicérides.

Grau de obesidade

Para comprovação do grau de obesidade do paciente, é realizado um método simples e amplamente difundido de se medir a gordura corporal. É o IMC (Índice de Massa Corporal), sendo calculado dividindo o peso do indivíduo em quilos pelo quadrado de sua altura em metros. O normal é 18.5 a 24.9.

Sobrepeso: 25.0 a 29.9.

Obesidade grau I (moderada): 30.0 a 34.9.

Obesidade grau II (severa): 35.0 a 39.9.

Obesidade grau III (mórbida) = 40.0.

Igualmente, pode-se também empregar o método da Circunferência da Cintura (barriga). A gordura depositada na parede abdominal indica acometimento das vísceras, incluindo o fígado. Essa gordura, com facilidade, deposita-se nas artérias. É o principal indicador de obesidade e está mais associado às doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial.

Medida normal

A medida normal, na área do umbigo: <94cm nos homens e <80 cm nas mulheres. A circunferência preocupante (94-102cm nos homens e 80-88cm nas mulheres). A circunferência muito preocupante (>102cm nos homens e >88cm nas mulheres). Em medicina se conhece, como síndrome metabólica, a associação de hipertensão arterial, barriga avantajada e colesterol alto. A obesidade abdominal tem relação com a resistência à insulina: ação do hormônio não é ideal, não tem sua atividade plena, prejudicando o aproveitamento da glicose pelas células.

Obesidade

A obesidade abdominal está arrolada com o depósito acentuado de triglicérides ou triglicerídeos, que são gorduras com maior fonte de energia. Em excesso, depositam-se nos vasos arteriais (aumento no risco de doenças cardiocerebrovasculares). Os triglicérides ou triglicerídeos são resultantes da alimentação (80%) e igualmente produzidos no fígado (20%). Em excesso, são tão perigosos quanto os altos níveis de colesterol. Alimentos doces e farináceos ajudam na sua absorção.

O que fazer, então, para se desfrutar de boa saúde? Muito importante a prática de exercícios físicos, principalmente as caminhadas diárias com a duração mínima de 30 minutos. Fundamental a alimentação com frutas, hortaliças, grãos de cereais e óleos insaturados. Essencial consumir comida com pouco sal e açúcar; e, com moderação, café e as bebidas alcoólicas. Necessária também é uma boa noite de sono, evitando as bebidas cafeinadas a partir da tarde. Em relação às proteínas, evitar carne de suínos e escolher de preferência peixes (contém também a benéfica gordura ômega) e soja (importante fonte de fitoestrogênios). Quanto à carne de vaca, preferir o consumo de cortes magros. O excesso de consumo de proteínas não é saudável desde que o excedente será armazenado na forma de gordura. Quanto aos laticínios, deve-se comprar os que contêm baixos teores de gordura ou mesmo completamente desnatados.

Gorduras e fibras

A ingestão de gorduras deve ser moderada, fugindo das saturadas que estimulam o fígado a produzir LDL, e dando preferência às não saturadas encontradas em óleos vegetais (azeite, canola, etc.), frutos oleaginosos como o abacate, nos peixes gordurosos como arenque, sardinha, atum, cavalinha, salmão, ricos em ácidos graxos ômega-3, importantes na prevenção de acidentes vásculo-cerebrais, porquanto diminuem a viscosidade sanguínea. Quanto às gorduras trans, afastá-las, de imediato, do cardápio. Verificar sempre nos alimentos industrializados a presença da perigosa gordura vegetal hidrogenada, principalmente em biscoitos, massas, bolos, tortas, pães. Não ingerir frituras, porquanto o óleo em ebulição transforma-se em gordura trans.

O consumo de fibras solúveis e insolúveis deve ser sempre ressaltado, já que ajuda a reduzir o risco de doença cardíaca, impedindo a absorção de colesterol no intestino. São encontradas nos amiláceos integrais, farelos, leguminosas, aveia, frutos oleaginosos, hortaliças, sementes, etc.

Quanto à água, deve-se beber pelo menos oito copos por dia. O ideal é aumentar a ingestão de líquidos no caso de se alimentar de muitas fibras. Deve-se estimular o consumo de sucos de frutas, deixando de lado os refrigerantes.

Um capítulo à parte na boa alimentação é se nutrir com os antioxidantes, que ajudam na neutralização dos radicais livres que são perniciosos à saúde, promovendo o entupimento dos vasos arteriais (aterosclerose). Principais fontes são as frutas cítricas, alimentos ricos em vitamina D, betacarotenos, selênio, manganês, zinco, flavonoides, etc. O açaí, couve e acerola são fontes importantes de antioxidantes.

Portanto, o homem tem o dever de alimentar-se bem, velando pela conservação do seu corpo, “templo do Espírito Santo”, conforme foi dito por Paulo, em Carta aos Coríntios, Cap. três, Versículo dezesseis.

Assim sendo, é imprescindível para o espírito reencarnante, em sua trajetória evolutiva, procurar cuidar do seu corpo provisório, intentando investir na higiene, instrução e saúde para ser produtiva a sua reencarnação e não precisar passar pelo atroz sofrimento espiritual de uma desencarnação precoce.

Américo Domingos Nunes Filho

Fonte: Correio Espírita

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Os 162 anos de “O livro dos Médiuns”

Por Sérgio Thiesen

O Professor francês, didaticamente, começou a escrever sobre a mediunidade no seu “Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas” (1858), obra que desempenhou papel inestimável nos primórdios da Codificação Espírita. Depois, em 1861, foi lançado um novo trabalho, muito mais completo: “O livro dos Médiuns”.

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“O livro dos Médiuns”, ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, segunda obra da Codificação Espírita, foi publicada em 15 de janeiro de 1861, em Paris, e tem como conteúdo doutrinário:

“O ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo, constituindo o seguimento de “O livro dos Espíritos”.”

É obra destinada a todos os espíritas e estudiosos dos fenômenos produzidos pelos desencarnados, não só para os trabalhadores da mediunidade. Encontramos nela explicações essenciais para a prática espírita equilibrada; condições seguras favoráveis à manifestação dos Espíritos e as implicações daí decorrentes (dificuldades, empecilhos, equívocos etc.); como obter assistência dos bons Espíritos, recebendo deles boas comunicações; como desenvolver discernimento sobre a influência moral e do meio nas comunicações; saber avaliar as mensagens mediúnicas e a sua procedência, utilizando, entre outros, o critério da linguagem usada pelo comunicante, identificando-o acertadamente, se for o caso, sobretudo se o seu nome faz vinculações com personalidade de destaque ou conhecida; entender os mecanismos da obsessão, suas características, graus, tipos e formas de prevenção; orientar-se quanto à organização das sociedades espíritas, em geral, e dos grupos mediúnicos em particular.

Facsímile da capa original de “O Livro dos Médiuns”; imagem de domínio público.

Importa considerar que “O livro dos Médiuns” é um desdobramento de trabalho anteriormente escrito por Kardec.

Cerca de um ano após o lançamento da primeira edição de “O livro dos Espíritos”, cujo sucesso surpreendeu o próprio Allan Kardec, julgou este por bem editar uma espécie de manual essencialmente prático, que contemplasse a exposição completa das condições necessárias para a comunicação com os Espíritos e os meios de desenvolver a faculdade mediúnica.

Essa providência revelou-se de suma importância, porque apontava um rumo, uma direção segura a quantos quisessem familiarizar-se com os mecanismos que possibilitam o intercâmbio espiritual entre os dois planos da vida, uma espécie de vade-mécum destinado a orientar corretamente as pessoas que, com a sistematização do Espiritismo em corpo de doutrina, passaram a interessar-se pelos fenômenos mediúnicos. Deu-lhe o Codificador da Doutrina o título de “Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas” (1858).

Não obstante o papel inestimável que esse livro desempenhou nos primórdios da Codificação Espírita, Allan Kardec avisou aos leitores da “Revue Spirite” (agosto de 1860) que aquela obra estava inteiramente esgotada e não seria reimpressa. Novo trabalho, muito mais completo e que seguiria outro plano, viria substituí-la dentro de pouco tempo. Foi a primeira referência ao lançamento de “O livro dos Médiuns”, publicado em 1861.

Organização de “O livro dos Médiuns”

Introdução: Kardec fornece explicações relativas à natureza da obra e às condições sérias de realização da reunião mediúnica. Ensina que, a despeito da faculdade mediúnica ser inerente ao ser humano, o desenvolvimento da mediunidade depende do esforço do médium em querer se transformar em legítimo instrumento de comunicação entre os dois planos da vida e da possibilidade dos Espíritos poderem manifestar-se.

Primeira Parte – Noções Preliminares: organizada em quatro capítulos (Há espíritos?; O maravilhoso e o sobrenatural; Método; Sistemas), Kardec analisa questões cruciais relacionadas à prática mediúnica, apresentando lúcidas argumentações sobre o método de investigação utilizado para comprovar os fenômenos mediúnicos, a imortalidade e sobrevivência do Espírito após a morte, o caráter não “miraculoso” ou “sobrenatural” das mensagens espíritas e as condições que justificam as comunicações dos Espíritos.

Segunda Parte – Manifestações Espíritas: composta de 32 capítulos, assim denominados: Ação dos espíritos sobre a matéria; Manifestações físicas. Mesas girantes; Manifestações inteligentes; Teoria das manifestações físicas; Manifestações físicas espontâneas; Manifestações visuais; Bicorporeidade e transfiguração; Laboratório do mundo invisível; Lugares assombrados; Natureza das comunicações; Sematologia e tiptologia; Pneumatografia ou escrita direta. Pneumatofonia; Psicografia; Médiuns; Médiuns escreventes ou psicógrafos; Médiuns especiais; Formação dos médiuns; Inconvenientes e perigos da mediunidade; O papel dos médiuns nas comunicações espíritas; Influência moral do médium; Influência do meio; Mediunidade nos animais; Obsessão; Identidade dos Espíritos; Evocações; Perguntas que se podem fazer aos Espíritos; Contradições e mistificações; Charlatanismo e embuste; Reuniões e sociedades espíritas; Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas; Dissertações espíritas; Vocabulário espírita. Encontramos nessa parte o referencial espírita para a organização e funcionamento do trabalho mediúnico: comunicabilidade dos Espíritos, as relações com os encarnados e as influências, ocultas ou evidentes, boas ou más, sutis ou patentes, por eles exercidas.

Allan Kardec sempre se manteve fiel (e coerente) aos ensinos transmitidos pelos Espíritos orientadores da Humanidade, retirando de “O livro dos Espíritos” os subsídios necessários para a construção das demais obras de sua autoria. Desenvolveu, para tanto, metodologia adequada de investigação e análise, evitando premissas falsas e conclusões equivocadas. Neste contexto, concluiu que a Doutrina Espírita apresenta dois grandes fundamentos, que não devem ser ignorados pelo adepto: o esclarecimento doutrinário, obtido pelo estudo regular, e a melhoria moral, adquirida pelo combate às imperfeições:

“Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Portanto, quem quiser conhecê-lo seriamente deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e convencer-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido como se estivéssemos brincando. […]”.

Afirma, também, em outro momento: “[…] O verdadeiro espírita jamais deixará de fazer o bem. Há corações aflitos a aliviar, consolações a dispensar, desesperos a acalmar, reformas morais a operar. Essa é a sua missão e aí ele encontrará a verdadeira satisfação. […]”.

Um ponto muito importante, entre tantos veiculados pela obra, e que traça diretrizes para a correta prática mediúnica, é a desmistificação dos conceitos de médium – pessoa que veicula ideias, vontades e sentimentos dos Espíritos comunicantes – e de mediunidade – faculdade inerente ao psiquismo humano, independentemente do patamar evolutivo do medianeiro. Em consequência, Kardec e os Espíritos orientadores preferem considerar os médiuns como intérpretes, que podem ser bons ou ruins, dando preferência àqueles que não interferem nas ideias transmitidas pelos Espíritos, os quais “[…] procuram o intérprete que mais simpatize com eles e que exprima com mais exatidão os seus pensamentos. […]”.

Vale a leitura, releitura, exame minucioso, estudo e valorização da obra em nossas fileiras e por cada um de nós.

Fica a dica!

Fonte: Portal da Casa Espírita Nova Era – Blumenau – Santa Catarina – SC

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Advertências Espirituais

Deolindo Amorim

“Não acredito muito nessas coisas… Mas senti a presença de minha mãe e modifiquei o que estava escrevendo.”

Assim me falou, certa vez, um conhecido meu, faz alguns anos. Pelo que dizia, era cético em relação a comunicações do mundo espiritual. Disse-me ele, porém, que, tendo sido encarregado de um inquérito administrativo, estava à máquina, redigindo a conclusão do inquérito, mas em termos muito radicais, fazendo uma carga bem forte no funcionário acusado. Iria inutilizá-lo mesmo se não tivesse havido uma intervenção emocional, estranha e inesperada. Intervenção de quem?… Não viu nenhum vulto na sala, mas sentiu uma emoção muito forte, de um momento para outro, e quase chorara, apesar de ser um homem muito frio, por temperamento. Mas ia chorando e parou de escrever. Sentiu a presença de sua mãe, pela vibração, como se estivesse a lhe dizer:

— Meu filho, abrande essa informação; não seja tão rigoroso!

Foi o que ele me contou, embora não acreditasse muito nessas coisas…

Emocionado, como que dominado por uma força amorosa, arrancou o papel da máquina, rasgou tudo e escreveu outra página, muito diferente. Declarou-me que estava convicto da interferência de sua genitora. Ainda bem…

Muitos e muitos casos poderiam ser relatados, especialmente na vida familiar. Ainda que não se dê a presença de um espírito diretamente, por meio de manifestações físicas, o certo é que qualquer pessoa está sujeita a captar influências inesperadas. É a experiência que o demonstra.

Muitas vezes, quando estamos pensando sobre determinados problemas, ou quando estamos escrevendo, ocorrem ideias, que passam como relâmpagos, e nem sempre percebemos que essas ideias são de outra origem. Nosso contato com o mundo espiritual é muito e muito mais frequente do que supomos, o que, aliás, não é novidade para quem está “enfronhado” nesse assunto.

Nossa sensibilidade, desde que tenhamos condições predisponentes, tanto pode ser influenciada, pelas vibrações momentâneas de espíritos desencarnados, o que já aconteceu inúmeras vezes, principalmente com artistas, poetas e homens geniais, como também por motivações diversas, tais como uma paisagem, um quadro, o deslumbramento de um espetáculo como o da Foz de Iguaçu, a melodia de uma canção, etc., etc. Tudo isso, em seu momento, pode dar inspiração como ainda provocar reações especiais.

Contaram-me, por exemplo, que um crítico literário (já desencarnado), ao analisar um livro com o propósito de arrasá-lo, ouviu certa música e ficou tão embevecido, que terminou alternando o tom ferrenho da crítica e dando outra feição, mais amena, aos seus comentários.

Há ocasiões em que a natureza nos fascina de tal forma que chegamos a nos sentir fora do corpo, pois a nossa sensibilidade se eleva instantaneamente acima de todas as contenções da matéria. Lembro-me do que ocorreu comigo, em viagem de Belém do Pará a Manaus, faz algum tempo… Ao contemplar, do avião, a imensa e deslumbrante paisagem amazônica, confesso que fiquei a bem dizer fora de mim. Pouco depois, ao levantar voo em Santarém, à tarde, o avião começou a sobrevoar um trecho impressionante, justamente no chamado ponto das águas trançadas, onde se avista o Rio Solimões. Estava entardecendo… Senti-me tão emocionado, tão absorvido pela paisagem, diante de um espetáculo que eu jamais contemplara em minha vida — o pôr do sol sobre as águas e florestas na região amazônica — que cheguei a fazer uma prece de contentamento como se estivesse extasiado, perante tanta beleza natural, e falei assim, intimamente:

— Meu Deus, como é bela a Tua criação!…

A vida nos mostra muita coisa triste e horrenda, mas precisamos ver o outro lado, exatamente aquilo em que a natureza nos revela a beleza e a bondade, muitas vezes espontaneamente. Tudo isto parece divagação, mas não o é, não!… Quero chegar precisamente ao ponto de partida: influências inesperadas em nosso procedimento, ora pela ação sutil de espíritos, ora pela beleza de quadros naturais ou pela repercussão de músicas que se adaptem ao nosso tipo de sensibilidade.

Se a nossa sensibilidade pode ser influenciada por motivações naturais, na planície, no mar, na serra, no jardim, etc., muito mais aptidão tem ela para ser influenciada pelo mundo espiritual. Não é necessário que todos tenham mediunidade no sentido ostensivo. Nem é preciso que também todos “recebam” espíritos, como se costuma dizer. Muitas e muitas vezes, os espíritos estão ao nosso lado e nós não os percebemos… No entanto, absorvemos muitas ideias que nos levam a tomar nova direção. Eles sopram onde querem.

As influências do Alto, como se sabe, podem ser benéficas ou maléficas. Precisamos, pois, manter boas condições íntimas, para que eles, os espíritos desencarnados, encontrem em nós instrumentos dóceis, e, pelas suas interferências instantâneas, nos infundam energias e nos tragam sugestões capazes de modificar certos propósitos.

A presença de entidades amigas nos permite captar conselhos e advertências verdadeiramente providenciais, como no caso daquele conhecido meu, que sentiu, sem sombra de dúvida, a recomendação do espírito de sua própria mãe, aconselhando-o a não ser tão inflexível no que estava escrevendo. Daí, o acerto do velho ditado popular — somos cada vez mais vigiados pelo mundo espiritual.

Deolindo Amorim, do livro:   – Ponderações Doutrinárias

(Coletânea de artigos publicados por Deolindo Amorim, em diversos jornais e revistas espíritas do Brasil e do Exterior) (Livro organizado por Celso Martin)

Fonte: Espiritismo na Rede

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Abandonando Culpas e Assumindo Responsabilidades

Ana Paula Martins

Várias são as definições de “culpa”: é um sentimento doloroso de quem se arrependeu de suas ações; é um sentimento que surge após a pessoa julgar a si mesma por um comportamento passado; é um sentimento que se manifesta quando a pessoa avalia sua ação e a reprova.

De modo geral, a culpa é um sentimento que se apresenta à consciência quando a pessoa avalia seus atos de forma negativa, sentindo-se responsável por falhas, erros e imperfeições. Assim, a culpa está intimamente ligada à violação de valores morais, ou seja, surge quando se pratica um ato contrário à norma moral.

O Livro dos Espíritos esclarece perfeitamente a compreensão dos valores morais. A questão 629 esclarece que “a moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus” (KARDEC, 2022, p. 244), que está escrita na própria consciência (KARDEC, 2022, p. 241), intimamente ligada a cada um.

Desta forma, se pode dizer que “o bem é tudo o que é conforme a Lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a Lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la” (KARDEC, 2022, p. 244).

Então, violada a Lei de Deus, surgindo o sentimento de culpa, a pergunta que fica é: o que fazer agora?

Manter o sentimento excessivo de culpa, é ficar preso a um estado vibracional baixo, se afetando terrivelmente. Nutrir esse sentimento é se condenar ciclicamente, mantendo presente o erro cometido e se impedindo de perdoar, modificar e progredir. A presença incessante de culpa pode causar consequências graves, resultando até mesmo em doenças (físicas e emocionais), obsessão (já que atrai Espíritos que se satisfazem neste estado de culpa) e auto-obsessão.

No livro Pensamento e Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, Emmanuel diz que “quando fugimos ao dever, precipitamo-nos no sentido de culpa, do qual se origina o remorso, com múltiplas manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma. E o arrependimento, incessantemente fortalecido pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abcesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o convívio” (XAVIER, 2019, p. 39).

Manter o peso da culpa é um impedimento para se perdoar pelo erro cometido e o imediato reajustamento para o equilíbrio vibratório.

Conclui-se que, surgindo o sentimento de culpa, é preciso tornar essa culpa em algo positivo o mais rápido possível, ou seja, é preciso perceber qual a função do erro, para se libertar da dor e evoluir em sua caminhada.

Pode-se dizer que, havendo culpa, é necessário que haja arrependimento do ato cometido. Arrependimento significa mudar o pensamento, mudar de direção, é assumir a necessidade de uma vida diferente. Arrepender-se é decidir voltar a agir em conformidade com as Leis de Deus, libertar-se da culpa.

Não se pode postergar o desejo de se arrepender, para não levar para a Vida Espiritual esse sentimento. No Livro dos Espíritos vemos que é possível se arrepender na vida física ou Espiritual, porém, quando se compreende a diferença do bem e do mal, é possível alcançá-lo nesta existência (KARDEC, 2022, p. 358).

Entretanto, não basta se arrepender, mesmo que sinceramente, é preciso a reparação do erro, caminho para a evolução espiritual (KARDEC, 2022, p. 360). Então, encarnado, há tempo para a reparação de erros (KARDEC, 2022, p. 359).

Porém, antes de se falar em reparação do erro, é preciso comentar sobre perdão. “O perdão é um dos antídotos para a culpa; a coragem de pedir perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêuticos liberadores da culpa” (FRANCO, 2014, p. 54).

Também muito importante é se perdoar! Pode-se errar por estar fazendo o que se julga certo ou por não agir da maneira correta, não importa. O que foi feito, foi feito, seja por um mau julgamento ou por uma má ação. Muitas vezes é necessário ter a mesma compaixão que se tem com o próximo para consigo mesmo.

Como ensinou Jesus: “Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes” (MATEUS 18:22). É preciso estar sempre disposto a perdoar!

Cometido o erro, se sentido culpado e se perdoando, é chegada a hora de assumir as responsabilidades.

O Livro dos Espíritos esclarece que “a Lei de Deus é a mesma para todos; porém o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade” (KARDEC, 2022, p. 245). Continua dizendo que “o mal recai sobre quem lhe foi o causador. Nessas condições, aquele que é levado a praticar o mal pela posição em que seus semelhantes o colocam tem menos culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram. Porque, casa um será punido, não só pelo mal que haja feito, mas também pelo mal a quem tenha dado lugar (KARDEC, 2022, p. 246).

O que realmente importa não é apontar culpados, mas assumir a própria responsabilidade pelos atos cometidos. Porém, não basta assumir o erro e não mais praticá-lo, é necessário ir além, seguir no caminho da reparação, que é verdadeiramente um ato libertador.

A reparação pode ser vista de várias formas. Quando o erro não acarreta prejuízo a outra pessoa, será feita pela mudança de comportamento, seja fazendo o que se deixou de fazer, ou realizando deveres ignorados, ou refazendo a tarefa malsucedida de forma mais zelosa.

Quando o erro afeta diretamente outra pessoa, é preciso corrigir o que foi feito de mal. Joanna de Ângelis disse que havendo a consciência do erro e a necessidade de reparação, a forma mais eficiente é assistir o prejudicado, possibilitando a recomposição do dano (FRANCO, 2014, p. 54).

Quando se adquire um débito, este em algum momento deverá ser quitado. Se não nesta, em alguma encarnação futura, já que todas as existências estão interligadas. Aquele que não repara os seus erros nesta vida, por fraqueza ou má vontade, reencontrará, numa próxima existência, as mesmas pessoas a quem prejudicou (KARDEC. 2016, p. 89). O próprio O Livro dos Espíritos ensina que “é possível quitar débitos na própria encarnação e que o mal apenas pode ser reparado pelo bem” (KARDEC, 2022, p. 360-361)

E quando não se tem como reparar o erro cometido com o ofendido? A reparação será feita através de outros, ensinando, auxiliando, amparando. Basta seguir o que o Apóstolo Pedro ensinou: Sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados (PEDRO 4:8).

Somos Espíritos em evolução, atualmente, aqui na Terra, imperfeitos, cometendo muitos erros. O Espírito sofre, na vida espiritual, as consequências de todas as imperfeitos das quais não se libertou durante o período em que viveu na Terra (KARDEC, 2016, p. 86). O arrependimento é o primeiro passo para a regeneração, mas ele sozinho não é suficiente. É preciso ainda expiar e reparar as faltas cometidas (KARDEC, 2016, p. 89).

O passado não pode ser alterado, o que foi feito, está feito. Todo mal praticado, é uma dívida contraída, que, em algum momento, deverá ser quitada. A Lei Geral estabelece que toda falta recebe a sua punição e toda boa ação recebe a sua recompensa. O arrependimento suaviza as dores da expiação, abrindo pela esperança o caminha da reabilitação, mão somente a reparação da falta pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa (KARDEC, 2016, p. 86).

A Lei do Progresso oferece a toda alma a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta e de liberta-se do que tem de mau, de acordo com a sua vontade e os seus esforços. Disso resulta que o futuro está ao alcance de todas as criaturas, porque Deus não abandona nenhum de Seus filhos. Ele os recebe em Seu seio à medida que atingem a perfeição, deixando a cada um o mérito de suas obras (KARDEC, 2016, p. 87).

Ana Paula Martins

Fonte: Letra Espírita

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Referências:

1- FRANCO, Divaldo. Conflitos Existenciais, pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. Salvador: Centro Espírita Caminho da Redenção, 2014.

2- KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno, adaptação e organização de Claudio Damasceno. 1ª ed. Porto Alegre: Besouro Box, 2016.

3- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes: Letra Espírita, 2022.

4- XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida, pelo Espírito Emmanuel. Brasília: FEB, 2019.

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A “Intuição” Era Eu

Luiz Sergio

Precisamos aprender a conduzir uma notícia ou uma pessoa de um lugar para outro, sem agir diretamente. – Luiz Sérgio

Volto hoje já bem mais refeito dos impactos da mudança de ambiente que sofri. Muitas explicações já tive e creio que entendi muita coisa, embora ainda me falte compreender muitíssimo mais. É coisa para “fundir a cuca” de qualquer criatura que se veja, de repente, numa situação assim, sem poder obter explicações rápidas. Todos demoram a mostrar-nos a real situação em que nos encontramos quando entrarmos nesta fase da vida, porque temem crises que dizem ser perigosas. Por isso, vão dando notícias bem devagar. Como sempre apressado (*), consegui mais do que, geralmente, conseguem os outros. Como resultado da minha curiosidade (**), puseram-me logo a trabalhar com um grupo de moços que são como os do “Projeto Rondon”.

(*), (**) Duas de suas características marcantes: a pressa e a curiosidade.

O estudo aqui é feito de forma bem objetiva. Os mestres, que nada têm de convencidos nem ares de superioridade, acompanham os alunos e dão lições de acordo com os problemas que aparecem. São, às vezes, lições longas que levam horas e horas e são dadas com a observação do fenômeno que se quer aprender.

Como desejei conhecer a “geografia” do mundo em que vivo, não sei por quê, me disseram que precisava primeiro aprender a “biologia” do Espírito. Eles dão outro nome: “psicobiofisiologia”. Isto porque acham que precisamos aprender primeiro o agente, para depois estudar o meio. Não sei se entendeu. Eu fiquei bem quieto, pois já percebi que é difícil fazer comparações entre o que aprendemos antes e o que vemos aqui. Muita coisa temos de “traduzir” para a linguagem que conhecemos e com frequência não conseguimos fazer associações.

Na primeira mensagem que lhe dei falei de água e do ar. Verdade é que eu tinha a impressão de que respirava mesmo, mas me disseram que é tão fluídico o ambiente em que vivo que a respiração é um simples costume que trazemos. É certo que quando entramos em um lugar onde há muita gente ruim, com maus pensamentos, falando coisas torpes ou praticando imoralidade psíquicas, ficamos ofegantes, parecendo que nos falta o ar. A água nós bebemos sim, mas a composição dela, segundo me ensinaram, é outra.

Aqui temos um conceito diferente das coisas. Nosso mentor (é assim que se chama o professor) ensinou-nos a não nos admirarmos com nenhum fato que presenciemos. Disse-nos que encarássemos tudo com naturalidade. Cada coisa a gente vê! Você nem imagina!

Que pena não ser possível voltar com consciência e explicar diretamente às pessoas os problemas tais quais são. Bem, é provável que quando nos vissem saíssem correndo de medo… Como gostaria de encontrar mamãe e papai, aí na Terra, e contar tudo, com a nossa linguagem corriqueira, explicando com gíria e tudo! Entretanto, faz parte de nosso aprendizado a maneira de expressar nossas ideias. É preciso que nós, ao escrevermos ou falarmos com os vivos, procuremos não causar qualquer confusão. Hoje, por exemplo, tomei assentamentos, resumindo o que devo dizer e como dizer. Só os apartes pessoais são espontâneos. Entretanto, as observações ingênuas, comparando o mundo de cá com o de lá, podem ser feitas, pois dão imagens conhecidas.

Ainda não visitei nenhum lugar que não tivesse relação com os vivos. Percorri muitas cidades junto com o mentor (professor) e outros colegas (irmãos). Estamos aprendendo a prestar os primeiros socorros e entrarmos na parte que diríamos social, isto é, mantendo contato com várias pessoas para que possam ser atendidas em suas necessidades.

Interessante é que precisamos aprender a conduzir uma notícia ou uma pessoa de um lugar para outro sem agir diretamente. Eu não posso segurar um homem e levá-lo para o lugar onde deve ir. Tenho de pensar perto dele, fazendo com que tenha, por si só, a lembrança de fazer o que precisa. Por exemplo (e isso aconteceu mesmo): Um menino estava desmaiado e ferido no meio do mato. A mãe e o pai procuravam, mas não imaginavam onde ele estivesse. Por acaso, estávamos passando pelo local e notamos o problema. O mentor olhou para todos nós e me escolheu para fazer a experiência. Ele já havia explicado e feito isso diante de nós todos. Achei-me com grande responsabilidade, mas queria acertar. Então, dirige-me para junto do pai do menino, que estava mais calmo, e fui pensando: “vá por aquele caminho”. O homem hesitava, porque supunha que o filho tivesse ido brincar onde costumava. Insisti com bastante força no mesmo pensamento que o homem, sem saber por que, tomou o rumo que eu desejava. Assim o fui guiando. Houve um momento em que ele quase desistiu. Fiquei seriamente apreensivo, porque, aí, eu teria de admitir a minha inexperiência. Redobrei minha força mental e ordenei: “vá por aqui, que seu filho está diante”. Mais tarde, depois de ter sido encontrado o menino, eu ouvi o pai contar que ia voltar do caminho, quando teve uma forte “intuição”. A intuição era eu.

Não vou negar que acho muita coisa engraçada e me divirto, porém, o mentor avisa que não podemos caçoar de nada nem de ninguém.

Estou sabendo que meus pais publicaram a outra mensagem que enviei. Agradeço, porque muito que todos os amigos tomassem conhecimento da realidade em que me encontro agora. Pelo menos alguma coisa está sendo feita nesse sentido. Consta que muitos Espíritos escrevem para seus amigos e para a sua família, mas, em geral, ninguém acredita neles. Deve ser bem aborrecido a gente fazer um brutal esforço para se comunicar com os vivos e eles nos tacharem de mortos, dizendo que isso não é possível ou que é ilusão. Ao menos eu não tive essa decepção.

Conto com sua capacidade de me entender para continuar escrevendo. Sei que não trouxe grandes novidades, mas o aprendizado é muito lento, dada a forma pela qual é feito. Além disso, muita coisa, deve ser omitida.

Creio que notou que estou sério. O que tenho visto me fez pensar muito. As lições que recebemos não permitem brincadeiras, pois os assuntos, além de interessantes, são de grande responsabilidade mesmo. Como são diferentes nossas aulas das que tínhamos vivos!

Ah! sim, você sabe que emprego mal a palavra “vivo”. Devemos dizer “encarnados” (com carne). Porém eu sinto uma espécie de alegria e digo ironicamente “quando estava vivo”, porque continuo vivo, contrariando muito materialista por aí. Aliás, o materialista poderia continuar a sê-lo mesmo depois de morto, já que ainda assim não se encontra nenhum Deus. Continuamos a encontrar as “manifestações” de Deus. É assim que aprendemos. O Universo todo é manifestação de Deus, que, para mim, continua sendo uma incógnita.

Suponho que já tenha escrito muito. Diga a mamãe (Zildinha), (Era assim que ele tratava sua mãe.), que não repare o filho dela estar criando juízo. Logo ela vai receber a carta séria, cheia de palavras difíceis e termos incompreensíveis, para fazer com que haja discussões e consultas, exames e análises, a fim de comprovar-se a veracidade das informações e ter-se a certeza da origem delas. Estou brincando. Mas; é “batata”. O meio em que se vive age sobre o nosso ânimo e acabamos sofrendo-lhe a influência.

Quero que papai saiba que sou tido como aluno com bom aproveitamento. Nunca imaginei que fosse ter tendência para “ciências ocultas”.

Creio que terminei. Deixo aqui, para ser lido, o meu abraço a todos, embora quisesse mandar um chute para o Cezinha (***) e coisas assim. Dizem-me que é incorreto; então, eu não mando. Retiro-me e continuo observando.

(***) Cezinha – tratamento familiar de Júlio Cezar, irmão de Luiz Sérgio.

Luiz Sérgio de Carvalho por Alayde de Assunção e Silva do livro: O Mundo que encontrei – Mensagem de 8/11/1973

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União simpática das almas

REVISTA ESPÍRITA

Jornal de Estudos Psicológicos, publicada sobre a direção de Allan Kardec – Julho de 1862

Bordeaux, 15 de fevereiro de 1862. – (Médium, senhora H…)

Mensajeros del Alba – Las Sorprendentes Enseñanzas de Los Pleyadianos ...

P – Já me dissestes várias vezes que nos reuniríamos para não mais nos separar. Como isto poderia se dar? É que as reencarnações, mesmo as que sucedem às da Terra, não separam sempre por um tempo mais ou menos longo?

R – Digo-te: Deus permite àqueles que se amam sinceramente, e souberam sofrer com resignação para expiarem suas faltas, se reunirem primeiro no mundo dos Espíritos, onde progridem juntos, para obter estarem encarnados nos mundos superiores. Podem, pois, se o pedem com fervor, deixar os mundos espíritas na mesma época, se reencarnar nos mesmos lugares, e, por um encadeamento de circunstâncias previstas anteriormente, se reunir pelos laços que melhor convierem ao seu coração.

Uns pedirão para ser pai ou mãe de um Espírito que lhes era simpático, e que ficarão felizes em dirigir no bom caminho, cercando-o de ternos cuidados da família e da amizade. Os outros pedirão a graça de estarem unidos pelo matrimônio e de ver transcorrerem numerosos anos de felicidade e de amor. Falo do casamento entendido no sentido da reunião íntima de dois seres que não querem mais se separar; mas o casamento, tal como é compreendido sobre vossa Terra, não é conhecido nos mundos superiores. Nestes lugares de felicidade, de liberdade e de alegria, os laços são de flores e de amor; e não vás crer que sejam menos duráveis por isso. Só os corações falam e guiam nessas uniões tão doces. Uniões livres e felizes, casamentos de alma à alma diante de Deus, eis a lei de amor dos mundos superiores! e os seres privilegiados dessas regiões benditas, crendo-se mais fortemente ligados por semelhantes sentimentos do que não o são os homens da Terra, que pisam tão frequentemente sob os pés os mais sagrados compromissos, não oferecem o doloroso espetáculo de uniões perturbadas, sem cessar, pela influência dos vícios, das más paixões, da inconstância, do ciúme, da injustiça, da aversão, de todos esses horríveis pendores que conduzem ao mal, ao perjúrio e à violação dos juramentos mais solenes. Pois bem! esses casamentos benditos por Deus, essas uniões tão doces, são a recompensa daqueles que, tendo se amado profundamente no sofrimento, pedem ao Senhor justo e bom continuar nos mundos superiores a se amarem ainda, mas sem temerem uma próxima e terrível separação.

E o que há aí que não seja fácil de compreender e de admitir? Deus, que ama todos os seus filhos, não teve que criar, para os que disso se fizeram dignos, uma felicidade tão perfeita quanto as provas haviam sido cruéis? Que poderia conceder que fosse mais conforme ao desejo sincero de todo coração amante? De todas as recompensas prometidas aos homens, há alguma coisa de semelhante a este pensamento, a esta esperança, eu poderia dizer a esta certeza: estar reunido pela eternidade aos seres adorados?

Crê-me, filha querida, nossas secretas aspirações, essa necessidade misteriosa, mas irresistível de amar, amar por muito tempo, amar sempre, não foram colocadas por Deus em nossos corações senão porque a promessa do futuro nos permitia essas doces esperanças. Deus não nos fará experimentar as dores da decepção. Nossos corações querem a felicidade, não batem senão para as afeições puras; a recompensa não poderia ser senão o cumprimento perfeito de nossos sonhos de amor. Do mesmo modo que, pobres Espíritos sofredores destinados à prova, nos foi necessário pedir e escolher mesmo, algumas vezes, a expiação mais cruel, do mesmo modo Espíritos felizes, regenerados, escolhemos ainda, com a nova vida destinada a nos depurar mais, a soma destinada ao Espírito avançado. Eis, filha bem-amada, um resumo bem sucinto das felicidades futuras. Frequentemente, teremos ocasião de retornar a este agradável assunto. Deves compreender quanto a perspectiva desse futuro me torna feliz, e quanto me é doce te confiar minhas esperanças!

P – Reconhecemo-nos nessas novas e felizes existências?

R – Se não nos reconhecêssemos, a felicidade seria bem completa? Isso poderia ser a felicidade, sem dúvida, porque nesses mundos privilegiados todos os seres estão destinados a ser felizes; mas seria bem a perfeição da felicidade para aqueles que, separados bruscamente na mais bela época da vida, pedem a Deus para estarem reunidos em seu seio? Seria a realização de nossos sonhos e de nossas esperanças? Não, pensas como eu. Se um véu fosse lançado sobre o passado, não estaria aí a suprema felicidade, a inefável alegria de se rever depois das tristezas da ausência e da separação; não estaria aí, ou pelo menos se ignoraria, essa antiga afeição que aperta mais os laços. Do mesmo modo que sobre a vossa Terra dois amigos de infância gostam de se reencontrar no mundo, na sociedade, e se procuram muito mais do que se suas relações não datassem senão de alguns dias, assim também os Espíritos que mereceram o favor inapreciável de se juntarem nos mundos superiores são duplamente felizes, e reconhecem a Deus este novo reencontro, que responde aos seus desejos mais caros.

Os mundos colocados acima da Terra, nos graus da perfeição, são cumulados de todos os favores que podem contribuir para a felicidade perfeita dos seres que os habitam; o passado não lhes é oculto, porque a lembrança de seus antigos sofrimentos, de seus erros resgatados ao preço de muitos males, e aquele mais vivo ainda de suas sinceras afeições, lhe fazem encontrar mil vezes mais doçura nessa nova vida, e os garante das faltas que poderiam, talvez, por um resto de fraqueza, se deixarem ir algumas vezes. Esses mundos são para o homem o paraíso terrestre destinado a conduzi-lo ao paraíso divino.

Nota. – Equivocar-se-á estranhamente sobre o sentido desta comunicação vendo-se nela a crítica às leis que regem o casamento e a sanção das uniões efêmeras extraoficiais. Ante as leis, as únicas que são imutáveis são as leis divinas; mas as leis humanas, devendo ser apropriadas aos costumes, aos usos, aos climas, ao grau de civilização, são essencialmente móveis, e seria muito triste que fosse de outro modo, e que os povos do século dezenove fossem acorrentados à mesma regra que regia nossos pais; portanto, se as leis mudaram de nossos pais a nós, como não chegamos à perfeição, elas deverão mudar de nós aos nossos descendentes. Toda lei, no momento em que é feita, tem sua razão de ser e sua utilidade, mas pode que, boa hoje, não o seja mais amanhã. No estado de nossos costumes, de nossas exigências sociais, o casamento tem necessidade de ser regulado pela lei, e a prova de que essa lei não é absoluta, é que ela não é a mesma em todos os países civilizados. É, pois, permitido pensar que, nos mundos superiores, onde não há mais os mesmos interesses materiais a salvaguardar, onde o mal não existe, quer dizer, de onde os maus Espíritos encarnados estão excluídos, onde, consequentemente, as uniões são o resultado da simpatia e não de um cálculo, as condições devem ser diferentes; mas o que é bom neles poderia ser mal em nós.

De outro lado, é preciso considerar que os Espíritos se desmaterializam à medida que se elevam e se depuram; que não é senão nas classes inferiores que a encarnação é material; para os Espíritos superiores, não há mais encarnação material, e, consequentemente, mais procriação, porque a procriação é para o corpo e não para o Espírito. Portanto, uma afeição pura é o único objetivo de sua união e, para isto, não mais que pela amizade sobre a Terra, não tem necessidade da sanção dos ofícios ministeriais.

Fonte: Revista Espirita 1862 -03-12-08-final.qxp (ipeak.net)

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Sobre a Legitimidade do aborto no estupro

Dra CECÍLIA MOREIRA ALVARENGA

A palavra aborto vem do latim abortus, ou seja, privação do nascimento. À luz da nomenclatura científica, chamamos abortamento, a interrupção da gravidez antes do final de seu desenvolvimento e aborto é o resultado da ação. Isto é, o produto do abortamento.

No título coloco a palavra legitimidade, que mais me coloca em dificuldades do que me favorece. Legitimidade é um dos grandes conceitos da humanidade. Legitimo é o verdadeiro e para se ver a legitimidade de algo é preciso ter visão legítima, mas nós temos limitações, porque ficamos na superfície das coisas, não adentramos a essência dos fatos.

A Obstetrícia Moderna tem vários tipos de abortamentos em sua classificação, mas aqui trataremos de um tipo polêmico de abortamento, aquele que é fruto do estupro (crime de constranger alguém ao coito com violência). Neste caso, denominamos abortamento sentimental.

Esta discussão envolve aspectos científicos, morais, éticos, religiosos e políticos, o que reveste o tema de grande responsabilidade. A razão, a ciência e a espiritualidade nos acodem!

A princípio devo falar do grande risco do abortamento, tanto no que tange a morbidade quanto a mortalidade materna. Nos países em desenvolvimento há em média 330 mulheres mortas para cada 100.000 abortamentos provocados. Todos nós obstetras, sabemos que estas cifras são subestimadas e que o problema é muito maior do que podemos considerar.

Há países onde o abortamento é legal, mas no Brasil ele ainda é tipificado como crime contra a vida pelo Código Penal Brasileiro (1940), art.128, exceto em duas situações:

Quando não há outro meio de salvar a vida da mãe.

Quando a gravidez resulta de estupro.

Recentemente, em julho de 2004, no processo de descumprimento de preceito fundamental, o Ministro Marco Aurélio de Mello do STF, autorizou a interrupção da gravidez nos casos de anencefalia (ausência do cérebro físico). Determinação ainda duvidosa, mediante sua revogação em 20-10-04. E, até o momento, este fato reveste-se de polêmicas e dúvidas.

A legalização do abortamento no Brasil, ainda está em discussão. Estamos analisando leis humanas e, portanto, mutáveis, transitórias! Racionalmente, quando falamos em estupro, forma-se uma nítida imagem em nossas mentes: a vítima indefesa e inocente, e o algoz selvagem e monstruoso.

Contudo, é preciso ser legítimo em nossas considerações… E os conhecimentos espirituais nos obrigam a fazer uma análise diferente. Não existe vítima ou algoz, são pessoas que trazem experiências negativas em seus patrimônios espirituais. Principalmente na esfera da sensualidade e da sexualidade, desajustes estes, geralmente, oriundos de encarnações anteriores.

Ambos encontram-se envolvidos na mesma sintonia energética. São vínculos energéticos que os atraem para o mesmo campo vibratório que os afinizam. Vibrando na mesma “faixa” de desequilíbrios entregam-se ao ato insano – o estupro.

Porém, o problema pode ser maior… Quando do estupro surge uma gestação. Dor, dilema, castigo, repulsa. Turbilhões de sentimentos desarmoniosos.

“Nada é por acaso”, nem uma gestação resultante de um estupro. Todos os envolvidos, mãe, espírito reencarnante, familiares, colherão os frutos desta situação, pois todos estão espiritualmente envolvidos em todo o processo.

Vamos analisar o papel de cada um deles:

Mãe-vítima:

A colocação pode ser dura, mas esta mulher só está colhendo sua semeadura. Vive uma experiência provacional necessária. As ações mentais da gestante repercutem, profundamente, sobre as ligações energéticas com o embrião ou feto.

Se ela opta pelo abortamento, gera processos depressivos em função do sentimento de culpa e a partir daí surgem doenças físicas, mentais e até o suicídio. Assim, distonias energéticas se imprimirão no psicossoma materno e em futuras encarnações ocasionarão doenças na esfera da fertilidade, sexualidade, doenças gestacionais e etc.

Espírito reencarnante:

Ele também não é vítima, pois traz consigo dores e desarmonias e também vive uma condição provacional ou expiatória. Normalmente, já estava imantado ao perispírito materno e aproveita a ocasião do estupro para ocupar o vaso físico.

Quando se vê rejeitado, pelo abortamento, desenvolve grande ressentimento, ainda maior do que o que já existia. Pode permanecer fixado ao centro genésico materno, determinando doenças ginecológicas e obstétricas.

Médico executor do aborto (excluo os aborteiros curiosos):

O Conselho Federal de Medicina garante a execução deste aborto sob apresentação de Boletim de Ocorrência, para proteger o trabalho médico. Contudo, este BO seria dispensável sob o aspecto legal.

Médicos organicistas só consideram a vida biológica e não admitem a existência do espírito. Esta visão não os isenta da culpa e, incontestavelmente, pagarão por ela. Entretanto, a responsabilidade será amenizada, posto que Deus leva em conta a intencionalidade do ato.

Diante destas considerações, não há um único fato que apoiaria o aborto. Vale a citação bíblica do Êxodo, 20:13: “Não matarás”.

Mãe e espírito reencarnante têm no lar, “escola de reajustes”, a santa oportunidade de aprender o exercício do amor.

O abortamento no estupro, portanto, é ilegítimo!

Fonte: Medicina e Espiritualidade

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Vítimas do Hábito

O Poder do Hábito: Os seus Hábitos te Definem | Neurologia Hoje |  Neurologia Hoje

Existem pessoas que encontram muita dificuldade em fazer pequenas mudanças em seus hábitos.

Pessoas que têm suas coisas bem arrumadas e nos lugares certos, sempre na mesma posição e, de preferência, na mesma ordem.

Seguem sempre pelos mesmos caminhos, frequentam os mesmos restaurantes e pedem os pratos já conhecidos.

Encontram sempre os mesmos amigos, torcedores do mesmo time, e conversam com os que trabalham em profissões semelhantes.

Geralmente ouvem a mesma rádio, assistem os mesmos canais de televisão, e variam pouco a programação.

De certa forma, isso as faz sentirem-se seguras. Arriscar não é do seu feitio.

Por outro lado, pessoas assim acabam sendo vítimas do hábito e têm grande dificuldade para resolver problemas. A menos que sejam problemas já conhecidos.

Isso gera ansiedade, depressão e baixa autoestima quando precisam encontrar solução para situações inesperadas e sua criatividade é solicitada

Ah, se esses adultos pudessem se ver quando tinham a desenvoltura dos seus 5 ou 6 anos de idade…

Era uma idade em que a criatividade brotava por todos os poros.

Não faltava solução para problema algum. Não havia perigo que não fosse afastado com um disparo de água, com seu revólver de brinquedo.

Não havia guerra que não pudesse ser vencida com algumas bolinhas de papel, arremessadas com um elástico esticado na ponta dos dedos.

Agora são executivos, homens e mulheres de negócio…

Pessoas que precisam mostrar seriedade.

Todavia, esquecem-se de que seriedade não quer dizer sisudez nem falta de um sorriso nos lábios.

Essas reflexões nos fazem lembrar um garoto de setenta e poucos anos, homem público, respeitável profissional reconhecido no mundo inteiro, que se diverte brincando com um bilboquê, ou andando de balanço.

Podemos até imaginar a felicidade dos seus netos ao ver o avô brincando como um garoto…

Esse homem é um ilustre professor, psiquiatra, educador e escritor brasileiro.

Ninguém imagina que um homem desses não seja um profissional sério só porque não assassinou o menino que corria pelos quintais, fazia piruetas e despencava dos galhos das árvores de vez em quando.

Não podemos crer que esse profissional seja menos competente só porque todas as vezes que se sente inseguro, chama o menino que habita seu ser, e este vem e lhe dá a mão.

Podemos imaginar justamente o contrário: uma grande capacidade de resolver conflitos e problemas.

Uma pessoa assim tem grande criatividade, leveza e satisfação em tudo o que faz.

Seus escritos exalam um suave perfume de jardim em flor. Suas ideias fluem com a suavidade da brisa das manhãs primaveris.

É de pessoas assim que o mundo precisa.

Homens e mulheres confiantes, alegres, honestos, descomplicados, leves…

Pense nisso!

A seriedade é uma característica do espírito. Um sorriso não a destrói. Um rosto fechado não a garante.

Pense nisso, e considere que a criança que habita em você pode lhe ajudar a encontrar a felicidade que há muito você vem procurando.

 * * *

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

Fonte: espiritualidades.com

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Entrevista especial com *Dr. Paulo César Fructuoso

Escrito por: Redação do Correio Espírita

*Médico, escritor e estudioso em ectoplasmia fala sobre Doutrina, trabalho mediúnico e a morte do médium Gilberto Arruda

A entrevista aconteceu dentro de um hospital público no Rio de Janeiro, durante um tempo cedido por gentileza na agenda repleta de responsabilidades e compromissos de Paulo César Fructuoso. Médico oncologista, mastologista e cirurgião geral, Fructuoso é também palestrante espírita, estudioso de ectoplasmia e materialização dos espíritos, médium e autor de 4 livros: A Face Oculta da Medicina, Espíritos Decaídos e Materializados, Reflexões Espiritualistas e Científicas de um Médico e Alienígenas ou Médiuns?, este último lançado no mês de março deste ano. Não é à toa que ele é membro da Academia Brasileira de Médicos Escritores.

Espírita desde criança, começou a se interessar por ectoplasmia quando estava no terceiro ano de medicina, em 1972. Na época, um episódio acontecido com o pai chamou a atenção: “meu pai tinha chegado de uma reunião do grupo Frei Luiz, a qual eu pertenço até hoje, e estava com uma mancha enorme de sangue na camisa. Eu perguntei o que tinha acontecido e ele me disse que tinha sido submetido a uma cirurgia hiperfísica, uma “cirurgia espiritual”. Para um acadêmico de medicina isso era uma coisa muita estranha, até difícil de acreditar, principalmente quando não existia nenhuma cicatriz”, lembrou Fructuoso. Intrigado, o na época jovem aspirante a médico decidiu levar o pai para fazer exames e avaliações: “o radiologista perguntou se o meu pai tinha se submetido a alguma cirurgia. Evidentemente que falei que não. Mas aquilo me causou muita estranheza, porque ele via sinais de que alguma cirurgia tinha sido feita. Mas eu só passei a ter tempo para estudar mais efetivamente esses fenômenos em 1978, aí eu ingressei e nunca mais saí”, contou o médico.

Depois de tantas oportunidades de acompanhar e estudar de perto diversas curas, Dr. Fructuoso é categórico em dizer: “não acredito em milagres! Não existem milagres! Existem leis físicas, químicas e biológicas que a nossa ciência ainda não alcançou”, e ainda complementou: “a minha experiência já me comprovou que nenhum médico está sozinho, nem os que não acreditam nisso estão sozinhos. Porque nós, como médicos, só podemos tratar da parte material do nosso ser, mas quem está tratando da parte mais importante, que é a espiritual? Então todo o médico, mesmo o que não acredite nisso, está acompanhado por médicos espirituais que o ajuda na missão. E eles são tão humildes que nem deixam que percebamos a ajuda”.

Dr. Paulo César Fructuoso falou também sobre a morte do amigo Gilberto Arruda, assassinado em casa, dentro do Lar de Frei Luiz, em julho 2015. Gilberto Arruda era um dos principais médiuns do Centro, na Zona Oeste do Rio, e trabalhava diretamente nas reuniões de cirurgias espirituais em pacientes graves. Acompanhe abaixo a entrevista:

Correio Espírita – Embora saibamos que o Espiritismo é ciência, filosofia e religião, no meio acadêmico, a Doutrina ainda é vista com restrição. O senhor acredita que estamos avançando neste aspecto?

Dr. Paulo César Fructuoso – “Sim. Porque a tecnologia médica está cada vez mais avançando. Mais cedo ou mais tarde, a tecnologia se tornará tão sensível que permitirá a detecção da presença do ser energético espiritual acoplado ao corpo. E no momento da morte, essa tecnologia médica vai nos auxiliar, pela sensibilidade, a perceber a separação exata entre o corpo e o espírito. Isso é questão de tempo!”

Correio Espírita – Ciente da ajuda incansável dos amigos espirituais, o senhor costuma fazer prece antes de um atendimento ou cirurgia?

Dr. Paulo César Fructuoso – “Eu não entro em nenhuma cirurgia sem antes dizer a seguinte frase: ’Deus nos ajude’! Sempre é bom pedir. E quando eu não digo essa frase, fico só pensando, meus assistentes, residentes, me perguntam se eu não esqueci de falar nada”.

Correio Espírita – O senhor é estudioso de efeitos físicos, ectoplasmia e materialização. Todos os livros têm esse cunho. Mas o que presenciamos é cada vez menos atividades deste porte nas casas espíritas. Por que isso acontece?

Dr. Paulo César Fructuoso – “Efeito físico é movimento de objeto sem força aparente, ruídos sem causa aparente, presença de odores inexplicáveis no ambiente como éter, cânfora, arruda… Isso é efeito físico, que culmina com a materialização de espíritos. São fenômenos extremamente raros em toda a história humanidade!

Já o ectoplasma, que é energia, é utilizado pelos espíritos presentes em uma reunião, mas raramente os fenômenos físicos acontecem. Apenas médiuns videntes percebem isso. E essa energia, o ectoplasma, é utilizada em auxílio dos pacientes que se encontram na reunião.

Nos meus livros eu falo da ectoplasmia e dos fenômenos de efeitos físicos, incluindo a materialização de espíritos, porque eu convivi com isso nos últimos 40 anos.

Essas reuniões são raríssimas porque os médiuns de efeitos físicos também são muito raros. Eles foram dizimados na idade média pela inquisição, porque foram tachados de feiticeiros e magos. E como toda a mediunidade, as de efeitos físicos também são transferidas geneticamente para as gerações futuras. Ora, se se dizimou uma geração quase inteira, a propagação dessa mediunidade ficou muito abalada, diminuída.

Outra razão para essa escassez de reuniões de materialização é a grande quantidade de energia envolvida neste processo. Precisa estar em mãos de pessoas muito conscientes da responsabilidade de se estar nessa reunião.

Só há dois motivos para que a materialização de espíritos seja autorizada pelo plano espiritual: atendimento de pessoas enfermas, que apresentem doenças que a nossa medicina pouco ainda pode fazer, como o câncer. E o fornecimento de lampejos que mostram como será a medicina do futuro. Porque os médicos do futuro serão médiuns. Não vão precisar de Raio X, ressonância, ultrassom, porque com a própria mediunidade eles vão saber descortinar o corpo humano.

Correio Espírita – Explique para nós como acontece a materialização de espíritos?

Dr. Paulo César Fructuoso – “O médium de efeito físico entra em transe profundo, porque há uma liberação, sob o comando de entidades espirituais, de neurotransmissores existentes no nosso sistema nervoso, chamados endorfinas e encefalinas. Essas endorfinas e encefalinas são anestésicos, soníferos. Então como é feita uma grande descarga, uma grande liberação no médium de efeito físico, ele entra em transe. Quando ele entra nesse transe mediúnico, começa a expelir, pelos orifícios naturais do corpo, o ectoplasma de forma fluídica, que se liquefaz e se solidifica. É essa energia ectoplasmática, esse fluido energético que reveste o períspiritos das entidades presentes e elas se corporificam, se materializam.

Se estivermos em alguma reunião em que aconteça a materialização de espíritos, todos os presentes verão, e não só os médiuns videntes. Se o Espírito falar alguma palavra, todos os presentes o ouvirão. Se ele exalar algum odor, todos também sentirão.

Para que essas reuniões aconteçam, há uma série de exigências, exigências científicas, como por exemplo a ausência da luz. Isso porque os fótons das luzes natural e artificial afetam o ectoplasma e o médium quando em transe. São reações físicas e químicas que precisam da ausência da luz, assim como era preciso a ausência da luz para se revelar os filmes fotográficos no passado.

Correio Espírita – Qual a importância dos efeitos físicos ao longo da história humana?

Dr. Paulo César Fructuoso – “Os fenômenos físicos foram que levaram a ratificação do Cristianismo. Eu falei que o ectoplasma sai principalmente pelos orifícios naturais, como boca e nariz. O que os discípulos de Jesus viram e escreveram no seu testemunho, quando Ele curou um cego? Jesus cuspiu na terra, formou um cataplasma com a saliva que saiu da boca dele e aplicou na vista do cego, que voltou a enxergar. Mas e se não foi saliva que saiu da boca de Jesus? Se foi ectoplasma? Ele também era médium, o maior médium que já passou pelo planeta. Os discípulos devem ter visto, na minha opinião, ectoplasma saindo da boca de Jesus.

Correio Espírita – E para o futuro?

Dr. Paulo César Fructuoso – “Acredito que as reuniões de materialização ficarão mais frequentes no futuro, porque estão previstas a chegada de quatro grandes vertentes de espíritos na Terra, como já foi adiantado por Divaldo Pereira Franco. Uns ligados à corrente da engenharia, que trarão grandes invenções; o segundo grupo com grande senso de justiça; o terceiro voltado para o ramo das artes; e o quarto, e me parece ser o mais importante, espíritos com grande capacidade mediúnica”.

Correio Espírita – Sobre a morte do médium Gilberto Arruda. Todos ficamos chocados com o crime na época. O que o senhor, que foi amigo dele, tem a nos falar sobre esse acontecimento?

Dr. Paulo César Fructuoso – “Todos os médiuns de efeito físico são indivíduos altamente endividados. É dada as eles a missão da mediunidade de efeito físico para que mais rapidamente possam resgatar as dívidas do passado. Muitos não imaginam o que é ser um médium de efeito físico. Nós temos um envoltório em torno do nosso espírito chamado tela búdica, que impede que sintamos o contato dos espíritos que estão à nossa volta. Os médiuns de efeito físico têm a tela búdica mais fina e fenestrada, e por isso expelem com mais facilidade o ectoplasma. Mas isso traz um inconveniente, eles sentem o toque dos espíritos. O Gilberto sentia, do nada, bofetadas, beliscões, pontapés, puxões de cabelo… Além disso, geralmente, os médiuns de efeito físico têm morte violenta. O médium José Arigó, por exemplo, morreu em um desastre de automóvel.

O Gilberto tinha dificuldade para dormir, tamanha era a tortura que ele sofria por parte dos espíritos inimigos do plano espiritual, quando era criança e adolescente. Ele só conseguia adormecer quando deitava entre o pai e mãe, segurava a mão dos dois e eles entravam em prece.

Já se sabe quem cometeu esse crime contra Gilberto Arruda. Ele está preso. Mas esse trabalho que o Correio Espírita está fazendo é muito importante, pois esclarece sobre o fato”.

Correio Espírita – Já se teve notícias do médium Gilberto Arruda do plano espiritual?

Dr. Paulo César Fructuoso – “Sim. Ele está recuperado, emocionado em saber do apoio daqueles que aqui ficaram e feliz em estar com os entes queridos”

Fonte: Medicina e Espiritualidade

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O que é o Espiritismo?

O Espiritismo surgiu na França com Allan Kardec em 1857

Definição

O Espiritismo ou Doutrina Espírita é ao mesmo tempo, ciência de observação e doutrina filosófica. Como ciência consiste na relação entre o mundo corporal e o mundo dos Espíritos; como filosofia, compreende as consequências morais dessa relação.

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Epíritos e de suas relações com o mundo corporal.

Os Princípios Espíritas

Os princípios fundamentais do Espiritismo encontram-se bem definidos no belo discurso proferido por Allan Kardec por ocasião do dia de finados, publicado na  Revue Spirite de dezembro de 1868. 

  1. Crer num Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom;
  2. crer na alma e na sua imortalidade;
  3. na preexistência da alma como única justificativa da presente existência;
  4. na pluralidade das existências como meio de expiação, reparação e adiantamento intelectual e moral;
  5. na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos;
  6. na felicidade crescente com a perfeição;
  7. na remuneração equitativa do bem e do mal, segundo o principio: a cada um segundo as suas obras;
  8. na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para criatura alguma;
  9. na duração da expiação limitada à da imperfeição;
  10. no livre-arbítrio do homem, deixando-lhe a escolha entre o bem e o mal;
  11. crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível;
  12. na solidariedade que liga todos os entes passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados;
  13. considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterna;
  14. aceitar corajosamente as provas, visto ser o futuro mais desejável que o presente;
  15. praticar a caridade por pensamentos, palavras e obras, na mais ampla acepção do vocábulo;
  16. esforçar-se cada dia para ser melhor do que na véspera, extirpando da alma alguma imperfeição;
  17. submeter todas as suas crenças ao controle do livre exame e da razão e nada aceitar por uma fé cega;
  18. respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam e não violentar a consciência de ninguém;
  19. ver enfim, nas descobertas da Ciência, a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus”.

A Codificação Espírita

Allan Kardec empreendeu o trabalho de pesquisa científica dos fenômenos mediúnicos, analisando cuidadosamente as informações recebidas de ampla diversidade de espíritos e suas consequências filosóficas e morais. Com todo esse trabalho, Kardec compilou vasto conjunto de conhecimentos criando a palavra “Espiritismo” ou “Doutrina Espírita” para designá-lo, constituindo-se na “Codificação Espírita”. Fenômenos chamados de sobrenaturais sempre existiram na Terra permanecendo restritos de forma isolada, sem uma visão global e de continuidade.

Com a codificação espírita retirou-se um véu sobre o conhecimento da vida para humanidade.

Obras da codificação:

O Livro dos Espíritos (18 de abril de 1857)

O Livro dos Médiuns (Janeiro de 1861)

O Evangelho Segundo o Espiritismo (Abril de 1864)

O Céu e o Inferno (Agosto de 1865)

A Gênese (Janeiro de 1868)

 Obras complementares:

Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas (1858)

O Espiritismo em sua mais Simples Expressão (1858)

O que é o Espiritismo (1859)

Viagem Espírita em 1862 (1862)

Catálogo Sistemático das Obras para se Fundar uma Biblioteca Espírita (1869)

Revista Espírita (1858-1869)

Após sua morte em 31/03/1869:

Obras Póstumas (1890)

Aspecto religioso do Espiritismo

O Espiritismo não é uma religião formal. O aspecto religioso do Espiritismo refere-se as suas consequências e aplicações morais do Espírito (Homem) no domínio da religião. De acordo com Léon Denis envolve a “concepção geral que, do mais íntimo da vida interior, eleva o pensamento às culminâncias da Criação até Deus e liga todos os seres numa cadeia interminável”.

Espiritismo e Espiritualismo

Na Introdução do Livro dos Espíritos, Kardec nos esclarece o termo “Espiritismo” empregado para designar toda a doutrina ensinada pelos espíritos.

As palavras Espiritualismo e Espiritual relacionam-se em oposição ao Materialismo. Materialista é aquele que crê somente na matéria, e portanto, o ser humano se acaba com a morte. O Espiritualista crê em algo além da matéria, ou seja, o homem sobrevive após a morte corporal de alguma forma, como Espírito, Alma, Ego, etc. Existem diversas filosofias espiritualistas.

O Espiritismo é também oposto ao materialismo, porém se baseia na existência eterna dos Espíritos em longa jornada de evolução espiritual, e ainda nas comunicações existentes entre os planos espiritual (mundo invisível) e corporal (mundo visível). O Espírita ou Espiritista é o adepto do Espiritismo ou Doutrina Espírita.

Assim o Espírita também é um Espiritualista, mas nem todo o Espiritualista é um Espírita.

O que caracteriza o Espírita é o norteamento de sua vida segundo os princípios espíritas acima definidos vivendo transitoriamente em mundos físicos, com finalidades evolutivas, e que o único determinismo é o aperfeiçoamento constante do espírito imortal.

O verdadeiro Espírita não é aquele que simplesmente crê nas manifestações espíritas, mas aquele que faz bom proveito dos ensinamentos dados pelos Espíritos. Nada adianta acreditar se a crença não faz com que se de um passo adiante no caminho do progresso e que não o faça melhor para com o próximo (Allan Kardec, O Espiritismo em sua expressão mais simples).

Fonte: geae.net

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