Preciosidade esquecida em A Gênese

Orson Peter Carrara

Convenhamos com honestidade. Ficamos nos batendo em tantas questões absolutamente dispensáveis e medíocres e esquecemos o essencial. O conhecimento espírita, sempre disponível e com ampla facilidade de consulta – ressaltando-se a qualidade expressiva de muitos conteúdos – remete-nos naturalmente a uma intensa alegria e gratidão à vida por tantas oportunidades de aprendizado.

Um texto esquecido, como tantos outros, está em A Gênese, no capítulo VI – Uranografia Geral, exatamente no item 2, abordando a velha questão do tempo. Transcrevo na íntegra (o texto não é longo), estimulando o leitor à leitura, dada a grandeza do texto e a reflexão de entusiasmo a que remete. Sugiro leitura atenta. O texto é muito precioso.

“2. Como a palavra espaço, tempo é também um termo já por si mesmo definido. Dele se faz ideia mais exata, relacionando-o com o todo infinito. O tempo é a sucessão das coisas. Está ligado à eternidade, do mesmo modo que as coisas estão ligadas ao infinito. Suponhamo-nos na origem do nosso mundo, na época primitiva em que a Terra ainda não se movia sob a divina impulsão; numa palavra: no começo da gênese. O tempo então ainda não saíra do misterioso berço da natureza e ninguém pode dizer em que época de séculos nos achamos, porquanto o balancim dos séculos ainda não foi posto em movimento.

Mas, silêncio! soa na sineta eterna a primeira hora de uma Terra insulada, o planeta se move no espaço e desde então há tarde e manhã. Para lá da Terra, a eternidade permanece impassível e imóvel, embora o tempo marche com relação a muitos outros mundos. Para a Terra, o tempo a substitui e durante uma determinada série de gerações contar-se-ão os anos e os séculos. Transportemo-nos agora ao último dia desse mundo, à hora em que, curvado sob o peso da vetustez, ele se apagará do livro da vida para aí não mais reaparecer. Interrompe-se então a sucessão dos eventos; cessam os movimentos terrestres que mediam o tempo e o tempo acaba com eles. Esta simples exposição das coisas que dão nascimento ao tempo, que o alimentam e deixam que ele se extinga, basta para mostrar que, visto do ponto em que houvemos de colocar-nos para os nossos estudos, o tempo é uma gota d’água que cai da nuvem no mar e cuja queda é medida.

Tantos mundos na vasta amplidão, quantos tempos diversos e incompatíveis. Fora dos mundos, somente a eternidade substitui essas efêmeras sucessões e enche tranquilamente da sua luz imóvel a imensidade dos céus. Imensidade sem limites e eternidade sem limites, tais as duas grandes propriedades da natureza universal.

O olhar do observador, que atravessa, sem jamais encontrar o que o detenha, as incomensuráveis distâncias do espaço, e o do geólogo, que remonta além dos limites das idades, ou que desce às profundezas da eternidade de faces escancaradas, onde ambos um dia se perderão, atuam em concordância, cada um na sua direção, para adquirir esta dupla noção do infinito: extensão e duração. Dentro desta ordem de ideias, fácil nos será conceber que, sendo o tempo apenas a relação das coisas transitórias e dependendo unicamente das coisas que se medem, se tomássemos os séculos terrestres por unidade e os empilhássemos aos milheiros, para formar um número colossal, esse número nunca representaria mais que um ponto na eternidade, do mesmo modo que milhares de léguas adicionadas a milhares de léguas não dão mais que um ponto na extensão. Assim, por exemplo, estando os séculos fora da vida etérea da alma, poderíamos escrever um número tão longo quanto o equador terrestre e supor-nos envelhecidos desse número de séculos, sem que na realidade nossa alma conte um dia a mais. E juntando, a esse número indefinível de séculos, uma série de números semelhantes, longa como daqui ao Sol, ou ainda mais consideráveis, se imaginássemos viver durante uma sucessão prodigiosa de períodos seculares representados pela adição de tais números, quando chegássemos ao termo, o inconcebível amontoado de séculos que nos passaria sobre a cabeça seria como se não existisse: diante de nós estaria sempre toda a eternidade.

O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo lhe é presente. Se séculos de séculos são menos que um segundo, relativamente à eternidade, que vem a ser a duração da vida humana?!”

Que reflexão belíssima! Dá mesmo para continuar batendo a cabeça com preocupações ou pretensões vãs? Não é melhor concentrar os interesses no que realmente importa?

Orson Peter Carrara

Fonte: Espiritismo na Rede

Publicado em por admin | Deixe um comentário

A Defesa de Abraão

Sodoma e Gomorra existiram, e foram destruídas por meteoros

“Então partiram dali aqueles homens, e foram para Sodoma; porém Abraão permanecendo ainda na presença do SENHOR.

E, aproximando-se a ele, disse: Destruirás o justo com o ímpio?

Se houver, porventura, cinquenta justo na cidade, destruirás ainda assim, e não pouparás o lugar por amor dos cinquenta justos que nela se encontram?

Longe de ti o fazeres tal cousa, matares o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio; longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra?

Então, disse o SENHOR: Se eu achar em Sodoma cinquenta justos dentro da cidade, pouparei a cidade toda por amor deles.

Disse mais Abraão: Eis que me atrevo a falar ao SENHOR, eu que sou pó e cinza.

Na hipótese de faltarem cinco para cinquenta justos, destruirás por isso toda a cidade? Ele respondeu: Não a destruirei se eu achar ali quarenta e cinco.

Disse-lhe ainda mais Abraão: E se, porventura, houve ali quarenta? Respondeu: Não o farei por amor dos quarenta.

Insistiu: Não se ire o SENHOR, falarei ainda: Se houver, porventura, ali trinta? Respondeu o SENHOR: Não o farei se eu encontrar ali trinta.

Continuou Abraão: Eis que me atrevi a falar ao SENHOR: Se, porventura, houver ali vinte? Respondeu o SENHOR: Não a destruirei por amor dos vinte.

Disse ainda Abraão: Não se ire o SENHOR, se lhe falo somente mais esta vez: Se, porventura, houver ali dez? Respondeu o SENHOR: Não a destruirei por amor dos dez.

Tendo cessado de falar a Abraão, retirou-se o SENHOR; e Abraão voltou para o seu lugar.” – Gênesis, cap. 19 – vv 22 a 33

Desnecessário dizer o quanto Abraão se esforçou, junto ao SENHOR, para que Sodoma, junto a Gomorra, não fosse destruída, com o SENHOR fazendo chover enxofre e fogo sobre ambas as cidades.

A verdade, ao que nos parece, é que tão somente Ló houvera sido considerado justo em toda a cidade de Sodoma – nem mesmo a sua mulher, que estava saindo ilesa por méritos dele, ao olhar para trás, escapou de se converter em estátua de sal, ou seja, de ser calcinada…

Com certeza, Sodoma e Gomorra, juntas, deveriam possuir centenas de habitantes, talvez, milhares – estudiosos calculam em mais de 60 mil!…

Notemos, porém, que, embora a defesa enfática de Abraão, advogando-lhes a causa perante o SENHOR, a cidade de Sodoma não pode ser poupada por não contar nem mesmo com dez homens considerados justos…

Conforme costuma dizer um de nossos confrades internautas, o episódio, narrado em o Antigo Testamento, nos induz a pensar, pensar, pensar…

Quantos justos hoje haveriam no mundo, para que a Humanidade fosse poupada do mesmo destino de Sodoma e Gomorra?!… (*)

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 10 de Novembro de 2023.

Fonte: Blog do Dr Inácio Ferreira

Publicado em por admin | Deixe um comentário

Fake news das omissões e dos acréscimos

José Reis Chaves

Inspirou-me para fazer esta matéria a prece inicial da Missa: “Ó Deus, perdoai os nossos pecados cometidos por pensamentos, palavras, ações e omissões”. O ex-padre, filósofo e teólogo Rhoden diz uma grande verdade sobre a lei de causa e efeito: “O que devemos fazer e podemos fazer, mas não o fazemos, cria carma de dor.” E ensinou o maior dos Mestres: “Ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo.” (Mateus 5:26). Esses assuntos têm muito a ver, também, com os vários tipos da comunicação e da mídia. E essas duas palavras que parecem sinônimas, às vezes, os comunicólogos as misturam…

Os tradutores antigos da Bíblia do século 19 e princípios do 20 para o português eram católicos ou protestantes e evangélicos que pouco ou nada sabiam do Espiritismo codificado por Kardec, o criador da ciência do espírito, na década de 1850. Esses tradutores não perceberam (ou concordaram com elas) que várias passagens da Bíblia estão de acordo com a doutrina dos espíritos, seus fenômenos mediúnicos e a reencarnação, traduzindo-as, normalmente.

Mais tarde, os novos tradutores da Bíblia não espíritas, sabendo da “distração” dos tradutores antigos, que não “perceberam” que as passagens originais são espíritas, estão alterando agora as traduções daquelas passagens bíblicas originais espíritas, tirando delas as ideias espíritas. Recomendamos, pois, as traduções antigas, como a do padre Figueiredo, do Soares e do João Ferreira de Almeida não reformadas. Essas alterações da Bíblia, para que ela não pareça espírita, geralmente, estão também contra as escrituras sagradas da maioria de outras religiões e estão, portanto, bem conhecidas, hoje, não somente pelos espíritas.

E vamos, agora, ao que eu tenho chamado de “fake news das omissões”, ou seja, certos assuntos de que os líderes religiosos fogem no que escrevem ou falam. Por exemplo, a reencarnação, contra a qual lhes faltam argumentos de peso, desacreditá-la hoje é, como se diz, malhar em ferro frio, pois ela é aceita atualmente por 75% da população mundial, independente de religião.

E, inclusive, ela e a mediunidade têm tirado muita gente do materialismo e, então, o seu silêncio ou fake news da omissão. Sim, pois, qualquer informação ou omissão com o objetivo de enganar as pessoas não deixa de ser também uma espécie de fake news. Isso tem acontecido muito, também, com alguns veículos midiáticos do Brasil, os quais só divulgam com ênfase e até com acréscimos ou omitem notícias de acordo com seus interesses político-ideológicos, o que é lamentável e pode, também, até prejudicar seus próprios interesses midiáticos, pois há seus apoiadores, sim, mas há também os que discordam das suas políticas ideológicas radicais!

José Reis Chaves

Fonte: Espiritismo na Rede

Publicado em por admin | Deixe um comentário

Abandonando Culpas e Assumindo Responsabilidades

Ana Paula Martins

Várias são as definições de “culpa”: é um sentimento doloroso de quem se arrependeu de suas ações; é um sentimento que surge após a pessoa julgar a si mesma por um comportamento passado; é um sentimento que se manifesta quando a pessoa avalia sua ação e a reprova.

De modo geral, a culpa é um sentimento que se apresenta à consciência quando a pessoa avalia seus atos de forma negativa, sentindo-se responsável por falhas, erros e imperfeições. Assim, a culpa está intimamente ligada à violação de valores morais, ou seja, surge quando se pratica um ato contrário à norma moral.

O Livro dos Espíritos esclarece perfeitamente a compreensão dos valores morais. A questão 629 esclarece que “a moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus” (KARDEC, 2022, p. 244), que está escrita na própria consciência (KARDEC, 2022, p. 241), intimamente ligada a cada um.

Desta forma, se pode dizer que “o bem é tudo o que é conforme a Lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a Lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la” (KARDEC, 2022, p. 244).

Então, violada a Lei de Deus, surgindo o sentimento de culpa, a pergunta que fica é: o que fazer agora?

Manter o sentimento excessivo de culpa, é ficar preso a um estado vibracional baixo, se afetando terrivelmente. Nutrir esse sentimento é se condenar ciclicamente, mantendo presente o erro cometido e se impedindo de perdoar, modificar e progredir. A presença incessante de culpa pode causar consequências graves, resultando até mesmo em doenças (físicas e emocionais), obsessão (já que atrai Espíritos que se satisfazem neste estado de culpa) e auto-obsessão.

No livro Pensamento e Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, Emmanuel diz que “quando fugimos ao dever, precipitamo-nos no sentido de culpa, do qual se origina o remorso, com múltiplas manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma. E o arrependimento, incessantemente fortalecido pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abcesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o convívio” (XAVIER, 2019, p. 39).

Manter o peso da culpa é um impedimento para se perdoar pelo erro cometido e o imediato reajustamento para o equilíbrio vibratório.

Conclui-se que, surgindo o sentimento de culpa, é preciso tornar essa culpa em algo positivo o mais rápido possível, ou seja, é preciso perceber qual a função do erro, para se libertar da dor e evoluir em sua caminhada.

Pode-se dizer que, havendo culpa, é necessário que haja arrependimento do ato cometido. Arrependimento significa mudar o pensamento, mudar de direção, é assumir a necessidade de uma vida diferente. Arrepender-se é decidir voltar a agir em conformidade com as Leis de Deus, libertar-se da culpa.

Não se pode postergar o desejo de se arrepender, para não levar para a Vida Espiritual esse sentimento. No Livro dos Espíritos vemos que é possível se arrepender na vida física ou Espiritual, porém, quando se compreende a diferença do bem e do mal, é possível alcançá-lo nesta existência (KARDEC, 2022, p. 358).

Entretanto, não basta se arrepender, mesmo que sinceramente, é preciso a reparação do erro, caminho para a evolução espiritual (KARDEC, 2022, p. 360). Então, encarnado, há tempo para a reparação de erros (KARDEC, 2022, p. 359).

Porém, antes de se falar em reparação do erro, é preciso comentar sobre perdão. “O perdão é um dos antídotos para a culpa; a coragem de pedir perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêuticos liberadores da culpa” (FRANCO, 2014, p. 54).

Também muito importante é se perdoar! Pode-se errar por estar fazendo o que se julga certo ou por não agir da maneira correta, não importa. O que foi feito, foi feito, seja por um mau julgamento ou por uma má ação. Muitas vezes é necessário ter a mesma compaixão que se tem com o próximo para consigo mesmo.

Como ensinou Jesus: “Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes” (MATEUS 18:22). É preciso estar sempre disposto a perdoar!

Cometido o erro, se sentido culpado e se perdoando, é chegada a hora de assumir as responsabilidades.

O Livro dos Espíritos esclarece que “a Lei de Deus é a mesma para todos; porém o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade” (KARDEC, 2022, p. 245). Continua dizendo que “o mal recai sobre quem lhe foi o causador. Nessas condições, aquele que é levado a praticar o mal pela posição em que seus semelhantes o colocam tem menos culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram. Porque, cada um será punido, não só pelo mal que haja feito, mas também pelo mal a quem tenha dado lugar” (KARDEC, 2022, p. 246).

O que realmente importa não é apontar culpados, mas assumir a própria responsabilidade pelos atos cometidos. Porém, não basta assumir o erro e não mais praticá-lo, é necessário ir além, seguir no caminho da reparação, que é verdadeiramente um ato libertador.

A reparação pode ser vista de várias formas. Quando o erro não acarreta prejuízo a outra pessoa, será feita pela mudança de comportamento, seja fazendo o que se deixou de fazer, ou realizando deveres ignorados, ou refazendo a tarefa malsucedida de forma mais zelosa.

Quando o erro afeta diretamente outra pessoa, é preciso corrigir o que foi feito de mal. Joanna de Ângelis disse que havendo a consciência do erro e a necessidade de reparação, a forma mais eficiente é assistir o prejudicado, possibilitando a recomposição do dano (FRANCO, 2014, p. 54).

Quando se adquire um débito, este em algum momento deverá ser quitado. Se não nesta, em alguma encarnação futura, já que todas as existências estão interligadas. Aquele que não repara os seus erros nesta vida, por fraqueza ou má vontade, reencontrará, numa próxima existência, as mesmas pessoas a quem prejudicou (KARDEC. 2016, p. 89). O próprio O Livro dos Espíritos ensina que “é possível quitar débitos na própria encarnação e que o mal apenas pode ser reparado pelo bem” (KARDEC, 2022, p. 360-361)

E quando não se tem como reparar o erro cometido com o ofendido? A reparação será feita através de outros, ensinando, auxiliando, amparando. Basta seguir o que o Apóstolo Pedro ensinou: Sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados (PEDRO 4:8).

Somos Espíritos em evolução, atualmente, aqui na Terra, imperfeitos, cometendo muitos erros. O Espírito sofre, na vida espiritual, as consequências de todas as imperfeições das quais não se libertou durante o período em que viveu na Terra (KARDEC, 2016, p. 86). O arrependimento é o primeiro passo para a regeneração, mas ele sozinho não é suficiente. É preciso ainda expiar e reparar as faltas cometidas (KARDEC, 2016, p. 89).

O passado não pode ser alterado, o que foi feito, está feito. Todo mal praticado, é uma dívida contraída, que, em algum momento, deverá ser quitada. A Lei Geral estabelece que toda falta recebe a sua punição e toda boa ação recebe a sua recompensa. O arrependimento suaviza as dores da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação, não somente a reparação da falta pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa (KARDEC, 2016, p. 86).

A Lei do Progresso oferece a toda alma a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta e de liberta-se do que tem de mau, de acordo com a sua vontade e os seus esforços. Disso resulta que o futuro está ao alcance de todas as criaturas, porque Deus não abandona nenhum de Seus filhos. Ele os recebe em Seu seio à medida que atingem a perfeição, deixando a cada um o mérito de suas obras (KARDEC, 2016, p. 87).

Fonte: Letra Espírita

===========

Referências:

1- FRANCO, Divaldo. Conflitos Existenciais, pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. Salvador: Centro Espírita Caminho da Redenção, 2014.

2- KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno, adaptação e organização de Claudio Damasceno. 1ª ed. Porto Alegre: Besouro Box, 2016.

3- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes: Letra Espírita, 2022.

4- XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida, pelo Espírito Emmanuel. Brasília: FEB, 2019.

Publicado em por admin | Deixe um comentário

Hahnemann e a medicina dos fluidos

Por Izabel Vitusso

Membro-fundador do Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualidade da Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP, o médico homeopata e geriatra Rodrigo Modena Bassi já realizou inúmeras palestras pela Associação Médico Espírita (AME) sobre temas envolvendo saúde e espiritualidade.

Nesta entrevista ao Correio Fraterno, ele fala sobre homeopatia e destaca a importância do trabalho de seu fundador, Samuel Hahnemann (1755-1843), que mais tarde também viria a participar da equipe do Espírito de Verdade, que assessorou Allan Kardec para trazer ao mundo o espiritismo, o Consolador Prometido.

Quem foi Hahnemann e qual a sua relação com Allan Kardec?

Hahnemann nasceu em Meissen, na Alemanha, e se formou em medicina em 1779. Logo se desiludiu com as práticas médicas da época, pensando inclusive em abandonar a medicina. Mas, em 1790, iniciou o desenvolvimento dos seus estudos que viriam a estruturar as bases da homeopatia. Publicou em 1810, o livro base da homeopatia: Organon da medicina racional, depois Organon da arte de curar. Em 1835, mudou-se para Paris, onde faleceu, em 1843, sem ter contato com Allan Kardec. Assim que retorna ao mundo espiritual, se integra à equipe do Espírito de Verdade, atuando ativamente nas orientações doutrinárias, desde os primeiros contatos de Allan Kardec com o mundo invisível e manifesta-se em diversas comunicações sobre medicina, homeopatia, tratamento de processos obsessivos, emoções e processo de cura. Hahnemann foi – e continua sendo – um dos gigantes da revelação espírita, um dos pioneiros da medicina da alma.

Como atua a homeopatia?

A homeopatia é considerada um sistema médico de caráter holístico e sistêmico, baseado no princípio vitalista – força ou energia vital – que comanda e regula as funções e sensações do corpo físico. Quando essa força vital se encontra em desequilíbrio, apresentam-se sintomas físicos, inflamatórios, metabólicos, emocionais e mentais.

O método terapêutico da homeopatia se baseia em quatro pontos: Semelhante cura o semelhante (a substância medicamentosa é capaz de curar os mesmos sintomas que foi capaz de produzir); Experimentação no homem são (método científico de experimentação controlada das substâncias medicamentosas em indivíduos sem sintomas e de observação dos sinais e sintomas que surgem a partir desse uso); Doses mínimas e dinamizadas (diluições dos medicamentos seguidas de sucussões, com o objetivo de desprendimento da energia medicamentosa); Medicamento único (uso de um medicamento por vez, para harmonização do sistema vital, que visa ao tratamento da totalidade dos sintomas do indivíduo).

Na visão da homeopatia, como acontece o adoecimento?

Ele acontece de forma sistêmica e a homeopatia almeja o tratamento integral do indivíduo que se encontra doente e não apenas da doença ou do sintoma isoladamente, uma vez que as doenças são geradas pelo desequilíbrio de forças vitais do organismo.

Como é realizado o tratamento homeopático?

O tratamento é individualizado e busca restabelecer a saúde do indivíduo estimulando seu potencial curativo. Na anamnese homeopática, além dos aspectos físicos, constituição corporal, sintomas específicos e gerais, a homeopatia visa a compreender, em profundidade, aspectos da personalidade e do caráter; reação às dificuldades da vida; relacionamentos; momento de vida; questões traumáticas que ficaram armazenadas e que estão influenciando o estado de adoecimento atual.

Há interrelações do entendimento do processo saúde–doença na visão da homeopatia e na visão do espiritismo?

Hahnemann ensina que “no estado de saúde, a força vital que anima dinamicamente o corpo material governa com poder ilimitado e conserva todas as partes do organismo em admirável e harmoniosa operação vital, tanto com respeito às sensações como às funções, de modo que o espírito, dotado de razão que reside em nós, pode empregar livremente este instrumento vivo e sadio para os mais altos fins de nossa existência.” Assim, o estado de saúde é gerado pela interação equilibrada entre Espírito, Força Vital e Corpo Físico. A saúde do corpo físico depende do equilíbrio da força vital, que sofre a influência dos pensamentos, sentimentos e ações do espírito.

O espiritismo ensina na mesma direção quando traz que o processo de adoecimento se inicia na dimensão espiritual (desarmonia com a Lei Divina), levando a um desequilíbrio progressivo dos corpos energéticos (perispírito e corpo vital) e do corpo físico.

Qual o papel da doença na evolução do espírito?

O estado de enfermidade é sempre um convite à reflexão íntima. Se bem aproveitado, é excelente oportunidade para que o espírito olhe para si, diante da paisagem árida da enfermidade, e se pergunte: o que está acontecendo comigo? Em qual direção estou indo? O que me adoeceu? O que preciso fazer para restabelecer o equilíbrio perdido? O processo de cura, do ponto de vista espiritual, significa elaborar novas criações mentais, transformar as vibrações dos sentimentos.

Afinal, a homeopatia atua no perispírito?

Emmanuel declara no livro Plantão de respostas (Ed. CEU) que, “obedecendo a lei de sintonia, os medicamentos homeopáticos penetram com facilidade a estrutura mais essencial do indivíduo (…) Atuam energeticamente e não quimicamente, ou seja, sua atuação terapêutica vai se dar no plano dinâmico ou energético do corpo humano, que se localiza no perispírito”.

Entendemos que a medicação homeopática atua no corpo vital ou duplo etérico. Inicialmente, é absorvida através de receptores do corpo físico e, por ressonância vibratória, esparge energeticamente os fluidos que contagiam outras camadas do perispírito, auxiliando no equilíbrio progressivo, restaurando o dinamismo vital e físico.

O que Kardec comenta sobre o tratamento homeopático?

Entre outros textos presentes na Revista Espírita, Kardec escreve na edição de 1868: “A desordem orgânica será tratada pela introdução de materiais saudáveis para substituir os materiais deteriorados. Esses materiais podem ser fornecidos pelos medicamentos naturais, homeopáticos e pelo fluido magnético. Onde um triunfa o outro pode fracassar. A terapêutica homeopática parece ser a intermediária, o traço de união entre esses dois extremos, e deve particularmente triunfar nas afecções que se poderiam chamar mistas…”

A proposição aqui é claríssima de que a homeopatia atua nas “doenças mistas”, no desequilíbrio no corpo físico e na dimensão energética, apresentando um papel de destaque como auxílio dos processos de cura, isoladamente ou integrado com outros recursos terapêuticos.

Como um medicamento material pode curar enfermidades emocionais?

Allan Kardec, no texto da Revista Espírita de março 1867, esclarece que “os medicamentos homeopáticos, por sua natureza etérea, têm uma ação de alguma sorte molecular; sem contradita, eles podem, mais do que outros, agir sobre as partes elementares e fluídicas dos órgãos, e modificar-lhes a constituição íntima. Entretanto, […] nenhum medicamento pode solucionar enfermidades como o ciúme, o ódio, o orgulho a cólera etc. Se isso fosse possível, seria a negação de toda responsabilidade moral e o homem mais primitivo poderia tornar-se bom de súbito, sem grandes esforços, e a humanidade poderia ser regenerada com a ajuda de algumas pílulas”.

Assim, entendemos que a homeopatia não é capaz de curar enfermidades emocionais, porque isso é um trabalho que compete a cada espírito, porém pode auxiliar bastante no processo de autoconhecimento e abrir campo para a transformação moral, através da significativa melhora da vitalidade, rompendo condicionamentos mentais e fisiológicos de longa data e permitindo que o espírito possa vislumbrar novos caminhos, novas escolhas de pensamentos, sentimentos e ações.

Já desencarnado, Samuel Hahnemann acrescenta algo a respeito?

Ele se aprofunda nessa temática em mensagem assinada em O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 9, quando diz. “Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao espírito. A não ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade? […] O homem não se conserva vicioso senão porque quer permanecer vicioso. De outro modo, não existiria para o homem a lei do progresso”.

Na Revista Espírita de 1863, Hahnemann afirma que o espiritismo seria um poderoso auxiliar para a homeopatia. Por quê?

Acredito que por compartilharem uma visão do processo saúde-doença com muita proximidade, trazendo aos médicos um caminho terapêutico de atuação no ser espiritual; indo além do aspecto material de tratamento do corpo físico.

Como será a medicina do futuro?

Ela traçará, para cada paciente, um diagnóstico e uma terapêutica que abrangerá o ser espiritual, o corpo energético e o corpo físico; associando medicamentos químicos, fluídicos e espirituais, visando ao pleno equilíbrio. A homeopatia terá papel de destaque junto a outras práticas de saúde integrativas. De forma harmônica, a integração entre ciência e religião em nossa intimidade abre as portas para um novo tempo, para o tempo de regeneração.

Fonte: correio.news

Publicado em por admin | Deixe um comentário

Questões de consciência…

E, assim, pois, como tudo no Mundo, vamos ficando mais velhos, e, consequentemente, mais maduros…

E, de minha parte, vejo que estou um tanto mais humilde, pensativo e calado, falando, pois, e, escrevendo, pois, quando vem a ordem, a ideia, a participação conjunta de nós todos para o trabalho imprescindível de nossa Evangelização que, chegando a mim, também há de chegar a vós, e, mais adiante, a todos os povos da comunidade terrena…

Pelo menos é o que nos parece; e, isto, pois, por alguns fatos ocorridos em nossa modesta vida de espiritista, ou, se o quisermos: de Cristão Redivivo pelo Consolador, hoje representado pelo que se conhece como Espiritismo: Doutrina dos Espíritos Superiores ao Comando daquele mesmo Mestre: Soberano Jesus.

Ainda ontem, aparando o gramado do meu pequeno jardim à frente da casa, jardim este que se encontra cercado por uma pequena grade metálica, fôramos surpreendidos por uma dama, que, cruzando a calçada que margeia a rua de nosso modesto bairro, dirigira-se a mim questionando: “Você que é o dono do Centro?”

E, não sei por que cargas d’água lhe respondi com alguma afetuosidade na voz: “Olha, falando a verdade o dono é Jesus!”

E não é que eu próprio me surpreendi com aquilo, com minha resposta simples, porém, repleta de tanta verdade?

Ora, consultando-se a Mateus (28-18), temos, da parte de Jesus, que: “É-me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Opus Cit.).

E, pois, se lhe é dado todo o poder, Jesus seria, ou, É – por aí mesmo, e, pois, conforme o Espiritismo que lhe completa doutrinariamente o magistral ensino -, o Médium de Deus na condição de Escultor do nosso Planeta, bem como de seu satélite lunar, desde suas origens de há 4,5 bilhões de anos atrás:

“Com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica do Orbe terreno, talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça”.

“Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda parte do universo galáxico”.

“Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem, antecipando-se ao nascimento no Mundo, no curso dos milênios; estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos da existência planetária, e edificou as usinas de ozone a 40 e 60 quilômetros de altitude, para que filtrassem convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a composição precisa à manutenção da vida organizada no Orbe”.

“Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias”. (Vide: A Caminho da Luz – FCX – Emmanuel – 1938).

E tudo isto, pois, é meio estonteante a nós Todos, de Sua Direção planetária desde sua origem, comandando e coordenando Tudo; e, mais ainda, este finalzinho é deveras expressivo quando fala de nós mesmos, dessa humanidade do nosso tempo e dos tempos futuros, donde vemos, por aí, que tudo quanto experienciamos: ontem, hoje, e, óbvio, ainda teremos por experienciar, já constavam dos planos do Mestre divino de nós todos: o Senhor Jesus.

Porém, há mais, muito mais do grandiosíssimo espetáculo da criação nas mãos amoráveis do Cristo e de seus prepostos desde o início de tudo do nosso Mundo, de seus reinos diversos até ao Homem, e pois, de nossa real condição ante os demais Mundos do Sistema Solar, de suas órbitas cíclicas, complexas e tudo o mais.

Donde tudo, pois, se movimenta às cercanias de uma luminosa galáxia, de seus Mundos habitados, desconhecidos, e, pois, de suas respectivas e complexas dimensões, donde Tudo nos deixa pensativos, boquiabertos e, pois, admirados ante tão vasta floresta de estrelas, seus planetas, humanidades outras, seus mistérios e tudo o mais.

E, se o Cristo participara e participa de tudo isso, e muito mais ainda, temos que, de fato, é Ele o Comandante Divino do nosso modesto Orbe terreno, seus países, suas instituições, chefes e tudo o mais, e, óbvio, até nós, Seres humanos mais comuns, ou, um tanto mais modestos da comunidade terrena, que, pois, é também partícipe da imensa comunidade sideral.

E tem gente por aí que se acha…

Tem gente por aí que não enxerga um palmo além do seu nariz…

Gente que pensa ser melhor que os outros, que são os maiorais, dando carteiradas, e, pois, praticando o mal e não o Bem, esquecendo que, por aqui, tudo passa, e que ele – ou ela – também vão passar, pois do pó vieram e, pois, para o pó seus corpos vão voltar, restando, pois, ao Espírito sobrevivente o acerto para com o Pai, para com Jesus: o Mestre dos Mestres terrenais, que sua consciência sombria não quisera escutar.

Fernando Rosemberg Patrocínio

Fonte: Espiritismo na Rede

Publicado em por admin | Deixe um comentário

A Segunda Morte

Simone Silveira das Chagas

A morte é compreendida como o fim da vida, causando inúmeras incertezas e medo diante do inesperado. Com os estudos sobre a Espiritualidade, passamos a encontrar respostas que preencham o vazio que a morte estabelece na nossa existência, confortando-nos com a certeza de que ela funciona somente como uma passagem para um mundo que ainda não conhecemos.

Com as leituras baseadas na Doutrina Espírita, encontramos alguns trechos capazes de trazer alguns ensinamentos sobre como enxergamos a vida terrena e o que esperarmos da vida após a morte.

De acordo com Kardec (202, p. 97), “[…] a vida do Espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retoma a vida eterna.” Em seguida, Kardec (2022, p. 98), aponta que “durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica.”

Seguindo o conhecimento disseminado pela literatura espírita, conseguimos encontrar um fenômeno nomeado como “a segunda morte” no livro Libertação, do Espírito André Luiz, psicografado pelo autor Francisco Cândido Xavier. Na obra, encontramos inúmeros ensinamentos compartilhados pelo Espírito de André Luiz em sua trajetória no Mundo Espiritual.

O fenômeno da segunda morte, evidenciado na obra citada, pode ser compreendido de três maneiras distintas:

– quando por ignorância ou maldade perverte-se a alma, pela densidade da mente que está repleta de impulsos inferiores. Perde-se a forma perispiritual e fica gravitando em torno de paixões que elege como o centro dos seus interesses fundamentais (formato de esfera ovóide, com comportamento assemelhando-se a amebas mentais ou com comportamento completamente inerte)

– quando que por meio de operações redutivas e desintegradoras do veículo perispiritual para o renascimento na carne;

– quando ocorre o desprendimento do perispírito para a ascensão espiritual, rumo a esferas sublimes;

Conforme André Luiz (Espírito psicografado por Xavier, 1992, p. 86), experimentamos inúmeras existências até nos despertarmos para o crescimento mental:

“Estamos ainda presos às aglutinações celulares dos elementos físio-perispiríticos, tanto quanto a tartaruga permanece algemada à carapaça. Imergimo-nos dentro dos fluidos carnais e deles nos libertamos, em vicioso vaivém, através de existências numerosas, até que acordemos a vida mental para expressões santificadoras. […] A vida física é puro estágio educativo, dentro da eternidade, e a ela ninguém é chamado a fim de candidatar-se a paraísos de favor e, sim, a moldagem viva do céu no santuário do Espírito…” (LUIZ, 1992, p. 86-87).

Assim, podemos observar o fenômeno da segunda morte de uma maneira distinta para cada ocasião apontada na obra referida, entendendo que cada um possui o seu próprio processo evolutivo. Compreendendo, mais uma vez, que a morte não atinge a eternidade da alma e que estamos nos desenvolvendo a cada oportunidade reencarnatória na vida terrena.

Vale a pena mencionar, o estudo sobre a segunda morte para quem está iniciando os estudos espíritas (assim como a autora), propicia o conhecimento não somente sobre os processos reencarnatórios, mas também a instigação sobre os estudos dos corpos que compõem e envolvem o espírito.

Fonte: Letra Espírita

=========

Referências

KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes: Letra Espírita, 2022.

ANDRÉ LUIZ (Espírito). Libertação. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1992.

Publicado em por admin | Deixe um comentário

A força da caridade: fazer o bem faz bem

Erika Silveira

Fora da Caridade Não Há Salvação - Portal Fonte

Fazer o bem faz bem. Pesquisas destacam que ajudar o próximo pode proporcionar muitos benefícios, além de alimentar o espírito de sentimentos positivos, ajuda a combater a depressão, a ansiedade entre outros males que comprometem a saúde, pelo fato de trazer maior bem- estar.

Neste sentido de fazer o bem a quem mais precisa, aliviando o sofrimento dessas pessoas em muitos momentos, a caridade é um ato de generosidade na prática da solidariedade, contribuindo para um mundo melhor. Ao fazer o bem exercitamos valores fundamentais na sociedade, como a amizade, a compaixão, o respeito e empatia.

E como podemos colocar em prática a caridade? Existem muitas formas de ser caridoso, seja fazendo doações financeiras a organizações sem fins lucrativos, alimentos, roupas e medicamentos a instituições de sua confiança ou a pessoas necessitadas, realizando um trabalho voluntário, oferecendo uma palavra amiga, a compreensão e um gesto solidário onde quer que você esteja.

Ao procurar em cada oportunidade uma maneira de ajudar ao próximo, você exercita o poder da caridade em sua vida também, trazendo um propósito significativo a sua jornada, contribuindo com um bem maior, além disso, praticar a caridade traz impactos positivos, melhorando o nível de satisfação pessoal.

Quando temos um gesto de caridade, nos preocupando com os outros, trabalhamos a empatia, compreendendo a necessidade do próximo além da nossa.

A prática da solidariedade nos momentos difíceis

A prática do bem e da caridade torna o meio em que vivemos e a sociedade melhor, mais solidária, levando em conta as necessidades da coletividade.

Essas atitudes positivas se reforçam diante de momentos difíceis como nas tragédias coletivas, sejam os desastres naturais tais como enchentes, terremotos, seca extrema, em situações de guerras e conflitos como temos acompanhado entre Israel e Palestina, Ucrânia e Rússia e tantos outros lugares pelo mundo que vivem a dor e o sofrimento dos conflitos e tantas outras tragédias coletivas.

Nesses momentos o apoio a essas vítimas representa papel fundamental  tanto materialmente quanto emocionalmente para essas pessoas que passam por perdas e grandes sofrimentos, perdendo muitas vezes seus bens conquistados com tanto esforço e também seus entes queridos.

O exercício da caridade traz mais luz e brilho para a vida, alimentando a alma de quem pratica o amor e faz bem para quem recebe, que se sente mais acolhido e amparado em momentos de dificuldades.  

A caridade também representa fonte inspiradora para outras pessoas praticarem o bem, fazendo com que a generosidade se multiplique.

Se desejamos um mundo melhor com mais paz e fraternidade, que possamos buscar praticar mais a caridade, fazendo com que ganhe cada vez mais força na humanidade. Como refletiu o grande filósofo grego e pensador Aristóteles: “ Qual é a essência da vida? Servir os outros e fazer o bem.”

Erika Silveira

Fonte: Mundo Maior

Publicado em por admin | Deixe um comentário

Afetividade conflitiva

Joanna de Ângelis

A busca da afetividade constitui-se numa ansiosa necessidade de intercâmbio e de relacionamento entre as criaturas humanas ainda imaturas.

Acreditam, aqueles que assim procedem, que somente através de outrem é possível experimentar a afeição, recebendo-a e doando-a.

Como decorrência, as pessoas que se sentem solitárias atormentam-se na incessante inquietação de que somente sentirão segurança e paz, quando encontrem outrem que se lhes constitua suporte afetivo.

Nesse conceito encontra-se um grande equívoco, qual seja esperar de outra pessoa a emoção que lhe constitua completude, significando autorrealização.

Um solitário quando se apoia em outro indivíduo, que também tem necessidade afetiva, forma uma dupla de buscadores a sós, esperando aquilo que não sabem ou não desejam oferecer. É claro que esse relacionamento está fadado ao desastre, à separação, em face de se encontrarem ambos distantes um do outro emocionalmente, cada qual pensando em si mesmo, apesar da proximidade física.

Faz-se imprescindível desenvolver a capacidade de amar, porque o amor também é aprendido. Ele se encontra ínsito no ser como decorrência da afeição divina, no entanto, não poucas vezes adormecido ou de não identificado, deve ser trabalhado mediante experiências de fraternidade, de respeito e de amizade.

Partindo-se de pequenas conquistas emocionais e de júbilos de significado singelo, desenvolve-se mediante a arte de servir e de ajudar, criando liames que se estreitam e se ampliam no sentimento. Estreitam-se, pelo fato de aprender-se união com outrem e ampliam-se mediante a capacidade de entendimento dos limites do outro, sem exigências descabidas nem largas ao instinto perturbador de posse nas suas tentativas de submissão alheia…

Resultante de muitos conflitos que aturdem o equilíbrio emocional, esses indivíduos insatisfeitos, que se acostumaram às bengalas e às fugas psicológicas, pensam que através da afetividade que recebam lograrão o preenchimento do vazio existencial, como se fosse uma fórmula miraculosa para solucionar-lhe as inquietações.

Os conflitos devem ser enfrentados nos seus respectivos campos de expressão e nunca mediante o mascaramento das suas exigências, transferindo-se de apresentação.

Os fatores psicológicos geradores dessas embaraçosas situações são muito complexos e necessitam de terapêuticas cuidadosas, de modo que possam ser diluídos com equilíbrio, cedendo lugar a emoções harmônicas propiciadoras de bem-estar.

Nesse sentido, a afetividade desempenha importante labor, qual seja o desenvolver da faculdade de amor com lucidez, ampliando o entendimento em torno dos significados existenciais que se convertem em motivações para o crescimento intelecto-moral.

Quando se busca o amor, possivelmente não será encontrado em pessoas, lugares ou situações que pareçam propiciatórias. É indispensável descobri-lo em si mesmo, de modo a ampliá-lo no rumo das demais pessoas.

Qual uma chama débil que se agiganta estimulada por combustível próprio, o amor é vitalizado pelo sentimento de generosidade e nunca de egoísmo que espera sempre o benefício antes de proporcionar alegria a outrem.

Na imaturidade psicológica, cada qual aspira a compensações afetivas, como os prazeres que se derivam do sexo, da companhia constante, das doações pessoais e generosidades, sem a preocupação de ser aquele que se torna gentil e afável…

A predominância do egoísmo tolda-lhe a visão saudável do sentimento de afetividade e impõe-lhe exigências descabidas que, invariavelmente, o tornam vítima das circunstâncias.

Em tal condição, sentindo a impossibilidade de amar ou de ser amado, procura, aflito, despertar o sentimento de compaixão, apoiando-se na piedade injustificada.

As pessoas devem inspirar amor, em vez de comiseração.

Desse modo, a única alternativa de significado na existência é a conquista do amor.

Se experimentas solidão no teu dia-a-dia, faze uma análise cuidadosa da tua conduta em relação ao teu próximo, procurando entender o porquê da situação.

Sê sincero contigo mesmo, realizando um exame de consciência a respeito da maneira como te comportas com os amigos, com aqueles que se te acercam e tentam convivência fraternal contigo.

Se és do tipo que espera perfeição nos outros, é natural que estejas sempre decepcionado constatares as dificuldades alheias, olvidando, porém, que também és.

Se esperas que os outros sejam generosos e fiéis no relacionamento para contigo, estuda as tuas reações e comportamentos diante deles.

Os teus conflitos procedem de muitas ocorrências desta como de outras existências, que ficaram assinaladas por equívocos e malversações dos sentimentos da nobreza.

Todos conduzem marcas dolorosas de comportamentos doentios que se instalaram no inconsciente profundo e ressurgem imperiosos exigindo reparação. Insegurança, instabilidade, solidão, desconfiança e tormentos interiores fazem parte da agenda de reequilíbrio a que te deves ajustar, a fim de avançares saudável no rumo da felicidade.

Outros, no entanto, procedem desta existência, quando as circunstâncias no lar te impuseram a família difícil, os pais arbitrários, os amigos descuidados, o desinteresse quase generalizado pelas tuas diversas necessidades, que tiveste de ocultar, transformando-as em refúgios conflitivos.

A bênção da vida é o ensejo edificante de refazimento de experiências e de conquistas de patamares mais elevados, algumas vezes com sacrifício.

Não te atormentes, portanto, se escasseiam nas paisagens dos teus sentimentos as compensações do afeto e da amizade.

Observa em derredor e verás outros corações em carência, à tua semelhança, que necessitam de oportunidade afetiva, de bondade fraternal.

Exercita com eles o intercâmbio fraterno, sem exigências, não lhes transferindo as inseguranças e fragilidades que te sejam habituais.

É muito fácil desenvolver o sentimento de solidariedade, de companheirismo, bastando que ofereças com naturalidade aquilo que gostarias de receber.

A princípio, apresenta-se um tanto embaraçoso ou desconcertante, mas o poder da bondade é tão grande, que logo se fazem superados os aparentes obstáculos e, à semelhança de débil planta que rompe o solo grosseiro atraída pela luz, desenvolve-se e torna-se produtiva conforme a sua espécie…

Não recues ante a necessidade da experiência de edificação do bem em tua existência.

Porque desconheces a complexidade dos comportamentos nas existências de outras pessoas, supõe que toda a carga de aflições está somente sobre os teus ombros.

Observa com cuidado e verás a multidão aturdida, agressiva, estremunhada, que te parece antipática e infeliz. Em realidade, é constituída de pessoas como tu mesmo, fugindo para lugar nenhum, sem coragem para o autoenfrentamento.

Contribui, jovialmente, quando e como possas, para atenuar algum infortúnio ou diminuir qualquer tipo de sofrimento que registres.

Esse comportamento te facultará muito bem e, quando menos esperes, estarás enriquecido pela afetividade que doas e pela alegria em fazê-lo.

Ninguém pode viver com alegria sem experienciar a afetividade.

A afetividade é mensagem do amor de Deus, estimulando as vidas ao crescimento e à sublimação.

A afetividade deve ser distendida a todos os seres sencientes, o que equivale dizer, aos vegetais, animais, seres humanos, ampliando-a por toda a Natureza.

Quando se ama, instalam-se a beleza e a alegria de viver.

A saúde integral, sem dúvida, é defluente da harmonia do sentimento pelo amor com as conquistas culturais que levam à realização pessoal, trabalhando pelo equilíbrio e funcionamento existencial.

Joanna de Ângelis, por Divaldo Franco do livro: Atitudes renovadas

Publicado em por admin | Deixe um comentário

Desajuste aparente

Emmanuel

Há quem afirme que a Doutrina dos Espíritos é viveiro de crentes indisciplinados, pelo excesso das interpretações e pelo arraigado individualismo dos pontos de vista. Outros proclamam que a Nova Revelação desloca a vida mental daqueles que a esposam, compelindo-os à renunciação.

Tais enunciados, porém, não encontram guarida nos fundamentos da verdade.

O Espiritismo, naturalmente, amplia os horizontes do ser.

A visão mais escura do Universo e a mais alta concepção da justiça dilatam na mente a sede de libertação, para mais altos voos do espírito, e a compreensão mais clara, aliando-se à mais viva noção de responsabilidade, estabelece sublimes sentimentos para a alma, renovando os centros de interesse para o campo íntimo, que se vê, de imediato, atraído para problemas que transcendem a experiência vulgar.

Realmente, para quem estima os padrões convencionalistas, com plena adaptação ao menor esforço, não será fácil manejar caracteres livres, nos domínios da fé, porque os desvairamentos da personalidade invariavelmente nos espreitam, tentando-nos a impor sobre outrem o tacão do nosso modo de ser.

Dentro da Nova Revelação, todavia, não há lugar para qualquer processo de cristalização dogmática ou de tirania intelectual.

A imortalidade desvendada convida o homem a afirmar-se e o centro espiritual do aprendiz desloca-se para interesses que transcendem a esfera comum.

As inteligências de todos os tipos, tanto quanto os mundos, gravitam em torno de núcleos de força, que as influenciam e sustentam.

O panorama do infinito, descortinado ao homem pelo nossos ideal, atrai o cérebro e o coração para outros poderes, e a criatura encarnada, imperceptivelmente induzida a operar em serviços diferentes, parece desajustada e sedenta, à procura de valores efetivamente importantes para os seus destinos na vida eterna.

As escolas religiosas oficializadas ou organizadas, presas a imperativos de estabilidade econômicas, habitualmente gravitam em derredor da riqueza perecível ou da autoridade temporal da Terra e jazem magnetizadas pela ideia de domínio e influência que, no mundo, facilitam a solidariedade e a união, de vez que a maioria dos espíritos encarnados, ainda cegos para a divina luz, reúnem-se e obedecem alegremente, ao redor do ouro ou do comando sobre os mais fracos.

Mas no Espiritismo é difícil aglutinar caracteres libertados, sob o estandarte nivelador da convenção.

Assim como aconteceu nos trezentos anos que antecederam a escravização política do Evangelho redentor, o discípulo da nossa Doutrina Consoladora pretende encontrar um caminho de acesso à vida superior.

Aceita as facilidades humanas para dar com largueza e desprendimento da posse.

Disputa o contentamento de trabalhar para servir.

Busca a liberdade para submeter-se às obrigações que lhe cabem.

Adquire luz para ajudar na extinção das trevas.

“Está no mundo sem ser do mundo.”

É alguém que, em negando a si mesmo, busca o Mestre da Verdade, recebendo, de boa vontade, a cruz do próprio sacrifício para a jornada de ressurreição.

E demorando-se cada discípulo, em esfera variada de trabalho, observamos que eles todos, à maneira de viajores, peregrinando escada acima cada qual contemplando a vida e a paisagem do degrau em que se encontra, oferecem o espetáculo de almas em desajuste e extremamente separadas entre si, porquanto os habitantes do vale ou da planície, acostumados aos mesmos quadros de cada dia, com a repetição das mesmas nuances de claridade solar, não conseguem esquecer, de improviso, as velhas atitudes de muito tempo em nem podem entender o roteiro dos que se desinteressam da ilusão, caminhando, em sentido contrário ao deles, ao encontro de outra luz.

Emmanuel por Chico Xavier do livro: – Roteiro

Publicado em por admin | Deixe um comentário