Toda vida importa, todo momento é valioso

Em tempos desafiadores como o nosso, há uma questão que nos confronta em várias ocasiões: qual é o verdadeiro sentido de nossas vidas? O que nos move, nos enche de esperança e nos fortalece, especialmente quando os ventos são contrários e a dor se apresenta? A Doutrina Espírita nos ensina que cada um de nós, em todas as fases da vida, carrega em si o potencial para fazer o bem e servir ao próximo, por meio de pequenos gestos e grandes atitudes. Reconhecer nosso papel ativo na valorização da vida – a nossa e a dos outros – é a chave para vivermos com propósito e amor.

 

 

A ausência de sentido na vida é, para muitos, uma dor silenciosa e profunda. No entanto, quando compreendemos que cada um de nós tem o poder de ser útil, mesmo nas condições mais adversas, um novo horizonte se abre. Jesus, em suas lições eternas, nos lembra que sempre há formas de sermos instrumentos de bondade. Em diálogo com o discípulo André, narrado no livro Boa Nova, psicografado por Chico Xavier, Jesus o instrui sobre o valor do servir, mesmo em meio à doença e à dor: “Ainda que ficasses privado dos olhos e da palavra, das mãos e dos pés, poderias servir a Deus com a paciência e a coragem”. A mensagem de Jesus é clara e profundamente transformadora: a virtude, a paciência, a coragem e o amor não dependem da força física ou das condições externas – são luzes que brotam do coração e da alma.

 

Cada momento de nossa existência é uma oportunidade de valorizar a vida e encontrar propósito. Mesmo nos estágios terminais, ou em quadros de enfermidade e limitações severas, temos um papel importante a desempenhar. Ainda que o corpo nos limite, ainda que a dor se faça presente, o Espírito permanece capaz de amparar, de confortar e de inspirar aqueles ao redor. É nas circunstâncias mais difíceis que nossa presença e nossa fé podem ser testemunhas do amor e da compaixão, que são as forças sustentadoras do mundo.

 

A valorização da vida não é uma tarefa isolada – é um compromisso coletivo. Precisamos olhar para cada pessoa como um ser valioso, independentemente de sua fase de vida ou condição física. Cada existência tem um propósito, e nosso papel é cuidar e amparar uns aos outros. Quando compreendemos isso, a vida ganha um sentido muito mais profundo. A verdadeira grandeza de uma existência está em sair de si mesmo e enxergar o outro, em perceber que até mesmo na dor e na limitação podemos servir. Como disse Mahatma Gandhi: “O melhor modo de encontrar a si mesmo é se perder servindo aos outros”. Quando nos dedicamos ao bem, ao serviço desinteressado e ao amparo mútuo, encontramos uma fonte inesgotável de sentido e de paz interior. Assim, que cada um de nós possa buscar esse propósito maior, entendendo que ao valorizar e proteger todas as vidas, também dignificamos a nossa própria.

 

Fonte: Jornal – Folha Espírita

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Domando a Ansiedade: O caminho espiritual para o equilíbrio mental

Rafaela Paes de Campos

 

A ansiedade é um mecanismo de proteção natural no ser humano, sendo ela a responsável por nos prevenir de perigos e equívocos, fazendo-nos antever consequências em diversas áreas de nossa vida.

 

Entretanto, a sua exacerbação é real, momento em que se torna patológica e acaba por dominar a vida do indivíduo, prejudicando-o nas mais diversas situações e fazendo com que ele viva em constante estado de alerta, exaurindo suas forças e causando extremo desconforto físico e emocional.

 

Trata-se de uma doença que deve ser tratada e acompanhada por profissionais das Ciências terrenas. Há possibilidade real de melhoria da qualidade do indivíduo portador de ansiedade patológica.

 

Concomitantemente, podemos buscar no que está acima de nós e, às vezes, acima do nosso pleno entendimento, o amparo e acolhimento das dores sentidas pela ansiedade. A Bíblia nos traz o rumo a seguir:

 

“Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? Visto que vocês não podem sequer fazer uma coisa tão pequena, por que se preocupar com o restante?” (Lucas 12:25-26).

 

A ansiedade nos faz viver de futuro, buscando prever cada etapa seguinte da vida, numa tentativa de controle que é impossível de implementar. A vida é constante movimento, um vai e vem de pessoas, acontecimentos, pensamentos e sentimentos. Só controlamos o que depende de nós e, por mais que tentemos antever os fatos, tudo reside no campo das possibilidades. O pensamento ansioso é catastrófico e, normalmente, traz situações que jamais se concretizarão efetivamente.

 

“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (Filipenses 4:6-7).

 

É fácil dizer que o futuro não está sob o nosso controle, a dor é, muitas vezes, física, além de emocional. O ansioso se sente enfraquecido, energeticamente esgotado, sentindo que a mitigação dos sintomas e efeito da patologia está acima de suas possibilidades. Então, é em Deus que devemos nos apegar.

 

Sabermo-nos amados por um Pai de bondade e justiça nos oferece um colo confortável para as nossas aflições mais intensas. Peçamos e obteremos, Deus não fecha Seus ouvidos a quaisquer de Seus filhos.

 

“Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês” (Pedro 5:7).

 

Deus não nos abandona e nem minimiza os nossos sofrimentos. Ele não se sobrecarregará se sobre Ele colocarmos as nossas necessidades, angústias e medos. Somos cuidados o tempo inteiro, jamais estamos desamparados. Os Mensageiros de Deus, os Bons Espíritos que estão sempre por perto, nos intuem a serenidade que tanto pedimos.

 

Mas, saibamos que para que os ouçamos, é preciso silenciar para termos ouvidos de ouvir. E silenciar, neste caso, é depositar em Deus as nossas ansiedades, confiando que Ele as atenuará, mas que é Ele quem sabe o que de melhor pode nos alcançar. Silenciar é acreditar que Ele pode e fará todo o necessário por nossas dores.

 

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês” (Mateus 11:28).

 

Busquemos o descanso do Espírito em Deus, mas também em Jesus. O homem de Nazaré caminhou pela Terra plantando, a cada passo do chão em que pisou, os mais sublimes exemplos daquilo que nos encaminharia a uma vida de felicidade. Na firme inteligência de Jesus, somada a Sua infinita bondade e amor genuíno, podemos descansar na certeza do amanhã que atenda às nossas necessidades evolutivas.

 

O caminho espiritual para o equilíbrio mental é lançar mão de tudo que nos foi ofertado pelo Alto: as Ciências, o próprio Deus, nosso irmão Jesus e toda a realidade espiritual que já conhecemos por meio da Doutrina Consoladora.

 

Porque, “quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma” (Salmos 94:19).

 

Fonte: Letra Espírita

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Referência:

BIBLIAON. 8 versículos para ajudar quem se sente ansioso. Disponível em: https://www.bibliaon.com/versiculos_para_ansiedade/.Acesso em: 02/07/2024.

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Perdoados mas não Limpos

Em nossas faltas, na maioria das vezes, somos imediatamente perdoados, mas não limpos.

Fomos perdoados pelo fel da maledicência, mas a sombra que tencionávamos esparzir, na estrada alheia, permanece dentro de nós por agoniado constrangimento.

Fomos perdoados pela brasa da calúnia, mas o fogo que arremessamos à cabeça do próximo passa a incendiar-nos o coração.

Fomos perdoados pelo corte da ofensa, mas a pedra atirada aos irmãos do caminho volta, incontinenti, a lanhar-nos o próprio ser.

Fomos perdoados pela falha de vigilância, mas o prejuízo em nossos vizinhos cobre-nos de vergonha.

Fomos perdoados pela manifestação de fraqueza, mas o desastre que provocamos é dor moral que nos segue os dias.

Fomos perdoados por todos aqueles a quem ferimos, no delírio da violência, mas, onde estivermos, é preciso extinguir os monstros do remorso que os nossos pensamentos articulam, desarvorados.

Chaga que abrimos na alma de alguém pode ser luz e renovação nesse mesmo alguém, mas será sempre chaga de aflição a pesar-nos na vida.

Injúria aos semelhantes é azorrague mental que nos chicoteia.

A serpente leva consigo a peçonha que veicula.

O escorpião carrega em si próprio a carga venenosa que ele mesmo segrega.

Ridicularizados, atacados, perseguidos ou dilacerados, evitemos o mal, mesmo quando o mal assuma a feição de defesa, porque todo mal que fizermos aos outros é mal a nós mesmos.

Quase sempre aqueles que passaram pelos golpes de nossa irreflexão já nos perdoaram incondicionalmente, fulgindo nos planos superiores; no entanto, pela lei de correspondência, ruminamos, por tempo indeterminado, os quadros sinistros que nós mesmos criamos.

Cada consciência vive e envolve entre os seus próprios reflexos.

É por isso que Allan Kardec afirmou, convincente, que, depois da morte, até que se redima no campo individual, “para o criminoso, a presença incessante das vítimas e das circunstâncias do crime é suplício cruel”.

Emmanuel/Chico Xavier- Cap. 47, do livro Justiça Divina

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Allan Kardec – Biografia

PORQUE QUALQUER UM QUE DE MIM SE ENVERGONHAR - Verdade Luz

ALLAN KARDEC (Hyppolite-Léon-Denizard Rivail). Fundador da doutrina chamada espírita, nascido em Lyon em 3 de outubro de 1804, oriundo de Bourg en Bresse, departamento do Ain. Conquanto filho e neto de advogados, e de uma antiga família que se distinguiu na magistratura e no foro, não seguiu essa carreira; dedicou-se cedo ao estudo da ciência e da filosofia. Aluno de Pestalozzi, na Suíça, torna-se um dos discípulos eminentes deste célebre pedagogo, e um dos propagadores de seu sistema de educação, que exerceu grande influência na reforma dos estudos na França e Alemanha. Foi nesta escola que se desenvolveram as ideias que deviam colocá-lo mais tarde na classe dos homens de progresso e dos livres pensadores.

Nascido na religião católica, mas criado num país protestante, os atos de intolerância que sofreu a esse respeito lhe fizeram conceber, desde os quinze anos de idade, a ideia de uma reforma religiosa, na qual trabalhou em silêncio por muitos anos, com o pensamento de chegar à unificação das crenças; mas faltava-lhe o elemento indispensável à solução desse grande problema.

O Espiritismo veio mais tarde fornecer-lhe esse elemento e imprimir uma direção especial a seus trabalhos. Por volta de 1850, quando se tratou das manifestações dos espíritos, Allan Kardec entregou-se a observações perseverantes sobre esses fenômenos, e dedicou-se principalmente a deduzir daí as consequências filosóficas. Entreviu aí primeiramente o princípio de novas leis naturais: as que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu na ação deste último uma das forças da natureza, cujo conhecimento devia lançar luz sobre uma quantidade de problemas considerados insolúveis, e compreendeu seu alcance do ponto de vista científico, social e religioso. Suas principais obras sobre esta matéria são: o Livro dos Espíritos, para a parte filosófica, e cuja primeira edição saiu em 18 de abril de 1857; o Livro dos Médiuns, para a parte experimental e científica (janeiro de 1861); o Evangelho segundo o Espiritismo, para a parte moral (abril de 1864); o Céu e o Inferno, ou a justiça de Deus segundo o Espiritismo (agosto de 1865); a Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, coletânea mensal começada em 10 de janeiro de 1858. Fundou em Paris, em 1de abril de 1858, a primeira sociedade espírita regularmente constituída com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cuja finalidade exclusiva é o estudo de tudo o que pode contribuir para o progresso desta nova ciência.

Allan Kardec se defende de ter escrito algo sob a influência de ideias preconcebidas ou sistemáticas; homem de caráter frio e calmo, ele observou os fenômenos e deduziu as leis que os regem; foi o primeiro a lhes dar a teoria e formar um corpo metódico e regular. Demonstrando que os fatos falsamente qualificados de sobrenaturais estão submetidos a leis, ele os faz entrar na ordem dos fenômenos da natureza, e destrói assim o último refúgio do maravilhoso e um dos elementos da superstição. Durante os primeiros anos em que se tratou de fenômenos espíritas, essas manifestações foram mais objeto de curiosidade do que assunto de meditações sérias; o Livro dos Espíritos fez considerar a coisa sob um aspecto completamente diferente; então foram abandonadas as mesas giratórias, que haviam sido somente um prelúdio, e aderiu-se a um corpo de doutrina que abarcava todas as questões interessando a humanidade.

Do aparecimento do Livro dos Espíritos data a verdadeira fundação do Espiritismo, que, até então, possuíra apenas elementos esparsos sem coordenação, e cujo alcance não pudera ser compreendido por todo o mundo; a partir desse momento também a doutrina reteve a atenção dos homens sérios e logrou um desenvolvimento rápido. Em poucos anos essas ideias encontraram inúmeros adeptos em todas as classes da sociedade e em todos os países. Esse sucesso sem precedentes deve-se sem dúvida à simpatia que essas ideias encontraram, mas ele é devido também em grande parte à clareza, que é um dos caracteres distintivos dos escritos de Allan Kardec.

Abstendo-se das fórmulas abstratas da metafísica, o autor soube colocar-se ao alcance de todo o mundo e ser lido sem fadiga, condição essencial para a vulgarização de uma ideia. Sobre todos os pontos controversos, sua argumentação, de uma lógica cerrada, oferece pouca ocasião à refutação, e predispõe à convicção. As provas materiais que o Espiritismo dá da existência da alma e da vida futura tendem à destruição das ideias materialistas e panteístas. Um dos princípios mais fecundos desta doutrina, e que decorre do precedente, é o da pluralidade das existências, já entrevisto por uma quantidade de filósofos antigos e modernos, e nos últimos tempos por Jean Reynaud, Charles Fourier, Eugene Sue e outros; mas permanecera no estado de hipótese e de sistema, enquanto o Espiritismo demonstra sua realidade, e prova que este é um dos atributos essenciais da humanidade. Deste princípio decorre a solução de todas as anomalias aparentes da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais; o homem sabe assim de onde vem, aonde vai, para que fim está na terra, e por que sofre. As ideias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores; a marcha ascendente dos povos e da humanidade, pelos homens dos tempos passados que revivem após terem progredido; as simpatias e as antipatias, pela natureza das relações anteriores; essas relações, que ligam a grande família humana de todas as épocas, dão como base as próprias leis da natureza, e não mais uma teoria, aos grandes princípios de fraternidade, de igualdade, de liberdade e de solidariedade universal. Ele toca, além disso, diretamente na religião, pois sendo a pluralidade das existências a prova do progresso da alma, isso destrói radicalmente o dogma do inferno e das penas eternas, incompatível com esse progresso; com esse dogma ultrapassado caem os inúmeros abusos dele originados. Em vez do princípio: Fora da Igreja não há salvação, que sustenta a divisão e a animosidade entre as diferentes seitas, e que fez derramar tanto sangue, o Espiritismo tem por máxima: Fora da caridade não há salvação, ou seja, a igualdade de todos os homens diante de Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua. Em vez da fé cega que aniquila a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé inabalável senão aquela que pode mirar a razão frente a frente em todas as idades da humanidade. Para a fé é preciso uma base, e esta base é a inteligência perfeita do que se deve crer; para crer não basta ver, é preciso sobretudo compreender. A fé cega não é mais deste século; ora, é precisamente o dogma da fé cega que faz hoje o maior número de incrédulos, porque ela quer impor-se, e exige a abdicação de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre arbítrio. (Evangelho segundo o Espiritismo.) A doutrina espírita, tal como enunciada nas obras de Allan Kardec, contém em si os elementos de uma transformação geral das ideias, e a transformação das ideias traz forçosamente a da sociedade. Deste ponto de vista ela merece a atenção de todos os homens de progresso. Estendendo-se já a sua influência a todos os países civilizados, ela dá à personalidade de seu fundador uma importância considerável, e tudo faz prever que, num futuro talvez próximo, ele será colocado como um dos reformadores do século XIX.

Fonte: Nouveau Dictionnaire Universel, par Maurice Lachâtre, Docks de la Librairie, 38 – Paris, 1866

IPEAK – Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardek

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40 gramas

Tempo de leitura: 3 minutos
Editores ECK

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Decisão da Suprema Corte brasileira define o quantitativo liberado para porte e uso de cannabis. O que se espera em relação a esta importante decisão? Como reagem a ela os brasileiros e, dentre estes, o segmento espírita?

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Desde o dia 25 de junho e enquanto o Congresso Nacional que detém a competência para legislar, compreendida a decisão supletiva para dispor sobre a matéria, não se pronuncie, há um quantitativo mínimo para diferenciar o usuário de maconha (cannabis sativa) do traficante: 40 gramas.

Trata-se de um expressivo avanço que NADA tem a ver com legalização de drogas ou porta de entrada para outros entorpecentes “mais pesados”, como dizem os opinadores de redes sociais – em especial os “tios” e “tias” do WhatsApp. O contexto é o da descriminalização do porte e o excludente de culpabilidade em relação ao usuário, permanecendo as sanções legais criminais em relação aos traficantes.

Diante da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), um expressivo número de partidários da “extrema direita espiritista” iniciou a ação de espalhar fake news como a de que os ministros do STF devem ter “fumado unzinho”, para agir no sentido da diferenciação entre traficante e usuário. 

E não só eles, como os demais, não espíritas, mas “terrivelmente cristãos”, não entendem – ou fingem não entender – o óbvio: nos bairros nobres e nas residências mais valorizadas, impera a “lei do doutor”, aplicável ao usuário sempre inocente, branco, bom nível cultural e de classe média. Nas periferias, sob a mesma abordagem paralegal, a “borracha” come solta, onde se brada facilmente: cadeia para o “traficante”!, mesmo que seja aquele “pego” com um simplório baseadinho.  

Há no Brasil um notório fingimento de que “tudo está bem” e é preciso garantir a “paz social”. Mas, esta paz só é a que se coaduna com interesses e visões particulares – sobretudo as que derivam de visões estreitas que derivam das religiões cristãs e suas prescrições morais particulares. É que no Brasil igrejeiro, qualquer pauta que se relacione à humanização das relações é depreciada, menosprezada e combatida. Respeito às diversidades, liberalização do aborto com leis precisas de proteção à mulher, valorização feminina, políticas de combate ao racismo, à misoginia, à homofobia, à xenofobia, à aporofobia, entre outros, tudo isso atinge o coração dos conservadores, incluindo espíritas de pedigree, de destacadas posições em instituições e de nariz empinado. 

40 gramas, assim, sacodem a nação e o movimento espírita enquanto, ao lado, toneladas de intolerâncias e de barbaridades dominam o ambiente político, social e doutrinário. Sim, porque você nunca vai observar alguns desses temas sendo abordados de forma consciente e equilibrada, bem dentro da lógica racional praticada e recomendada por Kardec nos “púlpitos” das casas espíritas ou diante de grandes plateias em auditórios luxuosos, em performances teatrais dos afamados showmen. Ah, claro, o Espiritismo que o Brasil conhece figura muito distante daquela filosofia com bases científicas e consequências morais que o Professor francês, no quartel final do Século XIX, estabeleceu, a partir de premissas racionais, adotando uma metodologia, uma hermenêutica e uma epistemologia características. Aqui temos os que deformaram e deformam Kardec, se valendo de outros insumos (crendices, dogmatismos, superstições, enxertias) que mais confundem do que esclarecem.

40 gramas é, então, o patamar permitido agora para que o indivíduo não seja detido como traficante, sofrendo os rigores da lei. 40 gramas simboliza o todo mundo igual perante a lei e  a abordagem é democrática. Tudo isso é, sabemos, ainda muito tímido, mas configura um avanço. Obviamente, a religião cristã continua ditando as regras morais, mas que deveriam, ao contrário, ser éticas (porque moral é algo pessoal ou conjuntural, como as prescrições decorrentes da fé, enquanto a ética seria o predefinido socialmente, sem amarras religiosas e sem preconceitos derivados de visões pessoais sobre temáticas assim como de parciais visões da vida). Isto, em um país que sonha (poder) ser laico, sob a égide principiológica da Constituição Cidadã de 1988, mas que segue flertando fortemente com o  fundamentalismo cristão. 

Os espíritas seguem, portanto, vibrando com “jesus no leme” do Brasil. Enquanto isso, o barco segue em águas turvas, sob tempestades, com velas puídas, timão enferrujado e instrumentos de navegação sem resposta.. À espera das (presumíveis) catástrofes, mas, para eles, estas são as purgações necessárias, os resgates, para que depois todos possam gozar da vida sem 40 gramas nas colônias espirituais da Eternidade, enquanto os maconheiros estarão condenados, desde já, aos umbrais da Terra, em presídios, e aos umbrais do porvir, retratados nos romances de ficção mediúnica…

Fonte: Espiritismo com Kardec – ECK

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Obsessão na Casa Espírita

Francislene Magda da Silva

 

A Casa Espírita é um espaço de acolhimento para todos aqueles que necessitam de auxílio espiritual. Este auxílio pode ser oferecido de maneiras variadas e integradas: atendimento fraterno, palestras evangélicas, fluidoterapia (passes), tratamentos espirituais e cursos sobre a Doutrina dos Espíritos.

 

Por esta porta de acolhimento é bastante comum, adentrarem pessoas em processo de sofrimento relacionado à obsessão espiritual que se caracteriza pela “ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo”. (KARDEC, 2023, p.341).

 

A obsessão espiritual ocorre pela sintonia que se estabelece entre o Espírito obsessor e o indivíduo obsidiado. A matéria prima desta sintonia diz respeito às nossas imperfeições morais que se expressam de diversas maneiras: nossos pensamentos, sentimentos, comportamentos, além das obsessões que são estabelecidas pelas conexões passadas e conflitivas entre os seres.

 

Nossas imperfeições morais estão diretamente relacionadas ao egoísmo e ao orgulho, por isso é importante examinarmos continuamente como estas características se manifestam nas nossas ações cotidianas e nas nossas relações.  São desdobramentos do egoísmo e do orgulho: vaidade, inveja, ciúme, avareza, personalismo, maledicência, intolerância, impaciência, melindre, negligência entre outros.

 

Vale destacar que a influência moral do médium se dá de modo natural no seu desempenho nas tarefas doutrinárias e mediúnicas. Por isso o voluntário da Casa Espírita necessita adotar a reforma íntima como prática diária, para paulatinamente reduzir as expressões egoístas e orgulhosas e ampliar a vivência do bem e da prática mediúnica com Jesus. Para tanto é essencial atentar para o teor de seus pensamentos e sentimentos, identificando o que está cultivando no seu mundo interior e que tipo de sintonia este cultivo favorece.

 

É fundamental a auto-observação sobre a própria postura na realização das tarefas desenvolvidas na Casa Espírita. Há personalismo ou trabalho em equipe? Intolerância ou respeito? Autoritarismo ou parceria? Escuta atenta, diálogo ou imposições? Maledicência ou acolhimento? Que aspectos necessitam de atenção e dedicação com foco na reforma íntima?

 

Devido às nossas imperfeições e desatenção, pode ocorrer a obsessão espiritual envolvendo os voluntários da Casa Espírita, com reflexos diretos na convivência e no desempenho das atividades. Nestas situações, necessário se faz recorrer à prece e à leitura edificante que favorecem a harmonização dos pensamentos e o realinhamento das atitudes; conversas respeitosas e acolhedoras nas quais se possa orientar aquele que encontra-se obsidiado, que precisará se abrir para esta conversa com humildade e responsabilização pela própria melhora, sem dar espaço para os melindres.

 

“Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”. (KARDEC 2023, p. 96).

 

Eis aí um roteiro seguro para o nosso aprimoramento moral, cultivar a convivência respeitosa, acolhedora, nas quais as parcerias são vivenciadas com amorosidade, funcionando como suporte no enfrentamento das dificuldades inerentes ao processo evolutivo, além de partilhar os frutos que colhemos de nosso empenho por nossa melhora íntima.

 

Encontramos nas obras da Codificação e na vasta literatura espírita, material que favorece a reflexão e o olhar atento para si mesmo, para servirmos na Seara do Mestre Jesus, amadurecendo a cada dia um pouco mais, em conexão com o Pai Criador da Vida.

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Referência:

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2023.

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As Bets são o retrato de nossos tempos…

Vivemos em uma era marcada pela cultura do imediatismo, termo cunhado pelo professor Douglas Rushkoff em seu livro Choque do presente, lançado em 2013. Essa cultura caracteriza-se pela necessidade de satisfação instantânea e respostas rápidas, ignorando as lições do passado e, principalmente, sem a consideração do futuro. Uma pessoa imediatista vive para o presente, enxergando o passado como irrelevante e o futuro como incerto. Essa visão ansiosa e desconectada resulta em uma sociedade que busca a realização material a qualquer custo, sem reflexão ou planejamento, desejando a matéria a qualquer custo.

O materialismo, que anda de mãos dadas com o imediatismo, nos empurra para essa busca incessante por bens e conforto, levando muitos a acreditarem que a felicidade está em acumular e consumir. Em O livro dos Espíritos, Kardec já recebia orientações dos Espíritos sobre os perigos do materialismo. Na questão n. 799, quando perguntado sobre como o Espiritismo pode contribuir para o progresso, a resposta foi clara:“Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro”.

Esse alerta se mostra mais relevante do que nunca. Vivemos em uma época em que a cultura imediatista e materialista encontra seu ápice em fenômenos como a proliferação das casas de apostas, ou Bets. Elas oferecem a promessa ilusória de uma “salvação imediata”, uma chance de enriquecimento rápido, sem esforço, pela sorte. Essas apostas atraem aqueles que buscam uma solução fácil para suas dificuldades materiais, mas, na verdade, acabam levando muitos à ruína, ao endividamento e à compulsão.

Como bem destaca o Espiritismo, a solução para os desafios da vida não está em se livrar das privações materiais a qualquer custo. O materialismo não nos leva à resignação diante das vicissitudes da vida, enquanto o Espiritismo nos oferece uma visão elevada das tribulações, mostrando que elas são oportunidades de crescimento. É com o Espiritismo que se pode ver as coisas de forma mais abrangente e com ligações entre o ontem, o hoje e o amanhã. Dessa forma, passamos a não nos perturbar tanto com as tribulações, adquirindo mais coragem diante das aflições e mais moderação para com nossos desejos.

A sociedade imediatista nos empurra a acreditar que a felicidade está na abundância material, ignorando o desenvolvimento espiritual e a compreensão das dores da vida. Isso se reflete até mesmo nas promessas de homens públicos, que muitas vezes oferecem soluções rápidas e superficiais para problemas complexos, desviando a atenção das verdadeiras causas do sofrimento.

Como não nos recordarmos de Bezerra de Menezes, que nos ensinou que o materialismo nunca trouxe regeneração moral ou consolo verdadeiro. Em um célebre debate, Bezerra respondeu a um convite para defender o Espiritismo perante o materialismo, dizendo:“Aceitamos o desafio, mas tragam também ao debate aqueles que o materialismo tenha soerguido moralmente no mundo; os malfeitores que ele tenha regenerado para a dignidade humana; os infelizes aos quais haja devolvido o ânimo de viver; os doentes da alma que tenha arrebatado às fronteiras da loucura […]. Se vocês puderem trazer um só dos desventurados do mundo, a quem o materialismo terá dado socorro moral para que se liberte do cipoal do sofrimento, nós, os espíritas, aceitaremos o repto”.

Essa fala de Bezerra nos convida a refletirmos sobre os caminhos que escolhemos. O imediatismo e o materialismo podem prometer soluções rápidas, mas seus frutos são, invariavelmente, mais sofrimento e desilusão. O Espiritismo nos mostra que a verdadeira salvação está no esforço diário, na compreensão das provas e na busca pela evolução espiritual, oferecendo ao homem coragem e esperança para enfrentar os desafios da vida.

Vivamos, portanto, os valores cristãos, pautados na solidariedade, na paciência e na fé na vida futura, para que possamos combater, em nossas ações diárias, as ilusões do materialismo e do imediatismo que tanto ferem a alma humana.

Fonte: Jornal

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Psicólogo aponta para um novo olhar sobre o uso problemático da Internet

Em uma conversa esclarecedora, o psicólogo Aroldo de Lara Cardoso Júnior (foto) debateu o conceito de “uso problemático da Internet”, um tema que desperta interesse crescente no campo da saúde. Ao contrário de diagnósticos concretos, como transtornos de ansiedade ou depressão, o uso problemático da Internet é descrito como um “construto”, ou seja, uma forma de entender comportamentos humanos, sem necessariamente categorizá-los como doenças.

O que é?

Cardoso explica que o termo não deve ser confundido com dependência ou vício, como é frequentemente retratado. “O uso problemático da Internet é um conceito que surgiu nos anos 1990, quando Kimberly Young, psicóloga norte-americana, estudou o caso de uma mulher que parou de realizar atividades cotidianas, como cuidar da casa ou de si mesma, para passar a maior parte do tempo em um serviço online popular na época, o America Online”, relembra. Naquele período, a ideia de dependência de Internet foi recebida com ceticismo e críticas. No entanto, os relatos de pessoas que passaram a descrever dificuldades em controlar o tempo online geraram uma série de estudos, que, ao longo de mais de 25 anos, construíram a base de compreensão que temos hoje.

A evolução do conceito: não se trata de dependência

Hoje, a visão sobre o uso problemático da Internet é mais ampla e não se restringe a um simples diagnóstico de dependência. Cardoso ressalta que “não se fala mais em dependência ou vício, como se fosse algo similar à adição por substâncias, onde a perda de controle tem uma determinação mais biológica, com presença de sintomas de abstinência. Em vez disso, o foco está no sofrimento gerado pelo FoMo (Fear of Missing Out), que muitas vezes pode estar atrelado a comorbidades, como depressão e ansiedade. Ele destaca que o comportamento pode ser uma forma mal adaptada de lidar com problemas emocionais: “O uso da Internet pode ser um mecanismo de escape, quando a pessoa está enfrentando dificuldades na realidade e busca se regular emocionalmente no ambiente digital”.

Fatores de personalidade e o modelo I-PACE

O especialista também aborda um modelo recente, o I-PACE (Interação entre Personalidade, Afeto, Cognição e Emoção), que busca explicar os múltiplos fatores envolvidos no uso problemático da Internet. “Esse modelo propõe que certos traços de personalidade, como o neuroticismo, podem tornar as pessoas mais vulneráveis a um uso excessivo de Internet, como uma maneira de lidar com o sofrimento”, afirma. Cardoso observa que, em geral, pessoas com maiores níveis de neuroticismo ou extroversão têm maior propensão a desenvolver comportamentos problemáticos, em parte pelo próprio design das plataformas, que utilizam algoritmos para manter o engajamento dos usuários.

O sofrimento como principal indicador

Quando perguntado sobre como identificar o momento em que o uso da Internet se torna prejudicial, Cardoso foi claro: “O ponto de alerta é quando o uso da Internet gera sofrimento”. Ele exemplifica situações como o uso do WhatsApp enquanto dirige, resultando em múltiplos acidentes, ou quando o indivíduo perde noites de sono devido a jogos online, mesmo sabendo que precisa descansar. Nesse sentido, o tempo de uso, por si só, não é necessariamente um indicador de problema. “Pessoas podem passar muitas horas conectadas, seja por trabalho ou lazer, sem que isso cause sofrimento ou prejudique suas vidas”, esclarece.

Impacto nas novas gerações e redes sociais

Um ponto importante levantado durante a entrevista foi o impacto das redes sociais, especialmente em adolescentes. Cardoso comenta que plataformas como Instagram e TikTok criam um ambiente propício ao engajamento excessivo, em que jovens se sentem pressionados a constantemente checar o que está acontecendo. Contudo, ele faz uma ressalva: “O problema não é o tempo que eles passam online, mas o que acontece quando eles não conseguem parar de pensar nisso, como a preocupação excessiva com a imagem ou os comentários recebidos nas redes”.

Jogos online e apostas: um novo desafio

A conversa também abordou a questão dos jogos online e apostas, que dominaram o noticiário recentemente. Cardoso explicou que, embora existam semelhanças com o uso problemático da Internet, as apostas têm características próprias. “Há um reforço intermitente, em que a pessoa ganha de vez em quando, o que a faz acreditar que na próxima vez terá mais sorte”, disse. Esse tipo de comportamento pode ter outras influências, como a incerteza econômica no Brasil, que leva as pessoas a buscarem formas de ter mais dinheiro facilmente. Ele também destacou que o fácil acesso às apostas, agora disponíveis até em aplicativos de celular, contribui para o aumento de casos de pessoas que perdem o controle sobre seus gastos.

Conclusão: o caminho para a autodescoberta

Cardoso conclui reforçando a importância de uma abordagem mais ampla e cuidadosa ao tratar o uso problemático da Internet. Segundo ele, é fundamental não patologizar todos os comportamentos, mas, sim, observar o sofrimento individual como um reflexo de questões mais profundas. “O uso da Internet é parte do comportamento humano, e devemos tratá-lo com a devida complexidade, buscando entender o que está por trás dele”, concluiu.

Essa análise oferece uma visão detalhada de como o uso excessivo da Internet pode impactar a saúde mental, destacando a importância de buscar equilíbrio e autoconhecimento em um mundo cada vez mais conectado.

Esse diálogo traz uma reflexão muito rica sobre vícios, compulsões e o impacto das tecnologias modernas na vida das pessoas, tanto do ponto de vista psicológico quanto espiritual. A fala toca em vários pontos importantes:

  • percepção de quando o comportamento se torna problemático – o entrevistado aborda o conceito de FoMo (Fear of Missing Out), que é o medo de estar perdendo algo ao ficar desconectado. Esse sentimento é um dos principais sinais de que o uso da tecnologia ou da Internet pode estar se tornando prejudicial. Além disso, ele menciona o uso de testes, como o de dependência de Internet para avaliação clínica do caso, que deve ser feita preferencialmente em conjunto com profissional habilitado;
  • importância do diagnóstico profissional – é destacado que o autodiagnóstico pode ser enganoso, e que o mais adequado é buscar um especialista, como um psicólogo ou psiquiatra, para uma avaliação precisa. Isso vale tanto para comportamentos relacionados a jogos de azar quanto para o uso de redes sociais e aplicativos;
  • influência espiritual e obsessão – a perspectiva espiritual sugere que comportamentos considerados compulsivos podem ser considerados atávicos, ou seja, que têm relação com experiências de vidas passadas. Obsessões poderão ser engendradas especialmente na busca de conteúdo danoso na Internet, tal como grupos que ensinam automutilação ou conteúdos pornográficos, havendo uma relação de mutualidade entre o consumo de conteúdo e o processo obsessivo;
  • pornografia e padrões corporais – pode trazer padrões cujos comportamentos afetem as fantasias das pessoas, distanciando-as de um autoconhecimento. Pode criar expectativas sobre as relações sexuais e sobre o próprio corpo que afetam a saúde mental.

Esse tipo de discussão é fundamental para gerar uma conscientização tanto sobre a saúde mental quanto sobre o impacto espiritual das escolhas e dos comportamentos no mundo atual, em que a tecnologia desempenha um papel central.

Aroldo de Lara Cardoso Jr. é formado em Direito e em Psicologia pela PUC-SP; especialista em Adolescência (Unifesp), Psicodrama (Sedes Sapientiae/Profint) e Psicologia Clínica (CRP/SP); mestre em Psicologia Clínica. Atualmente, é psicólogo clínico e doutorando na PUC-SP.

Fonte: Jornal

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O evangelho sob as lentes dos pesquisadores do espiritismo

O 19º Enlihpe – Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, realizado no final de agosto, em São Paulo, apresentou seis trabalhos inéditos sobre conteúdos relacionados à ciência e à filosofia presentes em O evangelho segundo o espiritismo, lançado por Allan Kardec, em Paris, há 160 anos.

 

Considerado por muitos apenas como livro religioso de simples leitura, O evangelho é obra de peso na história do espiritismo e do pensamento humano, ao realizar a crítica aos dogmas de fé da época e apresentar um novo paradigma para a interpretação dos ensinos morais de Jesus.

 

A obra foi publicada por Allan Kardec sete anos depois de O livro dos espíritos (1857), sendo antecedida ainda por Instruções práticas sobre as manifestações espíritas (1858), O que é o espiritismo (1859), O livro dos médiuns (1861), O espiritismo em sua mais simples expressão (1862), Viagem espírita (1862) e pelos estudos da Revista Espírita. Quando O evangelho segundo o espiritismo apareceu, a doutrina espírita já estava, portanto, consolidada em suas bases científicas. Já havia sido revelada não somente a existência do mundo dos espíritos como também sua intercomunicação com o mundo dos encarnados. Kardec sabia que iria tocar em terreno delicado, ao abordar o aspecto ético da nova doutrina, enaltecendo a moral universal contida nos ensinos de Jesus, interpretados agora com maior clareza, sob novas lentes. Trazia uma argumentação bem diferente, já contendo premissas espíritas, como a existência de Deus, inteligência suprema do universo (não antropomórfico), a imortalidade da alma, o mundo invisível, a comunicabilidade dos espíritos, a mediunidade e a justiça divina baseada na lógica da reencarnação.

 

O encontro

 

Realizado na sede da USE-União das Sociedades Espíritas, o 19º Enlihpe contou com o apoio da LIHPE – Liga dos Pesquisadores do Espiritismo e do CCDPE-ECM – Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo – Eduardo Carvalho Monteiro. O evento prestou homenagem ao pesquisador e escritor mineiro Jáder Sampaio, um dos iniciadores dos Encontros da Liga, que desencarnou no mês de fevereiro.

 

A autoria dos trabalhos ficou por conta de Ricardo Terini (São Paulo), que explorou os aspectos históricos de O evangelho segundo o espiritismo; Daniel Salomão (Juiz de Fora), que abordou a exegese adotada por Kardec na interpretação dos textos bíblicos;  (Brasília) Farias, que em parceria com Silvio Chibeni (Campinas) e Luís Jorge Lira Neto (Pernambuco), trouxe a investigação sobre a mediunidade curadora e a singularidade da obra, respectivamente; Alexandre Fontes da Fonseca (Campinas), que analisou a relação entre espiritismo e a ciência articulada por Kardec; David Monducci (São Paulo), que abordou a dimensão religiosa do espiritismo.

 

Durante todo o evento, pesquisadores chamaram a atenção para o trabalho primoroso realizado por Allan Kardec na construção do espiritismo. Com a colaboração de perto das “vozes do céu”, ao lançar O evangelho segundo o espiritismo, ele inaugurou uma nova época de instruções para a humanidade.

 

Leia a seguir um pequeno extrato dos artigos apresentados.

 

Aspectos históricos

 

O evangelho segundo o espiritismo foi elaborado durante um dos períodos mais conturbados para Kardec, desde o seu contato com as mesas girantes. Ele mesmo o considerou como “o período de luta”, iniciado a partir do Auto de Fé de Barcelona (1861) e que sucedeu ao “período da curiosidade” (mesas girantes) e ao período filosófico” (O livro dos espíritos).

 

Na Revista Espírita de dezembro de 1863, ele comenta que as comunicações dos espíritos nesses períodos tinham um caráter especial para cada ocasião: primeiro, eram frívolas e levianas, depois se tornaram graves e instrutivas e, no terceiro período, pressentiam a luta, principalmente com o clero.

 

A campanha difamatória sofrida por Kardec por membros da Igreja Católica o incentivou a focar na essência do ensino moral de Jesus, de interesse geral, buscando sua significação profunda à luz do espiritismo. Ele também toca em conceitos abordados até então como religiosos e os desenvolve em todos os 28 capítulos do livro com base na ciência espírita disposta nas obras anteriores.

 

A falta desse conhecimento prévio pode prejudicar o entendimento de vários trechos de O evangelho segundo o espiritismo. Melhor seria que ele não fosse o primeiro livro para iniciar uma formação espírita, pois sem a compreensão dos conteúdos espíritas acaba por deixar a porta aberta para a assimilação dos ensinos de Jesus com base em outras vertentes religiosas.

 

Hermenêutica bíblica espírita

 

A relação com o texto bíblico pode ocorrer de duas formas, pela exegese (acesso científico-descritivo ao texto) e pela aplicação (adaptação do texto ao presente). Há um olhar espírita específico para as escrituras.

 

Kardec busca o espírito e não a letra para os textos bíblicos, diferentemente de outras denominações cristãs, que aceitam acriticamente tudo o que dizem as escrituras. Ele admite a existência de incongruências, seleciona o que é válido ou não a partir dos pressupostos científicos de sua época e adota uma hermenêutica de cunho ético, tendo por ponto de partida a validade indiscutível da moral de Jesus, revelado em O livro dos espíritos como modelo a seguir.

 

Kardec reconhecia o espiritismo como a chave completa para se compreender o verdadeiro sentido dos textos sagrados. Sua hermenêutica já parte de certa confiança na metodologia histórico-crítica de sua época, ao mostrar um olhar mais crítico à religião e um desapego à letra. Isso possibilitou que ele questionasse ou mesmo negasse a autenticidade e a literalidade das passagens bíblicas, quando em desacordo com pressupostos científicos e espíritas – a existência de Deus, a imortalidade da alma, a mediunidade e a reencarnação.

 

Mediunidade curadora

 

Há um texto sobre curas, bem pouco conhecido, que foi publicado por Allan Kardec como uma seção do capítulo sobre as preces espíritas no livro Imitação do evangelho segundo o espiritismo (1864). Essa obra foi a primeira edição de O evangelho segundo o espiritismo (1866), que ao ser revisado não contou com essa inserção.

 

No texto (leia em correio.news), Kardec define de maneira precisa o que é a mediunidade curadora, explica seus mecanismos de ação, indica suas potencialidades e limitações para promover o bem do próximo, alertando para os escolhos envolvidos em sua prática.

 

 A retirada do texto não seria, entretanto, uma espécie de desprezo de Kardec pelo tema. Segundo os pesquisadores, ao contrário, reflete seu desejo de dar mais foco à seção das preces, visto que a mediunidade de cura passou a ocupar cada vez mais sua atenção, desdobrando-se em vários artigos da Revista Espírita.

 

A ciência espírita

 

O Evangelho segundo o espiritismo não é uma obra dogmática. Os conceitos, discussões e esclarecimentos em torno do ensino moral do Cristo se baseiam em fundamentos científico-espíritas, obtidos através de critérios da razão e do controle universal do ensino dos espíritos. Isso confere enorme valor e importância às máximas desenvolvidas por Kardec em torno da vivência e prática do Evangelho de Jesus.

 

Esses fundamentos são identificados em vários conceitos desenvolvidos nos capítulos da obra, o que permite afirmar a importância de práticas que eram apenas consideradas rituais religiosos e culturais. A prece, o perdão e a caridade, por exemplo, estão fundamentados pelo espiritismo através da ciência espírita em princípios naturais.

 

Os fundamentos doutrinários são de total importância para a interpretação segura e correta do ensino moral de Jesus.

 

Os conceitos da ciência espírita não são apenas importantes para estimular futuras pesquisas espíritas, mas também para fundamentar a discussão e interpretação espíritas dos ensinos do Cristo.

 

O aspecto religioso    

 

Allan Kardec declara no preâmbulo de O que é o espiritismo que “o espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações”. Essa declaração permitiu que mais tarde se desenvolvesse na literatura espírita a ideia de que a doutrina espírita se apresenta com o tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião.

 

A palavra religião é complexa, plural em significados, possuindo múltiplos pontos de vista interpretativos que podem levar a desdobramentos muito diferentes. ´Trata-se de um problema histórico confundirmos um sentimento humano, inato, com as diversas formas exteriores utilizadas por diferentes sociedades, culturas e épocas para a sua manifestação.

 

O espiritismo esquiva-se das formas institucionalizadas, cristalizadas em dogmas de fé que contradizem a razão. É algo diferente de tudo que o precedeu e aponta para um futuro que ainda está por realizar-se.

 

A singularidade da obra

 

Na França do século 19, a crítica positivista exigia a substituição da religião pela ciência. O espiritismo surge em 1857, com a publicação de O livro dos espíritos, caracterizado como uma proposta de reconciliação da razão com a fé. A Igreja Católica e o clero francês declaravam que o espiritismo era uma nova religião.

 

O evangelho segundo o espiritismo é um livro de doutrina diferente dos demais em vários sentidos, da preparação ao conteúdo, da concepção à formatação. Para escrevê-lo, Allan Kardec fez um retiro na cidade balneária de Sainte-Adresse, pois necessitava de “recolhimento e isolamento”. Também, a nenhum encarnado dera conhecimento do assunto da obra em que estaria trabalhando.

 

 O livro colocou o espiritismo na linha da tradição cristã, apresentada de forma racionalista e positivista. Trata-se de obra singular pelo seu posicionamento no plano das obras fundamentais do espiritismo, um ponto de inflexão na estrutura da doutrina espírita, posicionando o espiritismo no debate do campo religioso, apresentando solução pacífica e harmoniosa para produzir a fé inabalável que enfrenta a razão em qualquer época da humanidade.

 

1 Os trabalhos apresentados estão publicados no livro 160 anos de o evangelho segundo o espiritismo, Ed. CCDPE- ECM.

 

Fonte: correio.news

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Um papo aberto sobre racismo e espiritismo

Por Eliana Haddad

Adolfo de Mendonça Júnior, 54 anos, é historiador e especialista em língua portuguesa. Natural de Franca, SP, tem atuado no movimento espírita como articulista e palestrante. É pesquisador e tem participado de encontros da Associação Brasileira de História Oral e da Liga de Pesquisadores do Espiritismo.

Trabalhador do Grupo Espírita Luz e Amor, Adolfo é membro do Núcleo de Pesquisadores Espíritas Agnelo Morato, grupo fundado em 2017 e que tem por finalidade aproximar estudiosos e interessados no desenvolvimento de pesquisas sobre a temática espírita em uma perspectiva acadêmica, tendo como referencial teórico a obra de Allan Kardec.

Com artigos publicados no Jornal de Estudos Espíritas (JEE), Adolfo tem se debruçado sobre a questão do racismo. Seu artigo “Allan Kardec, a ciência e o racismo” também foi traduzido para o francês e publicado na Revista Espírita do primeiro trimestre de 2019.

Convidado pelo Correio Fraterno, Adolfo concedeu-nos a seguinte entrevista:

 

Como analisa a pauta atual sobre racismo no Brasil e no mundo?

A agenda racista, tanto no Brasil quanto no mundo, é ampla, multifacetada e não tem sido totalmente discutida. Ela é fruto da escravidão e de uma narrativa racista

que coloca os brancos como superiores, responsáveis ​​por trazer ‘progresso’ para suas colônias. Para se compreender melhor essa pauta, é necessário analisar a história e a formação estrutural das colônias europeias no século 16. Também é importante examinar as estruturas históricas dos países africanos, asiáticos, americanos e da Oceania, que ainda sofrem as consequências da exploração imposta pelos estados capitalistas no contexto do neocolonialismo no século 19. A suposta superioridade da raça branca foi usada para justificar a exploração e opressão dos povos coloniais, o que explica as raízes do desenvolvimento do racismo estrutural. A exploração econômica, os sistemas opressores e as práticas discriminatórias marcaram profundamente as estruturas sociais, políticas e econômicas das áreas colonizadas. Abordar essa história e a formação estrutural dos países colonizados é fundamental para entender as bases do racismo contemporâneo.

No Brasil, o debate e a conscientização sobre o racismo aumentaram nos últimos anos, ganhando destaque em áreas como ativismo, academia e mídia. Movimentos sociais, coletivos, figuras públicas e independentes têm feito campanhas contra a discriminação racial.

O debate internacional sobre o racismo intensificou-se, impulsionado por movimentos como o Black Lives Matter (Vidas negras importam) nos EUA, que combatem a brutalidade policial e a desigualdade racial. Países estão formando suas forças policiais para lidar com o uso excessivo de força. Empresas e organizações também estão sendo convidadas a examinar suas práticas internas para promover a igualdade.

E no espiritismo? Afinal, como os espíritas devem se posicionar com relação às acusações de que Kardec era racista?

O anacronismo é um conceito histórico importante que devemos considerar ao analisar as sociedades do passado. Aplicar conhecimentos e valores atuais a essas sociedades distorce nossa compreensão. Cada sociedade tem sua própria dinâmica e evolui com base em diferentes fatores. Antes de tirar conclusões ou fazer julgamentos, é necessário ter um conhecimento mais aprofundado da cultura e do ambiente em que vivem essas sociedades.

O racismo é o ódio e o desprezo dirigidos a alguém ou a um grupo étnico considerado inferior. É também uma ideologia da classe dominante, capitalista e predominantemente branca, que pode ser expressa por meio de linguagem ofensiva, insultos, agressões físicas, exclusão social, segregação, etc. O racismo não é apenas ódio pessoal, mas um sistema complexo de opressão e desigualdade que afeta muitos aspectos da vida. As manifestações de racismo podem ocorrer por meio de atitudes abertamente racistas, ou mais sutilmente, por meio de estereótipos, viés inconsciente e discriminação velada.

Portanto, seria injusto e desonesto dizer que Allan Kardec odeia certas pessoas ou grupos. Seria perder de vista a essência de seu ensinamento, pois seu trabalho está intrinsecamente ligado à prática do amor e da caridade, transcendendo qualquer forma de preconceito ou discriminação.

Como historiador, o que você pode nos esclarecer sobre os trechos considerados racistas nas obras de Kardec?

 Allan Kardec era um homem de seu tempo. Ele se utilizou do conceito de racialismo, ou racismo científico, que estava em voga e que apresenta a ideia de desenvolvimento das raças. Em meu entendimento, conforme o estado evolutivo, os espíritos simples e ignorantes tendem a reencarnar em corpos mais grosseiros ou menos grosseiros, enquanto os espíritos mais adiantados reencarnam em corpos supostamente superiores. É por isso que ele chegou a afirmar: “Um chinês, por exemplo, que progredisse suficientemente e não encontrasse mais em sua raça um meio correspondente ao grau que atingiu, encarnará entre um povo mais adiantado” (O que é o espiritismo, cap. III – “Solução de alguns problemas pela doutrina espírita”, item 143: O homem durante a vida terrena). Fazendo uma analogia com o perispírito, que é mais grosseiro ou menos grosseiro conforme o estado evolutivo do ser, assim Kardec preconizava o conceito de raça, uma categorização que pretende classificar o corpo humano, pautando-se em características físicas e hereditárias, como a cor da pele, a forma do ângulo facial, do crânio, dos lábios, do nariz, do queixo etc. Kardec se referia à raça ou ao corpo carnal e não ao espírito. Como historiador não uso anacronismos, ou seja, o conceito de raça preconizado por Kardec era cientificamente aceito em sua época e, se ele for considerado racista, todo pesquisador do século 19 também é racista.

Você é de opinião que a obra de Kardec necessite de revisão nesse sentido?

O livro dos espíritos tem mais de 160 anos. Desde então, muita coisa mudou e a humanidade avançou científica, cultural, econômica, política e socialmente. Conceitos como “povos selvagens” e “civilizados” foram revistos pela academia. Devemos considerar os avanços da ciência e atualizar pontos que por demonstração já foram ultrapassados, continuando o trabalho de Kardec de desenvolvimento da ciência espírita.

Não podemos alterar o texto de um autor, mas podemos, por exemplo, acrescentar notas de rodapé e comentar as atualizações feitas pela ciência. Segundo Kardec, o espiritismo não se afastará da verdade e não tem nada a temer, desde que sua teoria continue sendo baseada na observação dos fatos. O espiritismo ainda tem muito a dizer sobre suas consequências, mas sua base é inquebrantável por estar fundamentada nos fatos, conforme comentários na Revista Espírita de fevereiro de 1865, sobre a perpetuidade do espiritismo.

Como lidar atualmente com teorias científicas do passado que são contestadas pela ciência contemporânea?

O espiritismo não tem nada a temer. A ciência se transforma com os avanços do progresso, estando em constante evolução e buscando validar e aprimorar suas teorias e descobertas por meio de métodos científicos rigorosos. É comum no meio científico que uma nova descoberta ou revelação precise ser validada pela comunidade científica antes de ser amplamente aceita. Nesse sentido, considerando que não cabe à comunidade científica contestar os princípios fundamentais do espiritismo, posto que o objeto de estudo da ciência é o princípio material e o objeto de estudo do espiritismo é o princípio espiritual, cabe a nós, espíritas, utilizar eventos e periódicos espíritas de natureza científica, como o Enlihpe e o JEE, para estabelecer um mainstream espírita e promover a ciência espírita, realizando estudos consistentes, testando e comprovando as novas revelações.

E preconceito no movimento espírita? Existe ou não? Qual sua visão sobre as minorias nas atividades espíritas?

Sim, há preconceito no movimento espírita, assim como há desigualdade social e econômica entre diferentes etnias. Há poucos pretos em cargos administrativos em centros espíritas ou em órgãos federativos e poucos palestrantes pretos espíritas. Tenho a sensação de ser visto como alguém que “conquistou” seu espaço por meritocracia, mas não acredito nessa ideia. Muitos amigos pretos não tiveram as mesmas oportunidades e deixaram de frequentar centros espíritas por causa dos gastos com eventos e palestras. É preciso avançar neste debate. Sou defensor do movimento de unificação e acredito que os dirigentes espíritas precisam considerar as desigualdades sociais ao organizar suas atividades. Apesar das restrições financeiras das federativas espíritas, é preciso incluir os excluídos e dar oportunidades aos que desejam conhecimento, mas não dispõem de recursos financeiros. Devemos envolver as minorias nas atividades espíritas. Elas enfrentam diferentes formas de discriminação e marginalização. É importante combater o racismo e o preconceito de todos os tipos, promover a igualdade, o respeito mútuo e valorizar a diversidade. Isso requer conscientização, educação, políticas antirracistas e engajamento em discussões construtivas para promover a dignidade humana e a justiça social.

Fonte: correio.news

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