Fenômeno da Morte

Samuel Valentim Afonso

Imagens do Saara expõem a diversidade de luzes, formas e ...

 

O belíssimo espetáculo da morte deveria ser visto com mais atenção pelos espíritas, pois é a porta de entrada para o verdadeiro mundo. Mas para muitos é desconhecida a beleza do estertor da morte, seja pelo instinto de conservação, pela ignorância, pela informação tendenciosa das organizações religiosas, ou mesmo por desinteresse próprio; vêem com repugnância esse fenômeno tão importante para o estado de evolução que estamos.

 

Antes de entrar no fator Espiritual, é necessária, também, uma abordagem orgânica do fenômeno Morte como um todo, desde o fluido vital que é envolvido à criação orgânica que leva uma parcela desse fluido.

 

  • Destruição Orgânica

 

Podemos dizer que o fenômeno da morte ocorre desde o nascimento. A partir do momento em que um ser encarna está sujeito a perdas constantes, devido à usura dos órgãos; ao gesticularmos, ao olharmos, ou até, pensarmos, as células se gastam, os átomos se movimentam e não mais retomam o mesmo lugar, de modo que nunca a matéria serve duas vezes ao mesmo organismo.

 

  • Criação Orgânica

 

Se por um lado consumimos e gastamos células e átomos de nosso corpo, por outro lado, para manter o equilíbrio, necessário é que se repare e renove essa porção de matéria. Isso implica em dizer que constantemente também há novos átomos em cada célula do organismo, ocorrendo assim o que podemos chamar de criação orgânica.

 

  • Princípio Vital

 

Para manter constante no corpo essa criação orgânica, há uma força que faz com que as células se multipliquem. É dada certa quantidade dessa força a cada ser e toda célula nascitura leva consigo uma parcela desta força vital, de modo que tende a diminuir com o passar do tempo.

 

Sem essa força o ser não seria nada mais que matéria inerte (L.E. Cap. IV) sem vida, inanimado, não havendo renovação, não havendo vida. A essa força, damos o nome de princípio vital.

 

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Mesmo o Homem alimentando-se com nutrientes essenciais à manutenção do organismo, o corpo se gasta até não mais ter força para produzir células e renovar seus órgãos. Ao esgotamento total dos órgãos, dá-se o nome de morte. (L.E. Cap. IV-68).

 

O Homem ao atingir o máximo de sua madureza, a força vital já não é suficiente para continuar com a mesma intensidade e as células já não mais se renovam tão assiduamente.

 

Dependendo do modo como levamos a vida, da nossa conduta e costumes, pode-se prolongar ou não o desgaste físico que nos leva ao falecimento dos órgãos; lembrando que, com exceção dos casos de suicídio, os modos de como as mortes ocorrerão é programado pelos Mentores Espirituais antes mesmo do Espírito renascer, baseando-se nas leis de ação e reação. Incluindo assim a sobrevida, cujos Espíritos se encarregam de “doar”, por assim dizer, uma quantidade de força vital capaz de manter os órgãos em funcionamento por um pouco mais de tempo, isso de acordo com o mérito.

 

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A morte e seus aspectos:

 

Morte Orgânica: nada mais é que uma transformação, um processo natural, necessário à matéria para sofrer transformações em seus múltiplos estados inerciais. O ser espiritual, ao ligar-se com a matéria, dando, assim, início a mais uma etapa de vida, liga-se, ponto a ponto de seu perispírito à matéria inerte que, por sua vez, aliada ao fluido vital, é o instrumento pelo qual o Espírito sente as impressões grosseiras do orbe terrestre.

 

Tanto o corpo, que é uma porção de matéria, quanto o perispírito, que também o é, não sentem dor. A dor, portanto é atribuída unicamente ao Espírito; corpo e perispírito não passam de instrumentos da dor. A morte, ou seja, a transformação orgânica, por si só não é dolorosa, já que o corpo nada sente. O que sentimos, por exemplo, quando queimamos a mão, é devido a estreita ligação entre o corpo e o perispírito e este ao Espírito; cessada a ligação do corpo com o perispírito devido a uma lesão, ou cessada a ligação do perispírito ao corpo, devido sonambulismo induzido, por exemplo, a dor não é mais sentida pelo Espírito.

 

Quanto mais materializado o Espírito, mais estreita é sua ligação com o corpo, tornando assim mais penosa, não somente sua morte, mais também sua vida.

 

Morte Psíquica (espiritual): o espírito quando encarnado sente profundas dores física e moral que se tornam mais penosas quando não há nenhum sentimento de resignação. Quanto mais ligado aos gozos carnais, menos conhecimento relativo ao plano invisível, e mais dolorosa é sua vida mesmo tendo uma vida alegre e aparentemente sem sofrimento. Neste caso, quando ligado às paixões carnais, é o próprio espírito que morre, mas não no sentido literal do termo, nesse, o sentido da palavra morte é outro: o apego único e exclusivo às coisas da matéria, o desconhecimento das coisas espirituais, das virtudes, do futuro, essa sim, é a morte do espírito; o que gera um transtorno extraordinário ao Espírito. Podemos dizer ser esta a morte real. (O caso bíblico de Lázaro, o morto-vivo).

 

Com essas duas informações sobre morte orgânica, morte psíquica pode-se concluir que:

 

           a) O espírito pode estar embrutecido ou psiquicamente morto, mas com o corpo em todo seu vigor físico,

 

            b) como no caso de catalepsia, o espírito pode desfrutar de sua verdadeira vida, desprendido por alguns momentos da carne, e o corpo perder quase por completo a sua força vital, a ponto de sofrer decomposição.

 

O caso bíblico de Lázaro sendo ressuscitado por Jesus, alude os dois casos, claramente.

 

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Desencarnação: é importante diferenciar morte de desencarnação. Como foi visto anteriormente, morte é um fenômeno biológico, sendo mais correto o dizer tratar-se de uma transformação. Desencarnar significa desligar o Espírito do corpo, romper todas as ligações perispirituais com matéria. Quanto mais ligado às paixões, aos vícios, mais apertadas são as amarras perispirituais vinculadas à matéria.

 

É muito comum usarmos morte e desencarne como sinônimos, mas há uma diferença capital. O sentido de morte já foi explicado, cabe agora, entender melhor a desencarnação.

 

A desencarnação dá-se por completo somente quando cada átomo do perispírito se desvincular completamente de cada célula do corpo somático.

 

Assim como para a encarnação se completar são necessários aproximados sete (7) anos, para o desencarne, o fenômeno não é ligeiro, exige certo tempo que varia de acordo com a natureza da morte e com o grau de apego à matéria.

 

O processo desencarnatório deve ocorrer sempre num clima de paz, para que no instante em que cessem as pulsações orgânicas nenhum choque vibratório atinja o recém-desencarnado.

 

Antes de pensar em si, aquele que fica, se realmente ama, pense em quem serve e ajude-o.

 

Desencarnação sendo o desvincular do espírito com a matéria, fácil é entender que o espírito começa a desencarnar a medida que vai conhecendo e aplicando os ensinamentos morais do cristo: o amor, a caridade, a abnegação. Deste modo, o instante da morte não passa apenas de um singelo despertar de um sono.

 

Logo, não é pelo fato de o corpo ter morrido que o espírito tenha desencarnado; o espírito pode continuar ligado à matéria, apegado aos vícios, parasitando e se alimentando das exalações pútridas da carne. Ou, por outro lado, o espírito pode estar aos poucos desencarnando, com o corpo ainda vivo, simplesmente pelo fato de estar praticando o amor, e tendo a certeza do futuro.

 

Samuel

Fonte: Espiritualidade e Sociedade

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A espiritualidade apoiará a sustentabilidade em nosso planeta

“Pois não faço o bem que desejo, mas continuo praticando o mal que não desejo. Ora, se faço o que não desejo, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim” (Romanos 7:19). A frase de Paulo em sua carta aos Romanos nunca ressoou tão atual. A reflexão que o apóstolo dos gentios fez é um convite para que possamos refletir sobre por que continuamos a fazer o que não desejamos mais estar fazendo.

A frase ganha um contorno bem importante ao nos depararmos com as recentes notícias, que trazem até um certo desânimo com relação às escolhas da humanidade, que continua a “empurrar com a barriga” as ações urgentes de que necessita o nosso planeta.

Recentemente, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que, faltando apenas seis anos para o fim do prazo estipulado para se atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030, atingimos apenas 17% das metas. De forma ainda mais triste, o relatório sobre os ODS 2024 apresentou o triste dado de que mais de 23 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza extrema.

Um dos motivos que levam a esse quadro estarrecedor é a falta de investimentos maciços e ações em larga escala que demonstrem realmente um compromisso das nações. Sem isso, pode-se constatar que a tarefa de se alcançar o cumprimento dos ODS será praticamente impossível.

E por que não fazemos, por que não nos comprometemos com esses objetivos? O que ainda falta para fazermos o que precisa ser feito?

O ESG (Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança), que há alguns anos tem ganhado força nas empresas e pautado muitos esforços legislativos, parecia ser um bom sinal de que poderíamos realmente avançar. No entanto, apesar da força da lei, infelizmente, as práticas sustentáveis que deveriam moldar as ações das corporações vêm caindo em descrédito, sendo, muitas vezes, utilizadas como ferramenta de marketing para impulsionar ainda mais os negócios da empresa sem promover mudanças reais.

Essa constatação pôde ser vista no recente documentário do Financial Times, que tem como título Quem matou a festa ESG? Ele efetivamente faz a pergunta que tenta achar um responsável pela diminuição de investimentos que acontecem em decorrência do greenwashing, que é exatamente quando as empresas utilizam o discurso da sustentabilidade apenas como uma ferramenta de marketing sem realmente praticarem as ações que divulgam. Isso pode acontecer com a divulgação de informações falsas, a ocultação de dados ou até mesmo a ocultação de ações da empresa que possam ser encaradas como pouco sustentáveis. Ou seja, conhecemos os objetivos sustentáveis, durante a última década impulsionamos e discutimos muito o ESG, mas, na hora de fazer o bem, de colocar em prática tais práticas, falhamos vergonhosamente.

O bem que deveríamos fazer pela nossa própria sobrevivência, não estamos fazendo. E aí retomamos ao questionamento de Paulo aos Romanos: por que continuamos a praticar o mal, por que insistimos em uma postura não ética, mesmo sabendo que estamos colocando em jogo nosso próprio bem-estar? Com toda a certeza, as razões repousam no orgulho e no egoísmo. Será impossível avançar com práticas externas se dentro de nós não nos modificarmos. Necessitamos desenvolver uma transformação interna, dar um novo significado para nossas vidas, nos conectarmos a uma consciência maior que tudo. Estamos todos interligados, por isso, quando escolhemos agir para atender somente aos nossos interesses sem nos preocuparmos com a coletividade, vamos falhar.

Sem uma espiritualidade compreendida por cada um de nós e praticada de forma honesta e verdadeira, não avançaremos. Desse modo, não adiantarão leis nem siglas, continuaremos patinando.

É chegado o momento de nos comprometermos de forma honesta com a nossa transformação. Enquanto insistirmos em ser quem somos e deixarmos que nossos interesses prevaleçam sobre as necessidades de todos, vamos fracassar, fazendo com que milhões de pessoas morram de fome e o planeta siga exausto pelos desmandos humanos.

Fonte: Jornal – Folha Espírita

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Como vivem as famílias no Plano Espiritual?

Nandra Laura

A curiosidade é natural diante de tal questão. Será que os papeis como mãe, marido, pai, esposa, avós, filhos e irmãos são os mesmos? Será que existe essa configuração de família no Plano Espiritual?

 

O que é família? O livro Vida e Sexo (XAVIER, 1971:13) explica que é uma agremiação de dois seres que por meio dos vínculos de afeto constroem um lar. É a mais importante função educadora e regenerativa da Humanidade.

 

Após a experiência na matéria e a despedida dos entes queridos voltamos à Casa do Pai, que é o Plano Espiritual. Este reencontro nem sempre é imediato. É compreensível que se romantize, já que existe saudades nos dois mundos.

 

O exemplo mais clássico na Doutrina Espírita é o livro Nosso Lar, de Francisco Cândido Xavier. Nesta obra, o protagonista André Luiz, após passar 8 anos em zonas umbralinas é socorrido e amparado pela Fraternidade Espiritual.

 

Assim que sua alta é concedida, André Luiz questiona sobre sua mãe, já desencarnada. Então, é orientado que no tempo certo suas dúvidas serão esclarecidas.

 

A mãe de André Luiz não se encontrava em Nosso Lar, habitava Esferas mais altas, logo tinha mais trabalho e vivia maior abnegação. Deste modo, poderia auxiliar aqueles que amava, como seu pai, por exemplo, que infelizmente, vivia no Umbral já há uns 12 anos.

 

Às vezes, se é surpreendido com notícias não tão agradáveis. No livro No Mundo Maior, psicografia de Francisco Cândido Xavier, André Luiz já é um pouco mais esclarecido sobre a dinâmica no Mundo Espiritual.

 

Nesta obra, o protagonista, acompanhado de outros irmãos, fazia atendimentos aos encarnados no momento do repouso físico, quando seus corpos estavam descansado e seus Espíritos em desdobramento.

 

Calderaro, experiente no trabalho de serviços do bem, acompanha André Luiz a uma região densa aonde se encontravam irmãos esfarrapados, esqueléticos e com as mãos lodosas que a todo momento levavam ao peito, no sentido do coração, temerosos de perder o que pensavam carregar.

 

Tratam-se daqueles que em sua casa mental ainda se achavam ricos, com seus negócios e imóveis. Sentiam-se perseguidos e acreditavam a todo momento que seriam roubados. A prioridade era proteger seus bens materiais.

 

E foi nesta experiência com esses irmãos em condições delicadas que André Luiz reencontrou seu avô Cláudio. Este senhor havia desencarnado há mais de 40 anos e não havia se dado conta. Caminhava por esses vales acompanhado por aqueles que compartilham o mesmo amor pelos tesouros que as traças roem.

 

Seu avô fora um homem rico e fazendeiro que dispôs de uma vultuosa fortuna que até seu neto desfrutou. André Luiz nasceu em “berço de ouro” e no planejamento financeiro do sr. Cláudio, a faculdade de Medicina do neto já estava garantida.

 

Porém, sua fortuna não foi conquistada de modo honesto e seu avô demonstrou-se muito apegado enquanto encarnado e agora também, enquanto desencarnado.

 

Assim, em um átimo, seu avô passou a reconhecer que estaria muito distante de seu lar. Ainda que não reconhecesse a presença de seu neto, o mínimo de luz tocou-lhe suficientemente para sair daquele quadro pantanoso.

 

O socorro espiritual chegou ao sr. Cláudio e ainda que para ele o materialismo fosse valoroso, preferiu sair daquela região misteriosa. Gostaria de reencontrar seus familiares e voltar para casa.

 

Deus em sua infinita justiça, misericórdia e amor enviou seu melhor emissário – o próprio neto do sr. Cláudio – para retirá-lo do lodaçal culposo. André, emocionado, revelou-se. Acolheu seu avô e a Espiritualidade Amiga e Fraterna já tinha planos reencarnatórios para este homem.

 

A escritora Evelyn Freire de Carvalho em sua obra Doutrina Espírita sem Segredos esmiúça duas situações para um Espírito recém-desencarnado. Há aqueles que reconhecem seu estado na Espiritualidade e estão prontos para reencontrar seus entes queridos e amigos.

 

Todavia, há outros que, em virtude de ainda não ter consciência de não se encontrarem mais no plano físico, precisam de um tempo para se reconhecerem. Deste modo, são encaminhados para Colônias de recuperação e, aos poucos conforme melhoram, podem ter acesso aos familiares.

 

Ademais, é necessário lembrar dos irmãos que desencarnam e não tem noção que já partiram da vida material. Não são esquecidos pela Providência Divina, apenas por ainda estarem presos ao materialismo, não visualizam ainda os Espíritos prontos a prestarem assistência.

 

Como narrar então a rotina das famílias no Plano Espiritual? Temos a benção de recorrer às obras psicografadas, que são a comunicação entre os dois planos.

 

No livro Colônia Espiritual Novo Amanhecer, do médium Orlando Noronha Carneiro é possível conhecer a história do Espírito Abelha.

 

André Bráulio dos Santos, o Abelha, desencarnou em virtude de um acidente automobilístico. Ele foi recolhido para uma enfermaria espiritual e tão logo ciente do seu estado, teve sua primeira visita: seu avô Antônio. Neste momento ele conscientizou-se da sua morte física.

 

Assim que logrou condições melhores, recebeu alta do hospital e foi viver com seu avô. É importante ter esses laços familiares, porque auxiliam no processo de adaptação neste outro mundo cheio de novidades.

 

Para conhecer como vivem as famílias no Plano Espiritual, é salutar que se explique sobre Colônias Espirituais. Nada mais são do que cidades projetadas pelos Espíritos e são organizadas segundo suas necessidades.

 

De acordo com as descrições de Abelha esta Colônia possui prédios, bairros, administração central, hospitais e praças, bem como educandários universitários e departamentos, por exemplo, de planejamento reencarnatório, cultura e tantos outros.

 

Para aqueles que têm a oportunidade de ir para uma Colônia Espiritual como o Abelha foi, o Espírito entende que a Lei do Progresso não descansa. São as oportunidades de estudar, trabalhar, aprender e servir.

 

Em nossa existência terrena estamos acostumados com a hierarquia, no sentido de autoridade familiar. Após a mudança para o Mundo Espiritual os pronomes possessivos vão perdendo a força. Minha mãe, meu pai, meu filho, meu esposo, minha esposa. O campo magnético do amor e da afinidade expandem-se e se descortina o véu da possessividade. Compreende-se que somos uma grande família universal.

 

Entendamos que a saudade é um sentimento natural que sentimos por aqueles que partiram. Curiosidade é comum, porque somos seres humanos que pouco conhecem sobre o além da vida. Amor é e sempre será a ponte que une os dos planos porque ele tatua a nossa alma e as experiências terrenas.

 

Que saibamos cultivar do nosso campo espiritual para ter as bênçãos do reencontro com os familiares, seja pela oportunidade do desdobramento nos sonhos, seja pela nossa partida do plano material. Que Jesus nos abençoe hoje e sempre.

 

Fonte: Letra Espírita

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Referências:

CARNEIRO, Orlando Noronha. Colônia Espiritual Novo Amanhecer, pelo Espírito Abelha. CEAC – Centro de Amor e Caridade – Bauru/SP, 2023.

CARVALHO, Evelyn Freire. Doutrina Espírita sem Segredos. 2ª edição. Letra Espírita. Campos de Goytacazes/RJ, 2023.

XAVIER, Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André Luiz. Nosso Lar. 64 ed.  – 9 imp. – Brasília, FEB, 2017.

XAVIER, Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André Luiz. No Mundo Maior. Brasília, FEB, 2013.

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Morrer é fácil. O difícil é desencarnar

Todos nós, seres humanos, sempre falamos e falaremos da vida e da morte, mas o correto seria falarmos sempre da vida, porque, sabemos, ela nunca vai acabar. Quando nascemos, somos simples manifestados. E como é morrer? A boa notícia é que já morremos muitas vezes! Provavelmente, milhares de vezes e de diversas formas. “Então morrer não é um negócio novo”, pondera o geriatra Fábio Nasri (foto), primeiro-secretário da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil). Como ele disse, não vai ser a primeira vez, portanto, não devemos ter medo!

“Do ponto de vista físico, morrer é muito fácil. O difícil é desencarnar. Porque desencarnar pressupõe que você abdica de todos os laços que te retenham aqui. De tudo que te uniu ao teu corpo. Você abdica do amor, de algo de estimação que você tem, dos seus brilhos, dos seus familiares. E esse processo do desencarne é mais difícil. Esse é o grande desafio: a gente conseguir desprender da alma os laços que nos prendem ao plano material”, explica Fábio Nasri.

O geriatra explica que há pessoas que desencarnam em horas, outras em anos, algumas em décadas, e outras em milênios. “Então, é importante saber que esses inúmeros pontos de contato que unem corpo e cérebro vão determinar o quão rápido você vai se separar. Temos várias formas de desencarnar. Há pessoas que desencarnam rapidamente em acidentes. As mortes, em geral, são um pouco mais traumáticas. Mas têm aquelas pessoas que envelhecem e desencarnam por meio das doenças físicas. Nesse segundo caso, por mais que a gente não goste de ficar velho, por mais que a gente odeie ficar fraquinho, é o melhor jeito. Porque aí vamos nos desprendendo aos poucos”, explica.

De acordo com Nasri, “a preparação para morrer é um problema existencial, da vida, A gente tem de se preparar todo dia para que esse desenlace do corpo físico seja mais fácil, mais rápido e o melhor possível. Temos de aceitar tudo aquilo que vivemos. Parar de brigar um pouco com as coisas, de reclamar. Viver de uma forma mais harmônica, sem prejuízos. E, principalmente, expandir o seu amor, a sua capacidade de amar. Mas não tem receita de bolo”.

O geriatra explica que, conforme envelhecemos, vamos tendo um esgotamento da nossa força vital e declinamos nossas forças fisiológicas. Movimentamo-nos menos, comemos menos, e esse processo facilita o desencarne. “Somos como uma larva até virar borboleta. Nesse caso, começamos a fabricar o nosso novo aspecto físico, plasmar sobre o Espírito, à semelhança do nosso corpo”.

Para onde vamos?

Fabio Nasri lembra do exemplo do desencarne de Dimas, descrito por André Luiz no livro Obreiros da vida eterna. Ele sofria de cirrose hepática, foi um trabalhador importante nas casas espíritas e tinha uma programação para viver mais alguns anos. No entanto, acabou se desgastando muito, o que antecipou seu desencarne. Por seu mérito, foi muito bem assistido espiritualmente durante o processo. “Quando a gente cultiva o ambiente, a gente vive numa borda de proteção. Quando temos mérito, existe uma equipe de desencarne que nos auxilia. Nos casos de internação, quando a equipe médica terrestre é sensível, ela percebe a presença dela nos momentos derradeiros da vida terrena”.

Um importante momento do processo de desencarne é o desligamento do cordão de prata, que interliga o corpo espiritual ao corpo físico. Bezerra de Menezes explica que nem sempre é possível liberá-los nos primeiros momentos, porque a maior parte dos Espíritos depende da vida mental, dos ideais, e essa ligação do cordão faz com que o Espírito retenha algumas sensações orgânicas até que o corte seja concretizado. Emmanuel diz que a maior parte das pessoas precisa de 50 a 72 horas para que esse corte do cordão de prata se concretize, por isso é recomendado esperar pelo menos 72 horas para que seja realizada a cremação.

E qual é a função do cordão de prata? Ele leva para o corpo espiritual as últimas memórias do corpo físico, as últimas estruturas da vivência dessa vida. Uma outra dúvida frequente é para onde vamos depois que desencarnamos. Vamos para onde o peso específico do nosso perispírito nos levar. E cada perispírito tem um peso específico, que vai nos encaminhar para uma camada da estratosfera, que é a física mesmo, onde ficam as colônias espirituais de diferentes características.

E o que precisamos fazer para ficar com o perispírito levinho? Nasri explica que precisamos queimar o carvão, ou seja, fazer com que as doenças saiam do corpo espiritual e migrem para o corpo físico. “Então, todo o processo de doença, muitas vezes, é um clareamento, é uma forma de você tornar sua pele e o Espírito mais leves”.

Emmanuel estima que temos 20 bilhões de Espíritos ligados à Terra e que mais da metade deles está semicivilizado. Destes, apenas um terço está apto a trilhar o caminho da espiritualidade superior. “O desencarne protegido, em que você vai para um determinado nível um pouco melhor, não é a maioria. Acima da faixa terrestre, temos uma cinta cinzenta de 50 quilômetros, seguida de outra de 150 quilômetros de uma cinta leve, onde estão vivendo Espíritos de uma densidade maior, que são as zonas umbralinas. Necessariamente, não vamos conseguir chegar lá em cima, onde está o Nosso Lar, mas existem colônias espirituais no meio desse caminho, onde, provavelmente, muitos de nós podemos alcançar, nem que seja por um estágio intermediário, até depois conseguir chegar, eventualmente, às colônias melhores”, ressalta.

Quem quiser se aprofundar e ler mais sobre o que é e como desencarnar, vale a pena ler o livro Nossa vida no além, escrito pela dra. Marlene Nobre, que analisou mais de 500 mensagens recebidas por Chico Xavier em que os Espíritos contam como é morrer.

Fonte: Jornal – Folha Espírita

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Preparei minha mãe para saber que morreu

Por Núbia Mendes

Minha mãe sempre dizia que tinha muito medo de morrer. Ficou viúva aos 78 anos, depois de uma vida de amor e alegria de mais de 50 anos com meu pai. Ela ficou muito triste, passou um tempo em minha casa, até ficar fortalecida. Depois de poucos meses, preferiu morar sozinha e continuar no mesmo apartamento em que viviam. 

Às vezes, minha mãe passava um tempo conosco e, nessas ocasiões, sempre conversávamos sobre a vida espiritual. Tinha muita curiosidade, muitas dúvidas e, como sabia ser eu estudiosa do espiritismo, sempre tinha alguma pergunta a me fazer.

Minha mãe era uma pessoa de muita fé, com formação religiosa católica, tendo se tornado espírita já idosa, frequentando e realizando cursos junto com meu pai, na Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Certa vez, tomando um descontraído café com bolo na cozinha da minha casa, ela voltou a comentar: “Eu estou bem, mas tenho muito medo de morrer sozinha!”

Foi quando eu tive a ideia de ensaiá-la, em meio a muitas risadas, a morrer em paz, dizendo: “Mãe, pare com isso! Um dia você vai ter que enfrentar esse medo. Vamos treinar?!”. Ela riu da minha ideia, comentou que eu era muito engraçada, e topou o desafio…

– De repente, mãe, você percebe que ninguém te responde ou avista seu corpo separado de você. Você percebe que “mor-reu”. O que você vai fazer? – perguntei.

– Ah, nem imagino… vou ficar apavorada.

– Não vai, não, mãe. Você não tem fé? Não gosta da Nossa Senhora? Pois chame por ela! Ela vai te ajudar, com certeza. Se estiver aflita, procure se acalmar, reze um Pai Nosso, pense em Jesus, e peça socorro a ela. Você não vai estar sozinha. Sabia que Maria de Nazaré cuida dos aflitos também no mundo espiritual?

– É. Verdade. Vou fazer isso. Ela vai me ajudar.

Essa conversa aconteceu na sexta-feira. Minha mãe voltou para sua casa no sábado à tarde e, acreditem, desencarnou na madrugada do domingo para segunda. Sozinha. Teve uma parada cardíaca.

É claro que o susto foi grande. Nunca imaginei que naquela conversa eu a havia preparado para uma desencarnação tão próxima. Meu Deus, que ideia teria sido aquela?!

Depois de alguns dias, uma amiga médium comentou que no centro havia socorrido uma senhora, que lembrava muito a minha mãe. Disse que ela não estava aflita. Sabia o que tinha acontecido com ela, mas queria saber os próximos passos.

– Está bem, já entendi. Mas se não tem nem céu, nem inferno, para onde eu vou agora?… – perguntou.

Minha mãe com certeza aproveitou o treinamento e ainda foi socorrida pelos amigos espirituais numa reunião mediúnica.

Isso tudo fez com que minha saudade doesse menos, dando-me a certeza, mais uma vez, de que a vida do espírito realmente continua.

Mãe, onde você estiver, receba todo esse meu carinho, revivido ao escrever essa nossa história. 

Fonte: correio.news

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Terapias Espíritas: O Que São?

Ana Paula Martins

Segundo o Dicionário Michaelis, terapia é: 1) Parte da Medicina que se ocupa dos cuidados dispensados aos doentes, entre eles a escolha e a administração do tratamento medicamentoso; 2) Todo método que visa descobrir as causas e os sintomas dos problemas físicos, psíquicos ou psicossomáticos e, por meio de tratamento adequado, restabelecer a saúde e o bem-estar do paciente.

 

Na visão espírita, as terapias são procedimentos que objetivam a elevação do padrão vibratório de uma pessoa. Entretanto, para ser possível essa elevação, é necessário que o indivíduo também modifique suas atitudes e pensamentos, de modo a ajudar no seu próprio reequilíbrio espiritual.

 

Atualmente, cada vez mais tem sido reconhecido que a Espiritualidade tem um importante papel na saúde e bem-estar do ser humano. Muitos centros terapêuticos no planeta já desenvolveram estudos mostrando a influência positiva da Espiritualidade no cuidado com pessoas doentes.

 

O médico psiquiatra Harold G. Koening, da Universidade Duke (EUA) escreveu o livro Espiritualidade no Cuidado Com o Paciente, onde enfatiza a necessidade de reconhecer a dimensão do indivíduo como parte integrante de um tratamento. A também médica Christina Puchalski, do Programa de Medicina, Cuidado e Espiritualidade da Universidade George Washington (EUA) destaca a necessidade de treinamento dos profissionais de saúde para lidar com questões espirituais do paciente.

 

Contudo, o reconhecimento da Medicina terrestre em relação à Espiritualidade se refere apenas na interferência das crenças dos pacientes nos tratamentos ministrados. Ainda não existe o reconhecimento da terapia espiritual propriamente dita.

 

Para se explanar sobre terapia, importante é falar do fator que a solicita: a doença. Qual motivo leva uma pessoa a adoecer?

 

A doença pode ser originária de descuidos cometidos. Existem pessoas que não cuidam adequadamente do seu corpo físico, ocasionando alguns males. Uma simples roupa molhada colada ao corpo por um longo período pode causar problemas de pele, ou então, a falta de higiene nas mãos antes de manipular os alimentos ocasionar um distúrbio gastrointestinal.

 

Os excessos também são fator contribuinte para patologias. O consumo excessivo de alimentos gordurosos pode causar doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio, ou doenças gastrointestinais, como o refluxo esofagiano. Até mesmo o consumo excessivo de água pode causar hiponatremia (baixo nível de sódio no sangue) e sobrecarga renal.

 

O uso de drogas, lícitas ou não, é um fator extremamente prejudicial à saúde, que causam vários problemas como destruição de neurônicos, lesões no fígado, problemas cardíacos, entre outros.

 

Algumas patologias também podem ocorrer por estresses ou desequilíbrios psíquicos, como os transtornos alimentares, dermatites, ou alterações hormonais.

 

Existe, ainda, doenças que ocorrem por fatores reencarnatórios, ou seja, são doenças incluídas no processo reencarnatório do Espírito, objetivando a progressão espiritual. O Espírito pode escolher, conforme suas faltas, as provas que o levem à expiação destas e o avanço espiritual mais rapidamente (KARDEC, 2022, pg. 141).

 

Independente da origem da doença, é importantíssimo o ensinamento de Emmanuel ao revelar que “ninguém poderá dizer que toda enfermidade, a rigor, esteja vinculada aos processos de elaboração mental, mas todos podemos garantir que os processos de elaboração da vida mental guardam positiva influenciação sobre todas as doenças” (XAVIER, 1975, p. 127).

 

Na visão espírita, a terapia é fundamentada na concepção do Universo como estrutura unitária e infinita, onde tudo (incluindo coisas e seres) estão em constante relação. Sendo assim, originados e findados neste contexto, pode-se ter certeza de que tudo que é necessário está contido nesta estrutura.

 

Com base nesta afirmação é possível identificar os princípios da terapêutica espírita definidos por Herculano Pires (PIRES, 1995, pg. 27-29).

 

  1. A cura das doenças depende da ação natural das energias conjugadas do homem e da terra (psicológicas e mesológicas), na reconstituição do equilíbrio das energias naturais do doente.

 

  1. A renovação de energias depende da ação conjugada dos espíritos terapeutas com o médium curador, que se põe à disposição dos espíritos para a transmissão dos fluidos energéticos através da prece e do passe.

 

  1. A eficácia do passe depende da boa vontade do médium, que se entrega humildemente à ação dos espíritos, sem perturbá-la com gesticulações excessivas, limitando-se às que os espíritos lhe sugerirem no momento.

 

  1. A ação curadora dos espíritos não é mágica nem milagrosa, está sujeita a leis naturais que regem a estrutura psicobiológica do homem. A emissão de ectoplasma do corpo do médium para o corpo do doente revela-se atualmente, nas pesquisas russas, como emissão de plasma físico acompanhado de elementos orgânicos.

 

  1. Nos casos de cura à distância, sem a presença do médium a eficácia depende das condições psicofísicas do doente, que permitem a colaboração do seu próprio organismo nas elaborações fluídicas do plasma, em conjugação com as energias espirituais dos espíritos terapeutas.

 

  1. As chamadas operações espirituais (hoje paranormais) podem realizar-se por intervenção física do médium, dominada pelo espírito que dele se serve por influenciação mediúnica no transe hipnótico. Mas a simples ação mental do médium pode produzir efeitos físicos no paciente.

 

Apesar de haver princípios na terapêutica espírita, não existe a mínima necessidade de seguir uma formalidade, como formulários que acessem a intimidade do paciente, posições ou ritos específicos, local ou data estabelecida. Os fluidos curativos espirituais atravessam paredes, obstáculos, roupas. O que não se pode é iludir ou manipular a fé ingênua das pessoas, que muitas vezes ocorre através da ação de Espíritos inferiores e mistificadores.

 

Inclusive, o professor Herculano Pires alertou para a prática terapêutica exercida por alguns: “ … a terapia espírita, nascida humildemente da prece da imposição das mãos aos doentes, segundo o ensino e o exemplo de Jesus, era transformada em ritos complicados e pretensiosos, aplicados por médiuns diplomados pelas Federações. Até mesmo as práticas confessionárias foram estabelecidas em várias instituições, a partir do mandachuva, que agia com rigorosa disciplina paramilitar” (PIRES, 1995, pg. 23).

 

O imprescindível na terapêutica espírita é haver integridade moral dos envolvidos, porque isso garante a necessária sintonia com os Espíritos Elevados (único garantidor da eficácia da terapia). A natureza moral da terapêutica espírita nada mais é do que um espelho da terapêutica exercida por Jesus no planeta Terra. O Mestre sempre agiu de forma natural e simples, sem fazer uso de nenhum tipo de ritual ou gestos espalhafatosos.

 

Pode-se dizer que existem diferentes tipos de terapias espíritas.

A prece é a primeira forma de terapia, mas não deve ser utilizada somente no processo terapêutico. A prece deve ser uma constante na vida de qualquer pessoa, pois é o elemento essencial para ligar o indivíduo à Deus, assim como à Jesus e aos Amigos Espirituais.

 

Foi esclarecido na questão 659 de O Livro dos Espíritos que “a prece é um ato de adoração a Deus. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é pôr-se em comunicação com ele. Pela prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir, agradecer” (KARDEC, 2023, pg. 250). É relevante lembrar que a prece deve ser o momento de espelhamento da alma rumo à Esfera Superior, dando o que há de mais íntimo. No Evangelho de Mateus está escrito: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está secreto; e teu Pai, que vêm em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos” (MATEUS, 6, 6-7). Essas palavras ensinam que o próprio interior da pessoa é o quarto, ou seja, ao realizar a prece, o indivíduo deve se recolher no seu íntimo e falar com Deus de forma simples e espontânea.

 

Outro modo de terapia é o passe, que é uma transfusão de energia, de elementos vivos e atuantes, que alteram o campo celular, sendo recurso fundamental para a harmonização energética do perispírito. No passe espírita ocorre a mistura da energia do passista (o médium que aplica o passe) com a energia Espiritualidade, onde seus efeitos são muito salutares, pois conta com a ajuda de Equipes Espirituais que se encontram na Casa Espírita.

 

Basicamente, o passe age de três formas distintas: 1) assepsia – limpando o campo vibratório do paciente para o recebimento de energias salutares, facilitando maior absorção dessas energias; 2) revitalização – compondo as energias perdidas; 3) dispersante – eliminando os excessos e distribuindo de igual maneira os fluidos doados ao longo do campo vibratório e por todos os centros de força.

 

A terceira terapêutica espírita é a água magnetizada ou fluidificada, que é a água magnetizada por fluidos medicamentosos através do ambiente ou da ação direta dos Espíritos Benfeitores. Ainda que não seja possível ver as energias benéficas da água fluidificada, elas são transportadas pela substância (água) para o paciente, visando o restabelecimento do corpo e do Espírito.

 

Um quarto tipo de terapia é o atendimento fraterno, realizado pelos Centros Espíritas, acolhendo o paciente e dando-lhe a oportunidade de expor livremente suas dificuldades, anseios, medos, sempre em caráter privado e sigiloso. O acolhimento fraterno é estritamente realizado dentro dos princípios do Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita, fornecendo breves orientações evangélico-doutrinárias e recursos espirituais. Não se deve confundir o atendimento fraterno com o atendimento mediúnico; apesar de poder ser exercido pelo médium, no atendimento fraterno não há assistência espiritual exercida pelo atendente.

 

O quinto tipo terapêutico é o estudo da Doutrina Espírita e as palestras públicas, que têm como objetivo fundamental estudar o Espiritismo de forma séria, regular e contínua, com base nas obras de Allan Kardec e o Evangelho de Jesus, conforme foi prometido pelo Mestre, em sua passagem na terra: “Se me amais, guardai os meus mandamentos; e Eu rogarei a meu Pai, e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito” (JOÃO, 14, 15-17, 26).

 

A busca pelo conhecimento pode ser ampliada com o estudo de obras de outros autores, como Léon Denis, Emmanuel, Joanna de Ângelis, Yvonne do Amaral Pereira e tantos outros que contribuíram para o enriquecimento da Doutrina Espírita, assim como os novos autores que vêm despontando e trazendo estudos e obras de imensa valia.

 

É importante ressaltar que o estudo e a prática da Doutrina Espírita é o elemento mais poderoso e eficaz de uma terapia espírita, porque para a eficácia do tratamento é necessária a mudança moral do indivíduo. Não é viável alcançar qualquer tipo de cura se a pessoa não está disposta a realizar sua reforma íntima.

 

É primordial lembrar que Jesus pertence a uma comunidade de Espíritos Superiores que conduzem o planeta Terra, cumprindo a vontade de Deus. Esses Espíritos possuem poderes curativos, como fez o Mestre quando encarnado. Um bom exemplo de coordenação dos Espíritos Superiores sobre um atendimento espiritual foi a parceria com o bondoso médico Dr. Bezerra de Menezes, que socorreu inúmeros doentes.

 

A cura é resultado dos méritos de cada pessoa, dos seus esforços pessoais e do próprio desenvolvimento espiritual. Sendo assim, muitas curas frustradas são resultadas das ações (do passado e do presente) de cada indivíduo. A terapia espírita é um auxílio proporcional a capacidade de cada pessoa em recebê-la.

           

Ao trabalhar a tão falada “reforma íntima”, é essencial lembrar que a vida terrena é um breve momento, por isso o apego material deve ser definitivamente abolido. A caridade e solidariedade são instrumentos de grande ajuda, não há dúvidas, mas ainda não alcança o sucesso. É imprescindível que busquemos a vivência de Jesus, sem interesse, sem orgulho, sem vaidade. O objetivo é “sermos o Mestre” através de seus ensinamentos, único caminho de evolução espiritual.

 

É fundamental ressaltar que as doenças podem ser cuidadas através de terapias espíritas, entretanto, as terapias humanas não podem, jamais, ser ignoradas ou rechaçadas.

 

A Medicina na Terra representa a misericórdia de Deus, que possibilita recursos para combater o sofrimento humano. Como Pai amoroso, auxilia e orienta no progresso da Medicina, sob inspiração dos Espíritos Superiores. Os laboratórios científicos são verdadeiros templos de Deus, em que Espíritos e homens trabalham em conjunto.

 

No livro O Consolador, Emmanuel explica como a Medicina terrena é considerada no Plano Superior: “A medicina humana, compreendida e aplicada dentro de suas finalidades superiores, constitui uma nobre missão espiritual. O médico honesto e sincero, amigo da verdade e dedicado ao bem é um apóstolo da Providência Divina, da qual recebe a precisa assistência e inspiração, sejam quais forem os princípios religiosos por ele esposados na vida” (XAVIER, 2017, pg. 69).

 

O homem deve mobilizar todos os recursos ao seu alcance em favor do seu equilíbrio orgânico. Por muito tempo ainda, a humanidade não poderá prescindir da contribuição do clínico, do cirurgião e do farmacêutico, missionários do bem coletivo. O homem tratará da saúde do corpo, até que aprenda a preservá-lo e defendê-lo, conservando a preciosa saúde da alma. Acima de tudo, temos de reconhecer que os serviços de defesa das energias orgânicas, nos processos humanos, como atualmente se verificam, asseguram a estabilidade de uma grande oficina de esforços santificadores no mundo. Quando, porém, o homem espiritual dominar o homem físico, os elementos medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos recursos psíquicos e essa grande oficina achar-se-á elevada a santuário de forças e possibilidades espirituais junto das almas” (XAVIER, 2017, pg. 70-71).

 

Deus ensinou e orientou todos os tratamentos humanos para que as pessoas tivessem acesso a cura pelas terapias terrenas, por isso, desprezar tratamentos médicos convencionais é depreciar um Presente Divino.

 

Por fim, se salienta que em alguns casos não é possível atingir a cura, seja através de tratamentos médicos convencionais, mesmo em concomitância com as terapias espirituais, pois a própria doença é a cura, como ensinou Emmanuel: “Para o homem da Terra, a saúde pode significar o equilíbrio perfeito dos órgãos materiais; para o plano espiritual, todavia, a saúde é a perfeita harmonia da alma, para obtenção da qual, muitas vezes, há necessidade da contribuição preciosa das moléstias e deficiências transitórias da Terra” (XAVIER, 2017, pg. 69).

Fonte: Letra Espírita

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Referências

DICIONÁRIO MICHAELIS. Terapia. Disponível em https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/terapia/. Acesso em 07 de março de 2023, às 23:10.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução Guillon Ribeiro. 1ª ed. Campos de Goytacazes-RJ: Editora Letra Espírita, 2022.

PIRES, Herculano J. Ciência Espírita e suas implicações terapêuticas, 5ª ed. São Paulo: U.S.E., 1995.

XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 29ª ed. Brasília: FEB, 2017.

XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e vida, pelo Espírito Emmanuel. 4ª ed. Brasília: FEB, 1975.

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Como Dom Pedro II conheceu Jesus

UMA HISTÓRIA SURPREENDENTE

Existem pouquíssimos relatos acerca da vida do soldado romano que perfurou Jesus. O seu nome era Longinus.

 

Ele tinha um problema ocular no qual dificultava sua visão, e para que ninguém soubesse do seu problema de visão, e nem colocá-lo para fora do exército romano, ele procurava lutar sem medo e com destreza tinha força e velocidade em sua lança.

 

E com o passar do tempo, perto de se aposentar, foi enviado para Jerusalém para designar seu último serviço como comandante de guarda. Seu nome Longinus é derivado do grego que significa “uma lança”, é referido como tendo sido o soldado romano que perfurou Jesus com uma lança (Jo 19,34), ou como o centurião que, na crucificação, reconheceu Jesus como “o filho de Deus” (Mt 27,54; Mc 15,39; Lc 23,47)

 

Durante o percurso do calvário Longinus escutou alguns homens do Sinédrio comentar que os joelhos de Jesus deveriam serem quebrados, pois, as profecias diziam que o messias não teria nenhum osso quebrado (Salmo34:20 – Êxodo12:46), e também pelo fato de que ao pôr do sol iria iniciar-se o Shabat, para que os corpos dos condenados não profanassem o dia santo, assim os seus joelhos deveriam serem quebrados para apressar a morte e para que a profecia não fosse cumprida.

 

Longinus escutando tal conversa articulada contra um homem humilde, já com o corpo abatido, e sem ter realizado nenhuma reclamação ou revolta estando em tal situação.

 

Então, no momento de quebrarem os joelhos dos crucificados, Longinus vai até Jesus, e assim para comprovar-lhe o óbito sem a necessidade dos seus joelhos serem quebrados como queria o Sinédrio, perfurou-lhe o corpo com uma lança. O líquido saído do corpo de Jesus bateu nos olhos do Longinus, curando-o instantaneamente da sua grave doença ocular, e também o curando na alma, pois atribui-se a ele as palavras de um soldado presente na hora da morte de Jesus:

 

“Verdadeiramente este homem era o filho de Deus.” Depois desse fato Longinus converteu-se e abandonou o exército romano.

 

Após abandonar o exército romano por causa de sua conversão, Longinus fugiu para Cesárea e, depois, Capadócia, na atual Turquia.

 

Mas, foi descoberto pelo Governador da Capadócia e denunciado a Pôncio Pilatos. No processo, foi acusado de desertor e condenado a pena de morte. Se ele renunciasse à sua fé em Jesus Cristo seria perdoado. Mas, ele se manteve firme e não renegou Jesus. Por isso, foi torturado, teve seus dentes arrancados e sua língua cortada. Depois, foi decapitado.

 

Longinus foi canonizado santo pela Igreja Católica no ano de 999, pelo Papa Silvestre II. tendo recebido o nome de São Longuinho.

 

Depois desta vida, Longinus reencarnou várias vezes, a última sendo como o imperador Dom Pedro II.

 

Definitivamente proclamada a independência do Brasil, o guia espiritual do Brasil, Ismael, leva a Jesus o relato de todas as conquistas verificadas, solicitando o amparo do seu coração compassivo e misericordioso para a organização política e social do Brasil.

 

Corriam os primeiros messes de 1824, encontrando-se a emancipação do país mais ou menos consolidada perante a metrópole portuguesa. Os estadistas topavam com dificuldades para a organização estatal da terra do Cruzeiro. A constituição, depois de calorosos debates e dos famosos incidentes dos Andradas, incidentes que haviam terminado com a dissolução da Assembleia Constituinte e com o exílio desses notáveis brasileiros, só fora aclamada e jurada, justamente naquela época, a 25 de março de 1824.

 

Nesse dia, findava a mais difícil de todas as etapas da independência e o coração inquieto do primeiro imperador podia gabar-se de haver refletido, muitas vezes, naqueles dias turbulentos, os ditames dos emissários invisíveis, que revestiram as suas energias de novas claridades, para o formal desempenho da sua tarefa nos primeiros anos de liberdade da pátria.

 

Recebendo as confidencias de Ismael, que apelava para a sua misericórdia infinita, considerou o Senhor a necessidade de polarizar as atividades do Brasil num centro de exemplos e de virtudes, para modelo geral de todos. Assim, Jesus chamou Longinus à sua presença, e falou com bondade:

 

– Longinus, entre as nações do orbe terrestre, organizei o Brasil como coração do mundo. Minha assistência misericordiosa tem velado constantemente pelos seus destinos e, inspirado a Ismael e seus companheiros do Infinito, consegui evitar que a pilhagem das nações ricas e poderosas fragmentasse o seu vasto território, cuja configuração geográfica representa o órgão do sentimento no planeta, como um coração que deverá pulsar pela paz indestrutível e pela solidariedade coletiva e cuja evolução terá de dispensar, logicamente, a presença continua dos meus emissários para a solução dos seus problemas de ordem geral. Bem sabes que os povos tem a sua maioridade, como os indivíduos, e se bem não os percam de vista os gênios tutelares do mundo espiritual, faz-se mister se lhes outorgue toda a liberdade de ação, a fim de aferirmos o aproveitamento das lições que lhes foram prodigalizadas. Sente-se o teu coração com a necessária fortaleza para cumprir uma grande missão na Pátria do Evangelho?”

 

– Senhor – respondeu Longinus, num misto de expectativa angustiosa e de refletida esperança – bem conheceis o meu elevado propósito de aprender as vossas lições divinas e de servir à causa das vossas verdades sublimes, na face triste da Terra. Muitas existências de dor tenho voluntariamente experimentado, para gravar no íntimo do meu espírito a compreensão do vosso amor infinito, que não pude entender ao pé da cruz dos vossos martírios no Calvário, em razão dos espinhos da vaidade e da impenitência, que sufocam, naquele tempo, a minha alma. Assim, é com indizível alegria, Senhor, que receberei vossa incumbência para trabalhar na terra generosa, onde se encontra a árvore magnânima da vossa inesgotável misericórdia. Seja qual for o gênero de serviço que me forem confiados, acolherei as vossas determinações como um sagrado ministério.

 

– Pois bem – redarguiu Jesus com grande piedade – essa missão, se for bem cumprida por ti, constituirá a tua última romagem pelo planeta escuro da dor e do esquecimento. A tua tarefa será daquelas que requerem o máximo de renúncias e devotamentos.

 

Serás imperador do Brasil, até que ele atinja a sua perfeita maioridade, como nação. Concentrarás o poder e a autoridade para beneficiar a todos os seus filhos. Não é preciso encarecer aos teus olhos a delicadeza e sublimidade desse mandato, porque os reis terrestres, quando bem compenetrados das suas elevadas obrigações diante das leis divinas, sentem nas suas efêmeras um peso maior que o das algemas dos forçados.

 

A autoridade, como a riqueza, é um patrimônio terrível para os espíritos dos seus grandes deveres. Dos teus esforços se exigirá de meio século de lutas e dedicações permanentes. Inspirarei as tuas atividades; mas, considera sempre a responsabilidade que permanecerá nas tuas mãos. Ampara os fracos e os desvalidos, corrige as leis despóticas e inaugura um novo período de progresso moral para o povo das terras do Cruzeiro. Institui, por toda parte do continente, o regime do respeito e da paz, e lembra-te da prudência e da fraternidade que deverá manter o país nas suas relações com as nacionalidades vizinhas.

 

Nas lutas internacionais, guarda a tua espada na bainha e espera o pronunciamento da minha justiça, que surgirá sempre, no momento oportuno. Fisicamente consideradas, todas as nações constituem o patrimônio comum da humanidade e, se algum dia for o Brasil menosprezado, saberei providenciar para que sejam devidamente restabelecidos os princípios da justiça e da fraternidade universal.

 

Procura aliviar os padecimentos daqueles que sofrem nos martírios do cativeiro, cuja abolição se verificará nos últimos tempos do teu reinado. Tuas lides terminarão ao fim deste século, e não deves esperar a gratidão dos teus contemporâneos; ao fim delas, serás alijado da tua posição por aqueles mesmos a quem proporcionares os elementos de cultura e liberdade. As mãos aduladoras, que buscarem a proteção das tuas, voltarão aos teus palácios transitórios, para assinar o decreto da tua expulsão do solo abençoado, onde semearás o respeito e a honra, o amor e o dever, com lágrimas redentoras dos teus sacrifícios. Contudo, amparar-te-ei o coração nos angustiosos transes do teu último resgate, no planeta das sombras.

 

Nos dias da amargura final, minha luz descerá sobre os teus cabelos brancos, santificando a tua morte. Conserva as tuas esperanças na minha misericórdia, porque se observares as minhas recomendações, não cairá uma gota de sangue no instante amargo em que experimentares o teu coração igualmente trespassado pelo gládio da ingratidão. A posteridade, porém, saberá descobrir as marcas dos teus passos na Terra, para se firmar no roteiro da paz e da missão evangélica do Brasil.

 

Longinus recebeu com humildade a designação de Jesus, implorando o socorro de suas inspirações divinas para a grande tarefa do trono.

 

Ele nasceria no ramo enfermo da família dos Braganças; mas, todas as enfermidades tem na alma as suas raízes profundas.

 

Foi assim que Longinus preparou a sua volta à Terra, depois de outras existências tecidas de abnegações edificantes em favor da humanidade, e, no dia 2 de dezembro de 1825, no Rio de janeiro, nascia de Dona Leopoldina, esposa de D. Pedro, aquele que seria no Brasil o grande imperador e que, na expressão dos seus próprios adversários, seria “o maior de todos os republicanos de sua pátria.”

 

No fim da sua vida, D. Pedro II, que já houvera perdido a esposa, que estava abandonado, esquecido, num modesto quarto de hotel, longe da pátria e dos amigos protegidos pelo boníssimo monarca. Mas tudo isso não conseguia “turva-lhe a majestática serenidade de ânimo” e apenas levou-o a mandar buscar do Brasil um caixotinho de terra, talvez da mesma terra da sua vivenda em Petrópolis; só a uns dois ou três amigos íntimos revelou o motivo daquela encomenda, que era: repousar a cabeça depois de morto! Sendo este o conteúdo do seu belíssimo e perfeito soneto: Terra do Brasil.

 

Depois, alquebrado pela moléstia e pela velhice, expulso da pátria como um réprobo, privado de tudo quanto amava, no modestíssimo Hotel Bedford, à rua de l’Arcade, 17, em paris, faleceu o ex-imperador do Brasil a 5 de dezembro de 1891. Suas derradeiras palavras foram estas: “Nunca me esqueci do Brasil. Morro pensando nele. Deus o proteja.”

 

Fonte: Livro – Brasil, Coração do Mundo – Pátria do Evangelho. Pelo espírito Humberto de Campos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro – Chico Xavier D. Pedro II e o Brasil. De Walter José Faé / Luiz Pimenta

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Mediunidade Intuitiva

Por Jader Sampaio

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Sábado à tarde. Um pedido de orientação me fez chegar mais cedo ao Célia Xavier. A jovem não havia entrado em detalhes, apenas queria conversar sobre mediunidade. A pergunta era: como eu posso ter certeza que sou médium?

 

Se fosse uma mediunidade de vidência ou audiência, a pergunta seria: será que eu não sou louca? Mas tratava-se de uma mediunidade que Kardec classifica como intuitiva.

 

Mediunidade intuitiva é uma classificação que cabe em uma gama diversa de manifestações. Embora Kardec estivesse tratando de médiuns escreventes quando tocou no assunto (O Livro dos Médiuns, cap. XV.), sua definição se aplica também a médiuns falantes, de pressentimentos, pintores, entre outros.

 

A descrição da faculdade é simples. O médium percebe o conteúdo do que vai escrever ou falar antes do fenômeno acontecer, e movimenta o lápis ou a garganta de vontade própria. Como não há nenhuma interferência do espírito comunicante nas vias motoras do médium, não há mudança de caligrafia ou de entonação de voz, a menos que o médium assim o deseje (e o faça por conta própria, muitas vezes para se sentir mais seguro).

 

O problema dos médiuns intuitivos é a distinção entre seus próprios pensamentos e os pensamentos oriundos dos espíritos. Há faculdades em que a percepção dos espíritos é nítida e semelhante à percepção dos órgãos dos sentidos. O mesmo não se dá com a intuição. O médium tem razões para crer que o pensamento não foi criado por ele, mas também não sente segurança para afirmar que é oriundo de um espírito, e em caso afirmativo, hesita quanto à fidelidade do que está escrevendo.

 

A mediunidade intuitiva é um conjunto de sugestões espirituais registradas pelo pensamento/sentimento do intermediário que é traduzido, interpretado e registrado por ele.

 

Para se ter noção da precariedade da comunicação intuitiva, faça uma vivência. Peça a um amigo para lhe contar, sem citar nomes, um episódio que aconteceu com ele, em ritmo de narrativa, pegue um lápis e vá anotando da forma possível o que ele diz. Compare o resultado final com uma gravação daquilo que ele narrou. Como se saiu?

 

Imagine agora uma situação em que você não é capaz de ouvir claramente, em que as idéias são percebidas com dificuldade, é necessário manter a concentração sobre o conteúdo, sem dispersar-se e as suas próprias emoções alteram a comunicação com a fonte. Estas são algumas das dificuldades deste tipo de mediunidade.

 

Kardec estava atento a este tipo de situações quando escreveu sobre o assunto. Acostumado a trabalhar com médiuns mecânicos e semimecânicos, ele assim se refere à mediunidade intuitiva:

 

“Efetivamente, a distinção é às vezes difícil de fazer-se. (…)”

 

Uma observação que Kardec faz quanto ao mecanismo desta faculdade é o que se pode chamar de criação simultânea. O médium não cria o texto em sua mente e organiza as idéias para, a seguir, redigir. O pensamento “nasce à medida que a escrita vai sendo traçada e, amiúde, é contrário à idéia que antecipadamente se formara. Pode mesmo estar fora dos limites dos conhecimentos e capacidades do médium”. (O Livro dos Médiuns, parágrafo 180)

 

Quatro elementos identificadores se encontram, portanto, no texto kardequiano: a falta de impulsos mecânicos, a voluntariedade da escrita mediúnica, a criação simultânea das idéias do texto e a presença de conhecimentos e informações que podem estar além das capacidades do médium.

 

Mesmo encontrando estas quatro características (e a última é muito importante para a identificação de um médium intuitivo), ainda assim o produto desta mediunidade é passível de mescla com as idéias pessoais do intermediário. Isto fez com que os espíritos dissessem a Kardec a seguinte frase sobre os médiuns intuitivos:

 

“São muito comuns, mas muito sujeitos a erro, por não poderem, muitas vezes, discernir o que provêm dos Espíritos e o que deles próprios emana”. (O Livro dos Médiuns, parágrafo 191)

 

Este tipo de faculdade desaponta bastante os que desejam ver fenômenos definitivos, que dão evidências da vida após a morte. Parece-se com o garimpo manual, descarta-se muita areia para encontrar uma ou outra pepita de ouro verdadeiro. O curioso é que os céticos ficam a dizer: “só vejo areia”, e quando surge o ouro vociferam “quem sabe este charlatão não o colocou aí quando nos distraímos”.

 

Eu expliquei aos poucos estas informações à jovem, que me pareceu um pouco desapontada no final da conversa. Talvez ela tenha sido incentivada a escrever o que lhe ocorria, mas não tenha surgido nada em seu texto que atenda ao quarto critério de Kardec. Tudo indica que continuou em dúvida.

 

Com o surgimento da Psicologia Analítica, a distinção entre mediunidade intuitiva e animismo ficou ainda mais difícil. Jung afirmou que alguns fenômenos psicológicos nos quais a pessoa se sente um expectador, são frutos da fantasia ou da imaginação ativa; esta última, uma manifestação de arquétipos do inconsciente coletivo, mas isto é assunto para um outro artigo.

 

Jader Sampaio

Fonte: Espiritismo Comentado

 

Comentários:

Kbrito, 10 janeiro, 2009

Sem dúvida a distinção entre a mediunidade intuitiva e uma manifestação anímica é muito difícil. Creio que acima de tudo, devemos observar o fruto da intuição, se é algo bom, proveitoso, pouco importa a fonte se anímica ou mediúnica.

 

Responder

Anônimo, 12 janeiro, 2009

Concordo com o comentário feito por Kbrito.

Mesmo que não seja possível identificar se uma mensagem seja fruto das nossas conclusões ou das de um desencarnado, o que vale nisso tudo é o “conteúdo”.

Se é elevado, se possui uma finalidade… então é válido, tornando-se secundário se foi iniciativa de um desencarnado ou não.

Isso nos lembra uma questão no Livro dos Espíritos, não me recordo o número. Se o pensamento é bom, de caráter elevado… já não importa tanto se é nosso ou de um Espírito.

E a bem da verdade, é que o “intercâmbio” com a espiritualidade ocorre o tempo todo, que nem sequer nos damos conta.

O importante é que sintonizemos com o que seja saudável… para que o intercâmbio aconteça com a espiritualidade superior… Não é verdade?!

Fernanda

 

Respostas

Anônimo, 03 março, 2023

“Que importa aquele que produz o bem, desde que o bem seja produzido?” Um filósofo do outro mundo.

– Revista Espírita 1863 / junho >> Dissertações espíritas

– O futuro do Espiritismo

 

Anônimo, 14 julho, 2013

Caros, postando dois anos após o texto original. Mas, o que são dois anos.? ..rs… Estejamos em paz!

 

Complementando as frases de Kardec no livro dos médiuns.

 

“Efetivamente, a distinção é as vezes difícil de fazer-se, porém, pode acontecer que isto pouca importância apresente. Todavia, é possível reconhecer-se o pensamento sugerido, por não ser nunca pré-concebido; nasce a medida que a escrita vai sendo traçada e, amiúde, é contrário à idéia que antecipadamente se formara. (cap. XV).

 

“Tendo consciência do que escreve, o médium é naturalmente levado a duvidar da sua faculdade; não sabe se o que lhe sai do lápis vem do seu próprio, ou de outro espírito. Não tem absolutamente que se preocupar com isso e, nada obstante, deve prosseguir. Se se observar a si mesmo com atenção, facilmente descobrirá no que escreve uma porção de coisas que lhe não passavam pela mente e que são contrárias às suas idéias, prova evidente que tais coisas não provem do seu Espírito.”

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O Fracasso das Relações

O Fracasso das Relações pode estar no Excesso de Perdão

Trabalho há algum tempo no atendimento fraterno de um Centro Espírita em Salvador e observo que um dos grandes desafios do ser humano é perdoar.

Pessoas chegam ao Centro Espírita acabrunhadas, irritadas, magoadas e até mesmo com ódio em seus corações.

E o mais grave: o objeto desses nefastos sentimentos são as pessoas mais próximas: pai, mãe, marido, esposa, irmão, primo, chefe ou colegas de trabalho.

Bom, de fato, perdoar não é tarefa fácil.

Por isso proponho o oposto: não perdoar!

Isso mesmo, deixar um pouco de lado essa conversa de perdão.

Perdoar demais, todos os dias, ininterruptamente, pode não ser uma boa coisa.

Como assim? É de espantar, não é mesmo?

Porém, reafirmo: perdoar, constantemente, não é nada bom.

E sabe por quê?

Simples.

Quem muito perdoa é porque muito se ofende.

E, convenhamos, ofender-se demais não é bom.

Tem gente que se ofende por tudo, na menor contrariedade fecha a cara, faz bico, passa dias e dias sem conversar com o outro, chantageia, não liga no aniversário, exclui das redes sociais, forçando-o, não raro, a pedir perdão por querelas ou por situações que não houve nada mais sério.

E quem suporta uma vida assim, pesada, densa, recheada de cobranças e de arrepiadores porquês?

Por que você não fez isso? Por que deixou de fazer aquilo? Por que disse isso?

Por quê? Por quê? Por quê?

E cobra, de forma explícita ou implícita, a retratação do outro, gerando desgastes desnecessários.

A vida já é, por si só, repleta de situações que nos deixam tensos, imagine então receber, todos os dias, rajadas de cobrança lançadas pelo cônjuge, pais, amigos, filhos e etc.

O ideal é viver mais leve, utilizando-se da compreensão.

A equação é esta:

Compreender mais e ofender-se menos é igual a zero perdão.

Há um déficit de realidade que necessita ser trabalhado para que não fiquemos, a todo tempo, sentindo-nos ofendidos pelas pisadas na bola do outro.

Então, faz-se, fundamental, entendermos o local onde estamos.

E onde estamos? No planeta Terra, orbe de provas e expiações, habitado por Espíritos ainda muito limitados, que buscam por meio das provas reencarnatórias, evoluir em direção ao Pai.

O que quero dizer com isso?

Quero dizer o seguinte: errarão com você, pode ter certeza. Chegarão atrasados em compromissos vez ou outra, ou vez em sempre, falarão coisas que você não aprecia, pisarão em seu pé ao dançar, reclamarão de sua mãe, não escutarão quando você quer conversar, enfim, farão muitas coisas que você não gosta, porém utilize o conhecimento para safar-se da irritação.

Lembre-se: estamos num planeta de provas e expiações; seu companheiro, chefe, amigo, familiar, seja lá quem for, assim como você, não é perfeito, logo, irá errar um bocado.

Viva leve e deixe o perdão para as grandes questões. Até porque perdoar muito, cansa e chegará o momento que de tanto sentir-se ofendido pelos pequenos tropeços do outro você não mais o perdoará, e poderá deixar escorrer pelas mãos um relacionamento bacana, que tem suas dificuldades, mas que lhe proporciona doses de alegria.

E já que falamos para deixar o perdão para as grandes questões, recordo-me de uma amiga que flagrou o marido em adultério.

Situação complicada, tensa.

De início ela optou pela separação. Ele ficou arrasado. Todos os dias aparecia no trabalho dela pedindo para que reconsiderasse e o perdoasse.

Ela parecia decidida a não perdoar. Mas eis que uns 2 meses depois a vi com a aliança no dedo novamente. A amiga percebeu meu olhar e explicou:

Ah, coloquei tudo numa balança e pesei. Ele, marido carinhoso, pai desvelado, ótimo companheiro e, mais importante, réu primário, merecia o perdão, aliás, não apenas ele, mas eu também merecia perdoar para, enfim, reviver.

Foi um dos momentos mais emocionantes que pude presenciar.

Eis o perdão bem aplicado, o perdão para as grandes questões, pois naquelas ditas “pequenas” não vale a pena gastar “cartucho”.

Dessa forma, melhor que perdoar, é não se ofender.

Pensemos nisso, reflitamos e, mais importante, sejamos felizes!

 

Wellington Balbo

Fonte: Associação Espírita Allan Kardec

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Legião

O cronista diletante, antes de escrever qualquer assunto que se distancia de suas digressões, é, antes de tudo, um leitor. E não é para menos. Nos momentos em que percorre temas tão diferentes do seu cotidiano sente a necessidade não só de ler, mas também pesquisar e estudar. Ao colocar o título desta crônica percebeu, logo de início, que não bastaria falar, como por exemplo, da “legião francesa”. A legião de que se fala agora é das legiões existentes desde os tempos imemoriais. Para entender, é de transcendental importância um exame profundo da Doutrina Espírita.

 

Vejamos: O evangelista Marcos, no cap. 5:9, que trata das Legiões, permitiu que o Espírito de Amélia Rodrigues fizesse esclarecedora análise do tema ora em comento. Aliás, entende este subscritor que a vida em sociedade, nos tempos de agora, exibe paradoxos estranhos, pois, se por um lado há um desfrute de comodidades, por outro há escassez de produtos básicos e de sobrevivência que assolam a humanidade como um todo. Observa-se que as nações conscientes da calamidade que contamina a todos, procurando recursos nas ciências para contornar os problemas que são sérios, nos bastidores, permitem a leniência com os fatos absurdos de corrupção e da desordem generalizada, promovendo a degradação dos bons costumes, da moral e da ética visando à extinção da família.

 

Governantes de todas as hierarquias não querem assumir serem eles próprios os autores dessas pragas que são divulgadas sob o pomposo título de pandemia, epidemia ou de calamidade pública que se espalham por todas as direções do planeta.

 

“Quando Jesus perguntou ao representante do mal qual era o seu nome ele respondeu: LEGIÃO é meu nome, porque somos muitos”, ou seja, representava ali a maioria esmagadora e personificava também a massa ampliada das intenções inferiores e criminosas.” (Evangelho segundo Marcos, 5:9; Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, Ed. FEB/2013 pg. 65.)

 

Por certo não haverá necessidade de se recorrer aos primórdios da História do mundo para a confirmação de que homens que ostentaram o poder e a governança incentivando as lutas fratricidas nada ensinaram de bom para as gerações futuras, exceto estratégias e artimanhas de destruição. A sementeira das artes, da cultura, das ciências e da ética, em milhares de anos de Civilização, quer nos parecer hoje resultar numa colheita de fracassos para os governados de agora. Basta um olhar retrospectivo nos últimos 523 anos de Brasil sendo que a manutenção de política escravista perdurou por mais de 388 anos e não foi só, as guerras defensivas contra as invasões e outras externas (Guerra do Paraguai – 1864-1870); 2ª Guerra Mundial com a Força Expedicionária Brasileira (1942-1945) para a defesa das liberdades democráticas e são constantes até os nossos dias.

 

Reis e governantes com suas ações em verdadeiro despotismo e outras infrações aos direitos fundamentais da pessoa humana estão presentes com o mesmo objetivo das LEGIÕES de que fala o evangelista.

 

A manutenção do poder pelos governantes de agora está alicerçada no medo. Medo que os faz se impor às multidões, exatamente em face da previsão de uma reação destas diante das injustiças e do descaso das necessidades de quem trabalha para sustentá-los nas opulências e nos excessos. Usam do artifício da mentira apoiados na falsa ciência, cientes da ignorância e atraso das classes dominadas pela pobreza.

 

São os recursos usados pela LEGIÃO de egoístas e malfeitores, inspirados por outra LEGIÃO, aquela dos espíritos que habitam as profundezas das trevas no mundo invisível. Intrigas e conchavos entre Partidos e Políticos inundam o mundo conturbado em que vivemos. Veículos de comunicação que deveriam estar voltados para a grandeza do futuro da chamada “aldeia global” dos homens somente divulgam as sombras que dominam a atualidade, inundando o lar de Medo e Insegurança.

 

Estamos assistindo pacificamente serem quebrados ou simplesmente violados programas de colaboração entre as Nações com reflexos na administração interna. Os mais pessimistas alertam para aquela luta fratricida dos primeiros tempos da humanidade. Partidários do otimismo, não tendo o que sugerir, ficam calados vencidos pelo medo.

 

Os Legionários de agora, a título de propagação do bem, em especial da saúde pública, assumindo os plenos poderes dos mais famosos déspotas de todos os tempos, impõem suas regras ao povo, cassando a bel talante a liberdade desse mesmo povo, amenizando-a em doses homeopáticas. Amparando, como sempre o fizeram, as classes sociais mais altas, deixando aos demais um salve-se quem puder, e assim mesmo submetendo-os às duras sanções administrativas e/ou penais.

 

Na leitura do livro Quando a Primavera Voltar, do Espírito Amélia Rodrigues, psicografado por Divaldo P. Franco, Ed. Alvorada, 1977, Salvador-BA, “sentimos o renascer da Esperança em dias festivos, primaveris porque o Criador do Universo a tudo vê, tudo permite, mas um dia Ele dirá: ‘Agora BASTA’”.

 

Com esse pensamento de esperança na intervenção do Senhor que a tudo vê e provê, aguardamos que as poderosas LEGIÕES do Amor e da Justiça Divina venham socorrer as legiões de criaturas cansadas de nosso Planeta Azul que já estão saindo da infância espiritual, para receberem o título de maioridade moral a que todos somos fadados.

 

Roque Roberto Pires de Carvalho

Fonte: Espiritismo na Rede

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